Desfibrilador Automático Em Clubes De Campinas
Por Márcio Jansen de Oliveira Figueiredo | 04/11/2006 | SaúdeO hábito de ler os jornais todos os dias faz com que eu depare com histórias pitorescas. Outro dia mesmo, lendo o Baú de Histórias do jornal Correio Popular de Campinas, li com interesse o que ocorreu com um senhor há quase quarenta anos atrás, e como ele haveria ressuscitado. Ao encontrar com um dos colegas citados na reportagem, meu querido professor Renato Terzi, toquei no assunto, e ele me deu detalhes com seu jeito sempre muito divertido. Em resumo, o professor lembra que tudo ocorreu quando não se sabia muito sobre reanimação (as técnicas estavam engatinhando), um tempo de pioneirismo, em que a recuperação de uma pessoa acometida por uma parada cardíaca era, de fato, notícia de destaque no jornal.
Mas, será mesmo esse tempo tão distante? Nesse intervalo de tempo ocorreu um sem-número de evoluções tecnológicas, que hoje em dia a reanimação cardíaca não é um fato excepcional. A cardiologia evoluiu muito, com novos medicamentos (para o colesterol, para a pressão alta, e para tantos outros problemas) e procedimentos (cateterismo, angioplastia, técnicas de cirurgia cardíaca, marcapassos, desfibriladores implantáveis). Porém, se olhamos todos esses avanços na medicina, mas prestando atenção especificamente no assunto parada cardíaca, podemos nos surpreender se nos deparamos com a realidade de que essa emergência ocorre muito (certamente mais do que gostaríamos) fora do ambiente hospitalar. Nesse contexto o mundo pode ter evoluído muito, mas nós, em Campinas, poderíamos estar desprotegidos, se não tivéssemos à disposição um desfibrilador externo automático. Quarenta anos de evoluções no mundo e nós parados no tempo?
Bom, se o leitor é desses que buscam uma boa notícia no jornal, aqui vai uma, e muito boa, por sinal. Além de contar com os aparelhos do Corpo de Bombeiros (que foram motivo de comentários nesse espaço há uns meses), acaba de ser aprovado em segundo turno na Câmara Municipal o projeto de lei do vereador Paulo Oya que obriga locais de grande concentração de pessoas (clubes, centros comerciais e outros) a dispor de um desfibrilador externo automático. Passada essa etapa, falta só a autorização do colega Prefeito, e teremos dado um grande passo para sair do atraso. A Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas e a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo estão mais do que aptas a promover treinamento para a população. Estão ansiosas!
Mas, espere! Ainda há mais! A Sociedade Hípica de Campinas se antecipou, e se aparelhou com quatro dispositivos novos. A Diretoria se sensibilizou com a sua utilidade. Agora quem sabe os outros clubes não tomam o mesmo rumo... Afinal, o sócio vai se sentir, e de fato estará, mais protegido. E os Shoppings, qual será o primeiro? Hipermercados? Em quantos lugares, prezado leitor, podemos imaginar que vamos aos montes, todos os dias, todas as semanas, e que podemos estar expostos a uma fatalidade (o termo é mesmo esse, porque uma parada cardíaca sem o devido atendimento é, invariavelmente, fatal). Espalhem a notícia! Espalhem os aparelhos! Treinemos as pessoas! Todos ganhamos.
Agora, com um desfibrilador disponível, e com a população capaz de utiliza-lo, já vamos poder lembrar com saudosismo e eu, daqui a alguns anos (quem sabe quarenta?), pode ser que eu encontre um ex-aluno... E vou comentar, com um certo tom de nostalgia, sobre o tempo em que uma pessoa que tivesse uma parada cardíaca no clube estava fadado a ir mais cedo dessa para a melhor...