Desde então, eu manco.

Por Guilherme Feliciano | 17/08/2016 | Poesias

Quebrei meu pé
Quebraram meu pé
E desde então,
eu manco.

Passo arrítmico,
Que já foi mais veloz,
Inconstante e pesado,
Tal como a voz.

Eis que meu pé
Se mostrou "consertado",
Artesanato e supercola
Não visível, talvez trincado.

Mas assim tudo funciona:
Um vez que se quebra,
Deixa de ser a mesma coisa.

Um trinca sequer é o suficiente
para quebrar a ilusória suposta perfeição.
Seja osso, seja barro,
Seja nosso, seja nós.

Uma trinca pode gerar rachaduras,
Uma queda pode gerar quebras,
Uma mancada pode gerar mancos
Que mais parecem que desaprenderam a andar.

A vida é o nosso chão
Onde podemos (nos?) machucar.