Desafios do educador na educação infantil

Por Marci de Moraes Artiaga Araújo | 02/11/2022 | Educação

Marci de Moraes Artiaga Araújo

Maria Evanize Rondon

Resumo 

Este artigo discute sobre os desafios do educador e o processo de aprendizagem na educação infantil, no intuito de refletir os desafios do educador na educação infantil, na perspectiva de educadores que atuam nesse segmento. O aumento crescente dos custos de vida e grande concentração de renda, e desta forma vem piorando a situação dos grupos de baixa renda. Conforme os autores, esse quadro pode-se ser deduzido para a educação também, pois é notória “a piora generalizada nos indicadores de repetência e abandono no 1º grau, que acompanha a diminuição dos gastos com educação”. Fato importante na educação foi a Constituição brasileira de 1988, que reconhece dentre muitas, como direito da criança, o ingresso à educação em creches e pré-escolas. E conforme a Constituição Brasileira (1988) no Capítulo III, Art. 208, inciso IV: “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade (alterado pela EC-000.053-2006)”. Sendo assim, a constituição vem admitir que as creches e pré-escolas, fazem parte do sistema educacional, mesmo que não seja obrigatório já está presente na vida da criança há muito tempo. Campos, Rosenberg e Ferreira (1995, p.64) afirmam que com devido a Constituição de 1988, houve a necessidade de se criar um: [...] plano de regulamentação do direito à creche nas relações de trabalho [...]. Esse avanço da legislação foi precedido ou acompanhado por direitos que foram conquistados pelos trabalhadores de ambos os sexos durante os Acordos e Convenções Coletivas aprovados ao longo desses anos pelas diversas categorias profissionais através de seus sindicatos, federações e confederações.

Palavra-Chave: Educação Infantil. Desafios. Ações. Desenvolvimento. Educador.

Introdução: 


A creche era basicamente um lugar onde a criança dormia, comia e brincava, enquanto a sua mãe trabalhava. Ou seja, ela não era vista como um ambiente educativo valorizado, onde o acesso aos bens culturais deveria ser facilitado, oferecido e acessível a qualquer criança que dela fizesse parte (BUJES; HOFFMANN, 1989; PACHECO et al., 2002; ROSEMBERG. Hoje, observa-se um cenário diferente, onde existem diversos projetos para que seja trabalhado o desenvolvimento da criança dentro das creches, contando com atividades que estimulam o desenvolvimento cognitivo e orgânico. E tem como objetivo deixar para trás aquela imagem de um ambiente somente para cuidados básicos das crianças, e adquirindo uma nova imagem de um ambiente onde a criança tem acesso à educação, através das atividades e estímulos ao desenvolvimento. Quando a criança começa a ir para a creche existe a separação da família, adaptação com outras crianças e cuidadores, estímulos diferentes daqueles já conhecidos. Os profissionais devem compreender a importância de seu papel no desenvolvimento de cada criança, e buscar trabalhar isto, levando em consideração as características sociais e culturais de cada uma. Segundo Piaget (1981), a criança constrói gradativamente suas estruturas cognitivas que se manifestam numa organização sequencial chamada por ele de estágios de desenvolvimento cognitivo.

O primeiro estágio (0 a 2 anos) denomina-se sensório-motor, pois a falta de função simbólica, o bebê não apresenta pensamento nem afetividade ligados a representações, que permitam evocar pessoas ou objetos na ausência dele. O segundo estágio (2 a 7 anos) é o pré-operatório, também chamado de estágio da Inteligência Simbólica. Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor). O terceiro estágio (7 aos 11 anos) é o operatório concreto, a criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. E o quarto estágio (a partir dos 12 anos), é o operatório formal, a representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade. Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas. (PIAGET, 1981, apud PALANGA, 2001). 

Considerações Finais

Toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter um nível adequado de aprendizagem. Na educação infantil os desafios são muitos,
escolas regulares que possuam tal orientação outras mal orientadas e muitas constituem os meios mais eficazes de combates atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instancia, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. (declaração de Salamanca, 1994). Deste modo, conclui-se que o caminho para um efetivo caminho já está sendo percorrido, mas ainda temos muitas barreiras que impendem sua total efetivação. Ser um educador capaz de adotar um currículo flexível dentro do que é proposto e que atenda as necessidades de todos os alunos respeitando o processo de aprendizagem de cada um é apenas um dos pontos necessários para que a aconteça, porém é o ponto mais importante desse processo. A escola não caminha sozinha na formação do educando, por isso as creches e escolas devem estar aberta a projetos que promovam a inserção de toda a comunidade na escola, gerando uma sensibilização que facilitará o trabalho do educador em sala de aula. O professor deve estar sempre procurando e recebendo em contra partida apoio dos gestores para se informar e formar – se em novas tecnologias, metodologias, cursos direcionados as necessidades que ele atende diretamente os educandos. Tornando-se bem preparado poderá desenvolver atividades que promovam o aprendizado, partindo da bagagem que a criança traz consigo em busca de alcançar os objetivos propostos, valorizando cada aluno como ser único, individual e autor da sua própria história, estimulando o aprendizado, valorizando o aluno diariamente, motivando, enfatizando o que ele aprendeu, e mostrando o quanto o que ele aprendeu será significativo para a sua vida.
O sistema de ensino, a política e as práticas pedagógicas adotadas também devem ser repensadas para o processo de inclusão, para caminharem junto aos professores que estão na linha de frente desse processo de transformação que vivenciamos atualmente, só assim todos os nossos alunos poderão formar – se como cidadãos e enquanto pessoas críticas, e seres capazes de promover a mudança que tanto esperamos para nosso sistema educacional.

Bibliografia

Constituição Brasileira (1988) no Capítulo III, Art. 208, inciso IV:

ADORNI, Dulcinéia da Silva. A creche e o direito à educação das crianças de 0 a 6 anos: de agencia de guarda a espaço educacional.

BRASIL. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.

ROSEMBERG, Fúlvia. O movimento de mulheres e a abertura política no Brasil: o caso da creche. In: ROSEMBERG, F. (Org.). Creche (Temas em destaque). São Paulo: Cortez/Fundação Carlos Chagas, 1989. p. 90-103 (Publicado originalmente em 1984).

PACHECO, J. A. et al. O Impacto da reforma curricular no pensamento e na acção do professor: relatório de investigação. Braga: Universidade do Minho, 1996.

PALANGANA, Isilda Camper. A concepção de Jean Piaget / Isilda Campanr Palagana Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vygotsky: a relevância social – 3. Ed. – São Paulo: Summus, 2001. Capítulo I. p. 13 - 31.

Cuiabá/MT

2022

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