Destino, acaso ou sincronia?

Por lucia czer | 01/07/2010 | Crônicas

Em algum momento da nossa vida, somos surpreendidos por essa questão: Existe destino, ou é acaso, ou por outra, é simples sincronia? Será a vida apenas uma sucessão de fatos sobre os quais não temos nenhuma ingerência? O que sabemos, é que existem coincidências na vida que nos forçam a pensar sobre a questão.
Na atualidade, é freqüente dizer-se que o homem "é o sujeito de sua própria história", como se somente a ele coubesse o fio condutor dos seus erros e acertos, sucessos e fracassos. Mas será mesmo que o homem tem esse poder?
Você já se questionou sobre o tema?
Sabemos que o destino existe como meta, ponto de chegada, direção para onde nos dirigimos. Talvez tenhamos que pensar então no outro termo: Predestinação.
Esse não é um termo muito usado, as pessoas usam mais o termo "destino", como um determinismo pré-concebido, a mão onipotente que controla tudo e todos. Nesse sentido, então, não se poderia dizer que o homem é livre. Ele age conforme é determinado pelo seu criador e senhor. E dessa forma o "destino" é imutável. E isso nos remete às figuras sobrenaturais, entes superiores que regem a vida aqui na terra. A morte, por exemplo, é uma determinação, um destino único para toda a espécie. Ou a morte é apenas um resultado, dada uma causa?
A morte seria o fruto de uma série de fatores degenerativos que levam à falência dos órgãos, se na idade avançada, de outro modo seria tão somente obra do acaso ou resultado de uma soma de fatores como hora e lugar errados? De acordo com Voltaire: "O acaso não existe; o que nós chamamos de acaso, é o efeito de uma causa que não conhecemos."
As coincidências que encontramos originam, sem dúvida, a temática fundamental da nossa existência: a liberdade humana. Se somos livres para traçar nossos caminhos ou meramente vítimas do acaso. Tudo vai depender da nossa visão sobre as leis do Universo. Na verdade, se acreditarmos que podemos controlar tudo, vamos fustrar-nos profundamente. Também acreditar que nossas forças irão modificar a realidade, que "querer é poder", pode fazer com que resultados inesperados ocasionem uma baixa na auto-estima e um abandono às expectativas, a perda da capacidade de luta pelo que se quer. Esperar demais de nossa própria competência e decepcionar-nos faz com que passemos a não mais desejar ou esperar, freando nossos anseios e nos tornando pessoas que aceitam passivamente as coisas.
Nem sempre obtemos o que nos propomos. E isso nada tem a ver com "destino", mas refere-se à associação de fatos e causas, a eventos sincrônicos. Atribuir ao destino ou ao acaso um resultado frustrante é esconder de nós mesmos que não fomos capazes de sucesso, é muito melhor ao ego dizer que fracassamos por obra do sobrenatural, do escrito nas estrelas.
Alguns fatos da nossa vida são frutos de coincidências que, em sincronia, foram acontecendo, entendendo-se sincronia, em termos temporais, uma simultaneidade de acontecimentos e de fatos, que aconteceram ao mesmo tempo. Pode falar-se da coincidência de datas ou da identidade de épocas. Um quadro sincrônico é aquele que apresenta sobre várias colunas os fatos ocorridos ao mesmo tempo, em diversos lugares.
Entretanto, como o homem não é um ser puramente matéria e razão, não podemos desvinculá-lo da relação com a divindade. Se negarmos a "mão invisível", certamente bloquearemos sentimentos como a esperança, a crença no plano metafísico, no diálogo com a própria alma, na existência real do mundo interno e externo. Tornar o homem apenas físico é negar as faculdades superiores do homem transcendente.
Destino... Destino é a nossa força de vontade em sermos felizes e fazermos boas escolhas.