DESAFIOS DA DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

Por Klaus Klaudio Möllendorff Soares Oliveira | 28/11/2016 | Educação

RESUMO

Este trabalho alude a formação do docente e sua postura dentro e fora da sala de aula, permeando pelas contingencias que o cerca na identificação do indivíduo e a educação. As estratégias didáticas que envolvem a fusão docente e discente dentro do contexto social que predomina nesse universo, referenciando a hierarquia sem maximizar o status do docente e seu potencial diante dos demais, o contrário também é pertinente e deverá ser observado com muito cuidado. Salientar que o profissional da educação do ensino superior nem sempre está preparado para gerir uma sala. Identificar esse fenômeno dentro de si é contribuir diretamente para o autoconhecimento e despertar o interesse pelo outro. É aguçar o sentido perceptivo e dar a oportunidade do desenvolvimento coletivo criando meios para que o aprendizado seja único como cada indivíduo.

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios, a educação sofre com o descaso e a minimização da sua importância, a evolução do ensino nas terras tupiniquins se dá principalmente pela história política do país.

A busca pelo descobrimento do ser como indivíduo único, desperta o senso de investigação pela inteligência cognitiva, pelo homem desde os primeiros passos nas instituições educacionais, a ruptura com a instituição de base e a ascensão ao ensino profissional superior, alumbra para o pedagógico o olhar de vários estudiosos interessados pela matéria, o aprendizado e aplicação de novas ferramentas no aprendizado, tende desanuviar o obscuro que habita nas sendas da educação enquanto educação e do homem como ser evolutivo e mutante.

Nesse contexto não só a pedagogia mas tudo o que a envolve passa a ser observado, trazendo para a contemporaneidade comportamentos e deficiências que em tempos não muito remotos ainda eram desconhecidos ou tratados como taboo.

Essa trajetória, acumula sobre o docente uma carga de responsabilidade moral e profissional que transcende o limiar do ser e do humano pela busca do saber.

Suprir as necessidades de aprendizado do discente e fazer com que esse retenha o conhecimento aplicado dentro da sala de aula, é viver o viés da verdadeira educação, reverenciar a ciência e desvencilhar da influência política o ensino.

Neste sentido relata Morosini (2000) que: Encontramos exercendo a docência universitária, professores com formação didática obtida em cursos de licenciatura; outros, que trazem sua experiência profissional para a sala de aula; e, outros ainda, sem experiência profissional ou didática, oriundos de curso de especialização e/ou stricto sensu. O fator definidor da seleção de professores, até então, era a competência científica (p.11). (14/11/2016)

Salientado que o processo de aprendizado é continuado e mutável, o docente do ensino superior muitas vezes é avaliado pela titularidade que possui, não bastante a especialização “Latos sensu” mas o “Stricto sensu” como preponderante console na seleção do professor para o egresso na instituição e sala de aula.

Contudo o contrário vem nos imprimir a globalização das informações, isso implica na mecanização do profissional do ensino superior, ratificando a ineficiência do aprendizado.

Tendo em consideração o ser humano como sensível e ambicioso, dotado de vontades e anseios, faz remeter o estudo ao que frustra e impede a realização pessoal, o vocacional é parte contundente na escolha das áreas a serem trabalhadas, é possível dizer que a injusta aceleração da tecnologia priva o profissional de estudos mais aprofundados, haja visto o sem fim de opiniões e artigos que se apresentam nos veículos de comunicação. Para que a opinião de um profissional da educação sobre um determinado tema expresse sua identidade, são necessários anos de dedicação a estudos que por fim parecerão plagio diante das várias observações apresentadas que inexoravelmente o reduzirão à mesmice dos demais artigos, de outra feita a satisfação silenciosa da pesquisa solitária é um alento.

Sem um pilar contextualizado, experimentado e firme no seu propósito, o óbice na trajetória dos docentes se faz constante, pois em sua maioria estes não associam a literatura a pratica para que o conhecimento e o saber cheguem aos indivíduos, de maneira contundente e eficaz, isso força o professor no dilatar da retina, enxergar possibilidades onde nada mais há que conjecturas e suposições.

Dissociar da educação a prática é anular fazes importantes do conhecimento, a opção pelo aprendizado em uma área pré-determinada pelo aluno, implica não só na empatia pela profissão mas também pela experiência que o mesmo acumula na sua vivencia laboral. “A sociedade do conhecimento é uma sociedade de aprendizagem” (Hargreaves, 2004, p.34). (15/11/2016).

Contemplar isso é ratificar o ensino no universo das salas de aula e sua grande biblioteca, o indivíduo. Referenciando esse fato, a educação é muito maior que um ofício é possível e apropriado dizer que é um dogma. Ocultar o algoz que habita em cada um é preponderantemente essencial, é cabido salientar que a autodefesa nos remete a isso, o senso crítico que muitas vezes aguça a realidade da pequenez do indivíduo enquanto sociedade no desenvolvimento dos saberes, guinda esse mesmo indivíduo ao embate interior pela afirmação do certo e errado, a consolidação das convicções pelo aprendido unilateral resiste ao novo quando colocado em mesma base, abrindo vertentes que de maneira natural dissemina divergências de opiniões, alicerçando ainda mais a individualidade e a visão de cada um dos combatentes pela sua capacidade de interpretação em defesa do apreendido.

 ...ensinar na sociedade do conhecimento, e para ela, está relacionado com a aprendizagem cognitiva sofisticada, com um repertório crescente e inconstante de práticas de ensino informadas por pesquisas, aprendizagem e auto acompanhamento profissional contínuo, o trabalho coletivo... desenvolvimento e utilização da inteligência coletiva e cultivo de uma profissão que valorize a solução de problemas, a disposição para o risco, a confiança profissional, lidar com a mudança e se comprometer com a melhoria permanente” (HARGREAVES, 2004: 45) (15/11/2016).

Segue por esse caminho o educador do ensino superior com um sem fim de incertezas e conflitos.

A autocondenação é concebida pelo acelerado mundo em que vivemos, as informações são renovadas a todo momento, e se fazem e desfazem num turbilhão de contextos e conjecturas, mais ou menos embasadas.

Almejar resultados para um determinado tema, é disponibilizar se de maneira incondicional ao estudo das mais diversas opiniões.

Oprimido pelo condicionamento imposto a mais de um tema e com carga horária flutuante, decorrente do labor muitas vezes em mais de uma instituição, o docente não tem como se comprometer diretamente com uma especificidade e divaga de maneira rasa e claudicante sobre os assuntos que o cercam dentro da sala de aula.

São demasiados os conflitos e contingencias que fazem do educador de ensino superior um eterno buscador de sua identidade, ancorado a ferramentas que tendem a diminuir suas experiências, o profissional atribui o desenvolvimento de suas aulas em consonância ao ritmo imposto pelos meios de comunicação tendo como pendão o discente, que sustentado pela tecnologia muito pouco usa sua inteligência cognitiva, isso se dá pelo encontrar a coisa pronta. Assim o educador deixa de ser educador e passa a assumir a postura de mediador da educação, nessa vertente o mediador passa a ser mero coadjuvante, um elo frágil de ligação entre conteúdo e aluno, elaborar uma aula passa a ser tão somente identificar um tema, filtrar a partir de, e deixar o divagar dos discentes.

Na contramão dessa rasa definição, o docente se depara em situação de aprisionamento dentro do tema anteposto por ele e assim se estabelece o caos, a vivencia prática do indivíduo aprendiz aliada ao derrame de informações que chegam pelos meios de pesquisas tecnológicas, sobrepujam ao simples literário, apontando caminhos que vão além do exprimido na literatura.

O estudo cientifico tangencia as discussões, estimula a busca e abre a visão crítica sobre as leituras e autores que se opõem aos temas, ou mesmo aos que apoiam.

Possibilita “[...] um amplo alcance de informações, além de permitir a utilização de dados dispersos em inúmeras publicações, auxiliando também na construção, ou na melhor definição do quadro conceitual que envolve o objeto de estudo proposto.” (1994, apud LIMA; MIOTO, 2007, p. 40). (16/11/2016).

O abismo que separa a experiência pratica e o conhecimento teórico, é o momento em que o mediador do saber passa externar o que a literatura não traduz em suas folhas, contingencias, fator humano, o ambiente como um todo, são inerentes, fundamentalizam diretamente seus objetivos e resultados, criando para o docente uma oportunidade de associar os saberes e desenvolver novas estratégias de didática, explorar o improviso é enriquecer o conteúdo criando parâmetros e chamando à lide os demais membros.

Outorgar uma sala para ser gerida por um profissional de formação técnica de alto padrão que esteja comprometido com o estudo cientifico da área em que atua, é sinônimo de qualidade de ensino, as titularidades associadas ao labor, habilitam esse indivíduo a discorrer de maneira ampla sobre os temas que abrangem em sua qualificação técnica, o dia a dia laboral dentro do tema é o que traz maior contundência para a didática e não somente o saber pelo saber.

O conhecimento e domínio do mediador do saber sobre a matéria ou assunto dentro e fora das formalidades cientificas, a postura do profissional e o regimento interno da instituição, o estimulo ao aprendizado, a boa integração entre docentes e discentes, bem como o aluno na instituição e a sua infraestrutura, promovendo o bem estar, proporcionando tranquilidade e acesso fácil ao material didático para pesquisa, são pontos básicos a serem considerados para avaliação na qualidade da instituição para a promoção do ensino superior.

[...] o aumento significativo do número de matrículas nesse nível de ensino [superior], especificamente a partir da década de 90, tem se verificado, no cenário mundial majoritariamente em instituições privadas, nem sempre em condições adequadas ao oferecimento de uma educação de qualidade. Soares e Cunha (2010, p. 579) (09/11/2016).

É propicio dizer que o paradoxo que culmina entre as instituições de ensino superior e o ensino, lutam dentro do mesmo ambiente por questões contrárias, de um lado o cliente discente e do outro o aluno e seus sonhos.

[...]

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