Desencanto
Por Francisco Antônio Saraiva de Farias | 17/08/2013 | PoesiasDesencanto
Não ouve mais o canto do rouxinol no desaguar das manhãs.
A cumeeira da casa que o empoleirava está vazia...
As pétalas das sementes de rosas semeadas nos canteiros dos jardins não desabrocham mais...
Sente o nariz cada dia mais perto do pó...
O peso dos ombros fá-lo curvar-se na caminhada quase sexagenária.
Os anos dedicados à luta de classe tragaram a sua juventude,
Os resultados se mostraram pífios...
Fragilizando ainda mais a crença no ideário que o atiçava
E o fazia acreditar na conduta retilínea das lideranças que o moviam rumo às mudanças em prol do bem-estar de todos.
As utopias não o embalavam mais, os sonhos foram tragados pelas saliências dos caminhos...
Cansara de assistir o poder se concentrar e se agigantar nas mãos dos maus...
Ceifando os sonhos e os louros do labor diário de homens e mulheres portadores de competências e de conduta reta.
Seus passos eram monitorados... Despudoradamente.
Falavam-lhe meias verdades sem olhá-lo nos olhos...
E mentiam-lhe fitando-os...
As boas novas prometidas esvaíram-se nos casuísmos, adornados nas cores da propaganda e na pujança dos slogans...
Contudo... Nada o atormentava mais do que a perda da mulher amada.
A crença num novo porvir fê-lo não enxergar a pedra que havia no meio do caminho...
A saudade sufocava o coração, contristando a alma,
Apodrecia por dentro...