Demissões ? Até que ponto é saudável para as empresas?
Por Roberto Pierre Rigaud | 04/08/2009 | AdmNão importa qual seja o termo utilizado para demitir funcionários, pode até mesmo ser uma medida estratégica da empresa.
Muitas empresas cortam funcionários com a intenção de reorganizar com a finalidade de se projetar para o futuro.
Como será que as demissões são encaradas pelas concorrentes e clientes? Será mesmo necessário demitir funcionários para se preparar para o futuro? Será que os empregados remanescentes irão ficar com a moral em alta? Será que para essas e outras perguntas existe respostas coerentes?
Vamos tentar desatar esse nó.
Vamos tomar como base os empregados do setor de vendas.
Muitas são as vezes que através de realinhamento de cargos e salários a empresa descobre que esta pagando aos seus vendedores salários acima da média das empresas pesquisadas o que poderá desalinhar sua estrutura salarial. A empresa demite esses empregados para contratar outros com salários mais baixos.
A medida é um tanto quanto radical, mesmo que esses empregados tenham o convite de voltarem a concorrer após certo período para não caracterizar continuidade de contrato.
Existem outras situações em que os empregados são demitidos para que aquele departamento seja conduzido por empresas terceirizadas. Podemos tirar alguns exemplos através de uma telenovela que esta sendo transmitida no horário nobre. É o caso de um hotel onde a cozinha, restaurante e american bar, foram terceirizados.
Tomemos isso como exemplo também.
Foi feito um acordo com a empresa terceirizada para que ela aproveitasse a mão-de-obra do hotel, como forma de minimizar os transtornos causados pela demissão.
Toda empresa de terceirização não segue os mesmos salários do ramo hoteleiro, ela esta vinculada a outro sindicato, o que, provavelmente, remunera seus empregados com salários abaixo dos praticados pelo ramo hoteleiro. Mesmo assim não deixa de ser uma forma de manter esse ou aquele empregado ativo, sem o expor aos constrangimentos da procura de uma nova colocação.
Mesmo que esses empregados tenham sido devidamente indenizados, certamente, eles irão que continuar ativo, e para continuar no mercado de trabalho, eles terão que sair a procura de uma nova colocação, o que é muito desgastante.
Hoje, todos nós sabemos, a oferta é muito menor que a procura, e se o candidato não estiver preparado profissionalmente, será muito difícil arrumar essa colocação.
Vejamos o que ocorre com a imagem da empresa frente aos concorrentes e clientes.
Quando uma empresa resolve renovar seu quadro de empregados ela perde cerca de 6 a 10% do seu potencial de vendas, muitas vezes até mais. Com isso quem ganha é o concorrente. Até que os novos empregados se adapte a sua nova empresa e clientes, já se passaram praticamente 90, 120 dias. Será que a empresa foi feliz nessa renovação? E a desmotivação interna? Claro, a qualidade dos serviços caem, a não ser que os remanescentes sintam-se com a moral alta. Mesmo assim continua as perdas nas vendas até a completa fase de adaptação.
Será que vale a pena dispensar empregados para realinhar os salários ou seria mais fácil mexer em toda estrutura para não ter que demitir?
Meus caros amigos, são cálculos e mais cálculos.
Conforme a estrutura da empresa, número de empregados envolvidos, infelizmente, a demissão não deixa de ser uma saída estratégica. Pode até mesmo gerar algum prejuízo para a empresa o que será superado em aproximadamente 8 a 12 meses.
Nos cálculos teremos que computar valores despendidos com indenizações, recrutamento e seleção dos novos empregados, período de adaptação e rotatividade.
Será que as empresas se prepararam para enfrentar essa turbulência? Muitas não se preparam, pensando que tudo se resolve em dois, três meses. Puro engano! Como não estão preparadas, elas passam a cortar despesas com mais e mais demissões o que termina em falência. Outras até se prepararam financeiramente, mas não se deram conta do período de adaptação e retomada das vendas. Passam a perder clientes e conseqüentemente mais demissões, o que pode ocasionar a falência. Outras, muito bem organizadas, passam a fazer a reestruturação de forma branda, sem colocar suas vendas em risco e sem chocar aqueles que irão continuar. Essas continuarão inabaláveis.
Substituir os trabalhadores demitidos por outros com salários menores é o mesmo que dizer: “Cometemos um erro ao lhe pagar mais do que valiam pelo desempenho demonstrado, portanto vamos nos livrar deles. É o que acontece, por exemplo, quando se livram de funcionários de salários mais elevados e contratam gente nova, sujeitando-a a faixas salariais e a benefícios inferiores.
Houve um tempo nos EUA em que as reduções de grandes proporções na força de trabalho eram poucas e só ocorriam a intervalos muito longos. Um empregado esperava realmente que seu emprego durasse a vida toda, e geralmente era o que acontecia. Contudo, as demissões tornaram-se tão comuns que nem mesmo os jornais lhes dão mais muita atenção.
De acordo com Michael Useem, professor de Administração e diretor do Centro de Liderança e de Mudança da Wharton [Center for Leadership and Change Management], “depois de ondas de demissões em larga escala nas empresas americanas, principalmente no início da década de 1990, mas também no início da década de 2000 depois do estouro da bolha de tecnologia, aprendemos muito sobre boas práticas e más práticas de cortes de postos de trabalho vendo o que as empresas faziam.”
As demissões, sejam estratégicas ou não, em via de regra, gera efeito negativo dentro da empresa no desempenho depois dos cortes.
A definição externamente quando a empresa demite é que ela passa por problemas e com isso a busca por novos funcionários poderá ser muito mais difícil do que se imagina.
Mas se a empresa fizer planejamento, poderá causar externamente efeito positivo. Pode sinalizar que a empresa esta em fase de reestruturação, buscando assim melhorias internas e externas.
Vejam que tudo depende da forma que as coisas são conduzidas.
Um simples corte, de um único funcionário, se este for de relacionamento interno e externo, pode gerar perdas para a empresa.
Não é saudável também para empresa estar constantemente trocando de funcionários, principalmente aqueles que estão em contato direto ou indireto com os clientes externos, hoje é um, amanhã é outro. E diante de tantas e tantas trocas de empregados, parte do trabalho poderá também se perder. A empresa perde o controle dos serviços desempenhados, os prejuízos financeiros poderão ser muito maiores do que se imagina.
Antes de pensar em demitir vamos pensar nas conseqüências que essa demissão poderá gerar para a empresa. Tem casos que a demissão é iminente, são os casos das justas causas, não tem nem o que pensar. Mas, como vamos anunciar ao mercado é que tem que ser pensado, não podemos denegrir a imagem do empregado, pode gerar processo por difamação, e ao mesmo tempo temos de salvaguardar a imagem da empresa. Tem empresas que preferem fazer um bom acordo com o empregado para não gerar perdas para ambas as partes.
Demissões já são esperadas a qualquer tempo, independentemente da motivação até a sua efetivação, elas continuarão a ocorrer como ferramenta de gestão para cortar custos, só nos resta é ter precaução quanto a sua divulgação e os reflexos que elas podem causar na organização.
Temos que revisar nossas ações todos os dias, atualizando sempre os meios utilizados para podermos chegar ao fim.
Autor: Roberto Pierre Rigaud - Diretor
RH EM AÇÃO – Treinamento Empresarial
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