Depois de um livro e um filme, só a revolta
Por Rafael D'Angelo | 10/04/2010 | ResumosMinutos atrás acabei de assistir um filme que sem dúvidas foi o mais estarrecedor, o mais revoltante que vi em toda minha vida, e não pude deixar de pensar em compartilhar isso pelos motivos que explicarei daqui a pouco.
Baseado em fatos reais, numa obra de mesmo nome, de um jornalista franco-iraniano chamado Freidoune Sahebjam. O Apedrejamento de Soraya M. conta a história mais cruel que já ouvi. Um relato da mais "pura injustiça" que se pode fazer contra um ser humano.
O cenário: Irã (1986). Uma mulher acusada de adultério por seu marido que tem a intenção de com isso se livrar das obrigações com a mesma. A partir desse contexto, pra quem já ouviu a história bíblica da Maria Madalena, pode-se pensar que trata-se de mais um relato histórico, algo de que se toma conhecimento, se concientiza por um momento e depois se esquece.
Eu confesso que alguns anos atrás eu tinha um pensamento conservador com relação ao papel da mulher na sociedade. Durante minha adolescência foi difícil pra mim admitir que uma mulher poderia sim ser igual ao homem. As razões são fúteis e infantis, não merecem se quer serem mencionadas aqui.
Graças a Deus eu mudei esse meu pensamento, e garanto que o mais machista dos machistas irá rever seus conceitos após ler esse livro e assistir a esse filme.
Como um ser humano pode ter passado por tamanha crueldade, atos de desumanidade tão bárbaros em plena decáda de 80? Não faz muito tempo, são 24 anos que se passaram. Eu tenho 20.
Sei que devemos ser imparciais religiosamente, mas como uma mulher pode ter sido condenada à morte de uma maneira tão vil, baseando-se apenas num relato de algumas testemunhas e numa religião que tem um "Deus" cuja lei permite isso?
A cena do apedrejamento é bastante forte, uma mulher com os braços amarrados, enterrada até a cintura sendo apedrejada pelo "Pai", "Marido", "Filhos" e estranhos.
E sabe o que torna tudo isso ainda menos digerível pra mim? O fato de saber que essas coisas ainda acontecem. Acha que é mentira? Não é. Em maio do ano passado a Anistia Internacional publicou nota de que o Irã ordenou a execução por apedrejameto de sete mulheres e dois homens, mesmo com essa bárbarie tendo sido proibida desde 2002.
Como o ser humano pode chegar ao ponto de achar isso "justo"?
É preciso se ter respeito pela cultura, tradição, religião, pensamento. Não há dúvidas quanto a isso. No entanto, tudo isso não vale de absolutamente nada se não se respeitar a vida, a dignidade das pessoas.
"A nossa cultura é diferente. Por que se importar?". Bem, se a vida tiver algum valor pra você, se tu não for egoísta e se você tiver o mínimo de autruísmo dentro de ti, vai ver que esse tipo de coisa serve como lição. Ensina o teu filho o valor do ser humano, o valor da mulher, do homem, do próximo. Com a modernidade, nem tudo deve ser deixado pra trás. Fica aí algo pra se refletir a respeito.