DETROIT FALIU!

Por WENERSON SOUSA COSTA | 19/06/2018 | Direito

Detroit ficou conhecida como um grande núcleo de produção automobilística e teve seu apogeu na década de 50, as principais montadoras americanas (GM, Chrysler e Ford) tinham grande participação no mercado nacional e internacional transformando assim a cidade em um dos centros mais promissores da América. Acompanhando esse desenvolvimento as empresas passaram a ter uma participação muito forte na economia e também nas decisões políticas do município, fato que culminou em uma série de pedidos atendidos pelas empresas, por sua vez, os sindicatos passaram a ser cada vez mais exigentes em suas reivindicações (pagamentos de salários maiores e pensões vitalícias vorazes), obrigando o poder público municipal a ser cada vez mais flexível aos pedidos dos trabalhadores. Ao mesmo tempo em que a política do munícipio cedeu e parou no tempo diante de tantas imposições, certa miopia dos proprietários das três principais montadoras ali instaladas iria ser um fator crucial para a devastação econômica que esta cidade estava para sofrer, o avanço de outras montadoras (principalmente as asiáticas) com uma série de inovações econômicas e tecnológicas acabaria transformando os “poderosos carrões americanos” em máquinas antiquadas e “beberronas”, o mundo estava agora em globalização, estava menor, a velocidade estava maior em tudo, na economia, na comunicação, na produção e principalmente na inovação, somente Detroit parecia estar parada no tempo.

Da mesma forma que sua produção econômica entrava em decadência, a máquina municipal sofria as consequências disso, acompanhando a crise de suas montadoras vieram o desemprego e as altíssimas taxas de criminalidade, em 2009 registrou 345 assassinatos (358% a mais que a média de grandes cidades americanas), segundo dados do site cityrating.com e 30.372 roubos no ano, segundo a mesma fonte. Na proporção é, respectivamente, seis vezes mais que o dobro do que acontece em Nova York. Segundo dados do FBI, em 2010 a taxa de crimes violentos era de 1.111 por 100.000 habitantes, a polícia levava 58 minutos para atender a um chamado de emergência (a média nacional são 11 minutos), diante disso o percentual de crimes violentos chegaria a ser o maior do país (entre as cidades de mais de 200.000 habitantes). (GLOBO, 2013)

Os dados são alarmantes: “Em Detroit proliferam e competem quadrilhas de todos os tamanhos”, diz Megan Wofram, analista da empresa de avaliação de riscos iJet Intelligent. E tem claro, a crise econômica. Em novembro de 2011, 28% dos moradores de Detroit estavam sem emprego. Cerca de 50.000 famílias foram despejadas de suas casas por não conseguirem pagar as hipotecas, um dos maiores índices no país. Apenas 58% dos estudantes conseguem terminar o segundo grau. Quase 10% das famílias atualmente vivem abaixo da linha da pobreza. Com o resultado de tanta pressão, mais gente morre do coração ali por mil habitantes do que em Los Angeles ou Atlanta. (NASCIMENTO, 2012, p.18)

Quem visita Detroit atualmente afirma que o cenário é desolador. Um passeio em bairros residenciais lembra Nova Orleans depois do furacão Katrina. Existem casas abandonadas em toda a parte, a maioria foi ocupada por drogados. Segundo estimativas, são cerca de 40 mil casas vazias na cidade. Muitas foram saqueadas por ladrões, mas elas continuam lá, pois o município não tem dinheiro para demoli-las – custam US$ 10 mil para derrubar cada uma. Alguns moradores assumiram o serviço e queimam as casas, para que não sejam ocupadas por ladrões ou viciados em drogas. Muitas das pessoas entrevistadas não têm dentes, gente sem emprego, sem assistência médica, sem acesso a dentista. A cidade encolheu junto com a indústria automobilística. No apogeu das Três Grandes, nos anos 50, Detroit tinha 1,8 milhão de habitantes. Hoje, não passa da metade – são 916 mil pessoas, das quais 80% são negros. Da mesma maneira, a participação da Chrysler, Ford e GM no mercado americano passou de 90% nos anos 50 para cerca de 48% hoje. (ISTO E, 2013)

Para Alexandre Borges, diretor do Instituto Liberal, a decadência de Detroit está diretamente relacionada ao modelo adotado pelas sucessivas administrações do Partido Democrata, ele argumenta que o modelo seguido por eles, concedia privilégios demais aos trabalhadores e criava uma administração pública grande e burocratizada, isso acabou por condenar a cidade à decadência econômica.

O modelo seguido pelos democratas, também adotado pelos partidos socialistas europeus, é conhecido como Estado do Bem-Estar Social. É modelo adotado por Portugal, Grécia e outros países europeus hoje mergulhados numa grave crise fiscal e econômica. Em seu artigo, Alexandre Borges faz uma comparação entre os Estados norte-americanos que adotaram esse modelo “socialista” e os Estados que, administrados pelo Partido Republicano, adotaram o modelo liberal, característico do que a literatura acadêmica chama de Estado Liberal.

O fator a ser discutido vincula-se com a realidade brasileira que não chegou a sentir de maneira significativa os impactos da crise, mas, já apresenta aspectos preocupantes, principalmente em relação a inflação, diante disso, questiona-se: que modelo o Brasil deve adotar nos próximos anos, o Estado de Bem Estar Social ou Estado Liberal, o modelo de estado Liberal adotado pelos tucanos antecessores de Lula era o mais viável, O modelo de Bem Estar social adotado pelo PT é o melhor para o país, Um governo neoliberalista seria o melhor para o país, demonstrando que o Estado deve ter participação mínima, ou seja, somente nos campos mais imprescindíveis?

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