DESVELANDO O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DE UNIDADE DE EMERGÊNCIA ACERCA DA PRECAUÇÃO PADRÃO

Por LUCIANE ALVES VERCILLO | 29/01/2018 | Saúde

DESVELANDO O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DE UNIDADE DE EMERGÊNCIA ACERCA DA PRECAUÇÃO PADRÃO

 

UNVEILING THE KNOWLEDGE OF EMERGENCY UNIT NURSES ABOUT STANDARD CAUTION

 

Luciane Alves Vercillo

Enfermeira. Mestre em Educação - UNESA. Coordenadora da Graduação em Enfermagem e Docente das Faculdades São José

 

Aline Resende Assis

Enfermeira. Especialista em Enfermagem Cirúrgica

 

Ronaldo Barbosa Marins

Enfermeiro. Especialista - UCL. Docente das Faculdades São José.

 

Pedro de Jesus Silva

Enfermeiro. Mestre em Enfermagem -UNIRIO, Assessor da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

 

Sandro Lucas da Silva

Enfermeiro. Mestre em Educação - UNESA. Docente das Faculdades São José.

 

Edilson Vasconcelos de Almeida

Professor das Faculdades São José. Enfermeiro. Especialista UCAM. Cegonha Carioca.

 

RESUMO

 

Os objetivos do estudo são: Verificar o conhecimento dos enfermeiros da unidade de emergência em relação à adoção da precaução padrão; Investigar o uso da precaução padrão pelos enfermeiros e Compreender os fatores que contribuem ou interferem no uso da precaução padrão pelos enfermeiros. Trata-se de uma pesquisa de campo de natureza fenomenológica, com abordagem qualitativa fundamentada em um questionário semi-estruturado respondido pelos enfermeiros que atuam no setor de emergência de um Hospital do Estado do Rio de Janeiro. Percebeu-se negligência relacionada ao comportamento dos profissionais, pois na verdade, àqueles que detêm conhecimento acabam não os colocando em prática, seja por indiferença, vergonha ou preguiça, onde acaba se tornando duvidoso o meio de trabalho. São notórias também algumas contradições e até mesmo justificativas quanto ao uso das precauções padrão, na qual é necessário por parte da enfermagem buscar corrigir estes erros com conscientização e disciplinação.

Palavras-chaves: Biossegurança, enfermeiros, precaução padrão.

 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Estudos têm mostrado o risco dos profissionais de enfermagem em adquirir infecções durante atividades desenvolvidas no trabalho devido ao grande quantitativo de profissionais nos serviços de saúde em contato direto na assistência aos clientes e também pelo tipo e frequência de procedimentos realizados pela enfermagem.
Ao longo da sua jornada de trabalho os enfermeiros estão expostos a diferentes riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Os riscos ocupacionais são compreendidos como processos que decorrem das condições inerentes ao ambiente de trabalho e que podem desencadear os acidentes ocupacionais.
Os fatores que desencadeiam esses acidentes e que podem ser destacados são o excesso de confiança que pode levar a um desprendimento e a banalidade das causas que podem aumentar a exposição desses profissionais aos riscos biológicos, sabendo que os acidentes não são previsíveis e nem sempre acontecem da mesma forma na rotina de serviço. (FLORÊNCIO et. al, 2003)
Para prevenir tais acidentes ocupacionais tem sido recomendado aos profissionais de saúde a adoção da Precaução Padrão que é considerada um conjunto de medidas adotadas de forma eficaz que diminui os riscos que são expostos os profissionais de saúde. As medidas de Precaução Padrão incluem higienização das mãos, o uso de luvas, máscaras, óculos protetores, avental e o descarte de material pérfuro-cortante sem desconectá-los e reencapá-los em recipientes rígidos. A precaução padrão deve ser utilizada em todos os pacientes independente da suspeita ou não de infecção.
Associado a precaução padrão estão as medidas de biossegurança que são ações que buscam prevenir, reduzir, minimizar ou eliminar os riscos a que os profissionais estão expostos no desenvolvimento de seu trabalho, mantendo a preservação do meio ambiente. (COMISSÃO DA FIOCRUZ)
O risco ocupacional está relacionado com a adesão das precauções padrão, sendo medidas preventivas o grau de conhecimento dos profissionais sobre estes riscos e a eficácia na prevenção. Entretanto, a não adesão das precauções padrão está associado ao desconforto físico e a indisponibilidade, sendo estes, fatores que desestimulam o seu uso. Além disso, a falta de esclarecimento sobre as medidas de biossegurança, somatizando ainda com o número reduzido de profissionais e a falta de planejamento das ações acabam potencializando o risco ocupacional sendo um agravante evidente durante as atividades exercidas pelos profissionais de enfermagem. (PEREIRA, 2011)
Com isto, a união do conhecimento das medidas de biossegurança e da precaução padrão, sendo colocadas em prática, são as melhores formas de prevenção de acidentes a estes trabalhadores e, consequentemente, a redução nos
índices de infecção hospitalar, onde para isso há a necessidade da utilização de certos equipamentos.
Como já mencionado, a Precaução Padrão deve ser seguida a todos os pacientes, infectados ou não, e isto inclui também o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) que são recursos primordiais como forma de proteger os profissionais de saúde dos diversos riscos que estão expostos, em especial o biológico, onde o atendimento exige situações complexas e de agilidade como no setor de emergência. (GUIMARÃES et al., 2011)
Utilizar os equipamentos de proteção individual corretamente permite a garantia da realização dos procedimentos de forma segura, não só para o profissional, mas também ao paciente assistido. (op. cit)
Os EPI de maior adesão são as luvas, tanto de procedimento quanto a estéril, porém percebe-se que a higienização das mãos acaba sendo substituída pelo uso destas. Já as máscaras cirúrgicas são usadas apenas quando se conhece o risco ou em situações que requerem outro tipo de máscara e esta não é disponível aos funcionários, sendo assim utilizadas de forma incorreta; os óculos de proteção são totalmente esquecidos. (CUNHA, VALENTE, 2009)
Quanto ao uso do EPI e a exposição dos profissionais de saúde aos riscos ocupacionais estão associados a precárias condições de trabalho, falta de material, de recursos humanos, alta demanda e estrutura física. Já em relação ao setor de emergência, observa-se a exposição destes trabalhadores devido à alta rotatividade dos pacientes, agilidade e dinâmica abordada no atendimento que é prestado neste setor. (op. cit)
Como a unidade de emergência é um setor dinâmico e que requer agilidade, muitos profissionais com o intuito de preservar a vida do paciente com risco eminente de morte, acabam se esquecendo da manutenção de sua própria vida, sendo mais suscetíveis a acidentes e doenças ocupacionais, onde a partir deste ponto destaca-se a importância da precaução padrão e da conscientização dessas medidas preventivas que são de extrema significância no setor emergencial. (BATISTONI et. al, 2011)
O enfermeiro tem um envolvimento histórico com o controle de infecção, e como responsável por unidades de saúde deve estar atento às várias formas de transmissão de micro-organismos. Portanto a avaliação do conhecimento e utilização da precaução padrão pelo enfermeiro em unidade de emergência constitui um instrumento valioso para o desenvolvimento de programas de prevenção e controle de infecção que atendam as necessidades específicas do setor.
Por isso é importante pesquisar a respeito do uso da precaução padrão pelo enfermeiro na unidade de emergência, sendo este o objeto do presente estudo.
Frente o exposto os objetivos do estudo são: Verificar o conhecimento dos enfermeiros da unidade de emergência em relação à adoção da precaução padrão; Investigar o uso da precaução padrão pelos enfermeiros e Compreender os fatores que contribuem ou interferem no uso da precaução padrão pelos enfermeiros.
O interesse por estudar este tema surgiu a partir da vivência de trabalho no setor de emergência em um hospital estadual do município do Rio de Janeiro, onde observei a utilização inadequada das precauções padrão, sendo muitas das vezes por parte de enfermeiros que não as utilizam, deixando de garantir a segurança do paciente, dos demais profissionais e do próprio.
Muitos profissionais apenas fazem uso das precauções padrão quando sabem da patologia do paciente, como hepatites e HIV, onde a contaminação está mais “evidente”. No entanto, a intenção é de conscientizar o profissional a cerca da
importância da utilização das precauções padrão onde todos são considerados infectados, independentes do diagnóstico.
Contudo, a não utilização da precaução padrão pode ser relacionado ao conhecimento e atitude dos profissionais destacando a falta de conhecimento sobre biossegurança e infecções; intervenções rápidas em pouco tempo; desconhecimento sobre o estado de saúde do paciente e a convivência com situações de risco devido ao setor. (PAIVA e OLIVEIRA, 2011).
Como consequência a esta baixa adesão às precauções há o aumento das infecções hospitalares, no qual o profissional se torna o disseminador dessa infecção e também a questão ética, onde acaba colocando em risco aquele que é objeto do cuidado (GIR et. al, 2004).
Já em questão do uso dos equipamentos de proteção individual, os quais fazem parte das medidas de precaução padrão, não é que eles impeçam a ocorrência de acidentes ocupacionais, mas sim de que reduzem a exposição ao risco, na qual as medidas de biossegurança são meios básicos que tem por finalidade prevenir, reduzir e controlar os riscos do trabalho ao paciente/profissional/ ambiente, porém percebe-se que a biossegurança é aceita teoricamente ao contrário na prática.
A partir deste ponto, há uma necessidade de investigar os fatores que levam os enfermeiros a negligenciar, ou não fazer o uso das precauções padrão, durante a assistência na unidade de emergência.
Portanto, diante do exposto, este estudo é de grande valor, pois foi possível explorar o assunto abordado divulgando a sua importância, onde observamos uma grande lacuna referente à produção científica no que tange o conhecimento e adesão, do enfermeiro do setor de emergência, acerca das precauções padrão.
Essas lacunas justificam a relevância da pesquisa, de forma que amplie o conhecimento e as discussões na área. Possibilitando, assim, uma divulgação da temática para os profissionais de enfermagem e da área de saúde, proporcionando uma assistência qualificada.

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