DEPRESSÃO PUERPERAL

Por gilma mascarenhas silva | 12/03/2013 | Crescimento

Os processos de sofrimento gravídico, depressão – puerperal. 

INTRDUÇAO 

            A gravidez, o parto e o puerpério são fases da vida da mulher que implicam na maioria das vezes em mudanças de papéis e no estilo de vida. Toda a rotina da mulher sofre modificações pela gravidez: dieta, vestimenta, aspecto físico e psicológico, respostas e desejos sexuais, atividades sociais, recreativas, descanso e sono, relações com sua família, amizades, vida diária em longo prazo (PEREZ, 1996). Contudo pode haver um despreparo por parte da mulher em lidar com estas mudanças, contribuindo para o desenvolvimento de uma doença mental.

            O processo de transformação psíquica que uma mulher precisa passar no ciclo gravídico puerperal envolve três grandes momentos que englobam pequenas etapas vividas de forma diferentes para cada sujeito. A transformação da filha em mãe, a transformação da auto-imagem corporal e a relação entre a sexualidade e a maternidade.

            Assim sendo, a mulher ao passar por todas estas transformações, percebe que, as discussões são raras sobre as dificuldades emocionais vivenciadas pelas mães no período pré e pós-natal, como também as tarefas familiares que o casal terá que cumprir para superar esta etapa, e quando são temas para conversa, normalmente são em tons de brincadeira e de forma caricata sem a reflexão necessária para a situação.

            Ser mãe implica em uma série de alterações em diversos espaços da vida, é uma mudança de dentro para fora, no âmbito: pessoal, profissional emocional e social. Segundo Bacca (2005), é um processo que tem início, mas não tem um fim... Portanto, trata-se de uma função que implica um caráter de extrema responsabilidade, complexidade e longevidade. Uma vez mãe, sempre mãe...

            Ao longo das últimas décadas, acompanhando a evolução da psiquiatria clínica, as diversas fases do ciclo reprodutivo passaram a ser vistas, potencialmente, como fatores “geradores de estresse” ou de maior vulnerabilidade para determinados transtornos mentais. Os fatores atuantes seriam alterações neuroquímicas, de hormônios ou, ainda, aqueles associados a agravos menstruais, de personalidade, de predisposição biológica, resultados esses obtidos por meio de modelos multifatoriais de causalidade. (Chesler, 1984).

            Inicialmente a psicose puerperal inicia-se com quadros de insônia, inquietação, irritabilidade e alterações de humor, evoluem com idéias paranóides, de grandezas ou delírios bizarros, confusão mental e comportamento desorganizado, exigindo do profissional de saúde, um diagnóstico e tratamento precoce, em alguns casos a internação pode ser necessária devido ao risco de suicídio e de infanticídio.

            Para Silva (1998) existem dois tipos específicos de psicose que se enquadram na depressão pós-parto: psicose da lactação e psicose do pós-parto seguida de abortamento. Para ela a psicose de lactação tem as seguintes características; anorexia (falta de apetite), tristeza, facilidade em chorar e desvalia (sentimento de desvalorização própria). Esta psicose é um estado de inadaptação à maternidade e pode se tratar de uma depressão neurótica, sendo caracterizada, também, por angústias e sentimentos de incapacidade quanto ao cuidado com o recém-nascido; já a psicose do pós-parto seguida de abortamento apresenta como sintoma marcante a angústia, devido a não preparação da mulher

            Para tanto, na construção deste estudo, busca-se o questionamento sobre: Quais os fatores de risco da depressão pós-parto na relação mãe-bebê?

            E o tema é de grande relevância, pois existe uma preocupação dos profissionais de saúde com o ciclo gravídico-puerperal, revelando-se que, o acompanhamento e o suporte psicológico e emocional vêm sendo fatores fundamentais para o sucesso da gestação. Entre eles, podemos citar: as contribuições da equipe multiprofissional em saúde, em particular, o psicólogo, que tem papel fundamental neste ciclo, neste presente trabalho serão realizadas abordagens acerca da gravidez e o período do puerpério buscando-se entender a aceitação da gravidez, o processo do corpo em mudança, e por fim, o desejo e a angústia do parto.

            O método deste trabalho será através da pesquisa bibliográfica, de caráter descritivo e qualitativo, tem como objetivo analisar as alterações psíquicas influenciadas pelo período gravídico/puerperal e descrever os fenômenos da tristeza materna, depressão pós-parto e psicose puerperal; visando facilitar o entendimento sobre os diagnósticos diferenciais e a identificação dos quadros e fatores associados às alterações psíquicas relacionadas a este período.

            A linha de pesquisa será com base no olhar psicanalítico. Na psicanálise o tema do ódio materno foi suplantado pela interpretação de que somente os filhos seriam capazes de odiar os pais por rivalidade do pai do mesmo sexo. Mesmo para Freud, lidar com este assunto mostrou-se tarefa espinhosa e só em seus escritos finais ele pode confrontar-se com este mito: da mãe capaz de odiar o próprio filho. Existe um tabu cultural em relação ao tema gestação e depressão, como se a mulher devesse estar radiante pelo nascimento de seu filho e ela fosse culpada de uma espécie de “ingratidão”, pois “ela tem tudo e mesmo assim sofre”. Nesta visão, o sofrimento de uma mãe de bebê recém nascido seria decorrente de uma incapacidade de dar valor ao “milagre da maternidade”. O senso comum tende a esconder a real natureza da tarefa de vir a ser mãe (CONRAD, 1988).

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