Desencontro

Por Karine Martins Leite | 31/10/2017 | Crônicas

DESENCONTRO

Mais um dia normal de trabalho. O relógio já anunciava a proximidade do horário da saída. O nervosismo já aflorava em sua pele, hoje era o tão esperado dia do encontro com aquele que lhe despertava arrepios e os mais sórdidos pensamentos.

- Que dia mais perdido! pensou ela enquanto olhava a pilha de trabalho que supostamente deveria estar pronta e entregue à sua chefe. Mas também pudera, quem conseguiria produzir mediante uma situação de euforia e ansiedade como essa.

Enfim, é chegado o final do expediente. Passa o cartão no relógio ponto, as borboletas no estômago já estavam o embrulhando de um jeito inarrável. Pobre Flora, estava sofrendo com a pressão de novamente correr os mesmos riscos do passado, risco de amar e não ser correspondida, risco de conhecer mais um idiota, risco de ouvir suas tias perguntarem quando irá arrumar namorado na próxima festinha na casa de sua mãe.

- Não! Dessa vez seria diferente, pensou. Sua prima Clara jamais a colocaria em uma emboscada, se disse que tinha um amigo interessante para lhe apresentar (e de fato pelas fotos o moço parecia muitíssimo interessante) dessa vez ela acreditava que a prima não lhe colocaria em uma cilada.

Assim Flora foi para casa, colocou seu melhor vestido, pintou suas unhas de azul (secretamente sua cor da sorte) e foi até o café no qual haviam combinado de se encontrar.

Ao chegar no café, ainda com o estômago embrulhado Flora senta e espera a chegada do misterioso homem das fotos. Já havia criado milhares de histórias, já havia imaginado seu casamento, como seriam seus filhos. Flora era assim, sonhadora, uma mulher romântica que queria muito viver o famoso conto de fadas.

Finalmente chega o suposto príncipe de Flora, Gabriel era o seu nome, combinando com seu ar angelical e toda aquela educação que já não se encontra por aí.

Gabriel era um verdadeiro "gentleman". Conversaram por horas, tomaram café, trocaram telefones, saíram para um passeio à luz do luar. Tudo indo incrivelmente bem, até que Gabriel olha para Flora e fala que conhece uma pessoa que seria perfeita para ela.

- Como assim?! indagou Flora. Estava surpresa com o que estava acontecendo, achou que tudo ia bem no encontro.

Então Gabriel suavemente lhe disse:

- Flora, eu gosto de meninos. Você não gosta de meninas?! Uma vez sua prima me perguntou se eu estava solteiro e eu disse que sim, mas quando ela me pediu para sair com você achei que era um encontro de amigos. Já havia visto você antes e me desculpe, mas achei que você gostava de meninas.

E assim terminou o "encontro", Flora foi para casa pensativa, pensou que até sua prima não lhe conhecia o suficiente. Ao deitar-se na cama, sorriu. Pensou que seria uma boa lésbica provavelmente, só lhe faltava a atração por mulheres, mas isso é apenas um detalhe.

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