Desconhecidos?

Por Reinaldo Müller (Reizinho) | 30/04/2012 | Crônicas

De repente, a mulher e o homem que foram tão familiares entre si estão na frenteum do outro e se tornam... desconhecidos... 

Em um estalo de dedos, os momentos de convivência se apagam completamente, como se tivessem passado uma borracha no álbum de fotos criado pela memória dos dois. O rosto dela lembra vagamente alguém que ele conheceu há muito, muito tempo, mas aquela pessoa já não está mais ali... 

O mal-estar entre os dois é recíproco, mas, de natureza diferente... 

Eles sabem muito bem quem está à sua frente --- bem até demais! 

Ela sabe que o que ela está prometendo nunca será cumprido; ela sabe também que a voz dele diz uma coisa, mas, a realidade do cotidiano diz outra. 

E mais uma vez as palavras soam sem sentido, frias... 

Dizem que as mulheres se casam imaginando que vão mudar os homens; os homens se casam acreditando que as mulheres nunca vão mudar. 

Mas, a verdade é que as coisas mudam, mas, as pessoas, não. 

Por que, então, insistiram tanto tempo e esforço no amor? Porque é da natureza humana. Porque é da inevitável natureza humana... 

Ao contrário do que dizem (nós, os poetas) amor acaba, sim. Não há nada de romântico nisso, apenas uma verdade palpável. 

Se você tem apenas um copo d’água para beber é bom saciar a sede antes do copo ficar vazio. Às vezes apenas esse copo é suficiente, mas há ocasiões em que nem todas as águas dos mares do mundo podem acalmar um coração... 

Então é isso. Fim. Quando o amor acaba, frases que nunca deveriam sequer ter sido pensadas são pronunciadas com a crueldade dos carrascos! 

Não se pode atravessar uma ponte que foi queimada; com as palavras acontece a mesma coisa. Agora os dois se olham e sabem que não têm mais o que fazer... o que dizer.... Dentro deles há uma dor contínua, uma tristeza... 

Os dois corações estão vazios, porque no lugar daquele amor todo agora não existe mais nada. Só um vácuo... Um vazio...E a vida segue assim, imperfeita...

Reinaldo Müller > "Reizinho"