DELEGADOS DE POLÍCIA E A ANTIDIALÉTICA NO PENSAMENTO DE AUGUSTO CURY (Felipe Genovez)

Por Felipe Genovez | 04/09/2017 | História

DELEGADOS DE POLÍCIA E A ANTIDIALÉTICA NO PENSAMENTO DE AUGUSTO CURY

O médico Augusto Cury, renomado escritor nacional e autor do best-seller "Teoria da Inteligência Multifocal" (traduzido para mais de setenta idiomas), lançou sua obra “Formação do Pensamento”, cuja mensagem é levar o leitor a um desafio que beira a saga homérica na medida em que questiona como são engendrados na mente das pessoas o consciente, a inconsciência, os pensamentos, o "EU", dentre outras questões que transitam não só pelo mundo científico, mas também perpassam nos planos do pragmatismo e da metafísica.

Como síntese, o autor classifica a formação do pensamento em três bases: a) essencial que é inconsciente e serve de suporte para os demais; b) dialético e, c) antidialético, estes dois conscientes.  

Para se entender melhor, imagine a visão que temos sobre a existência da nossa Polícia Civil, as competências constitucionais e sua vinculação com o Estado. Pois bem:

a) Essencial: quando falamos na Polícia Civil instantânea e inconscientemente se pressupõe informações essenciais e de base que são disponibilizadas via acesso por meio do sistema límbico, no córtex frontal. Surge a figura do Estado, dos Poderes, da Justiça, das polícias, meliantes, investigações, ocorrências e etc., como se estivéssemos no modo automático; 

b) Dialético: ao percebermos a instituição por dentro (ou mesmo por fora) passamos a estabelecer uma relação objetiva quer como clientes quer como membros da corporação, identificando toda a sua estrutura e organização, além das pessoas em número e grau, os serviços, as necessidades, a busca de informações e etc.;

c) Antidialético: está vinculado a pensamentos que transcendem o complexo de informações racionais e passam para um outro nível onde temos novos ingredientes, tais como a fantasia, os fetichismos, os sonhos, as imaginações, os delírios e etc., tudo que uma máquina de computador não poderá nunca alcançar (assim imagino).

Na página 158 o autor cita o exemplo do cientista Albert Einstein, cuja vida estudantil se revelou deficitária quer durante o ensino fundamental quer na faculdade. Quando se formou Einstein foi trabalhar numa fábrica de patentes e aos 27 anos lançou sua "Teoria da Relatividade" que mudou a história do mundo científico. A. Cury argumentou que esse salto na vida do cientista ocorreu especificamente em razão da formação do "pensamento antidialético" que fez descobrir toda a sua genialidade.

Focando nosso microespaço de poder percebo que no nosso meio talvez carecemos da formação desse mesmo ingrediente que está ligado diretamente à criatividade, à paixão, ao idealismo, ao altruísmo, aos sonhos...  Nada impede que façamos a diferença, que possamos mudar a ordem das coisas, ocupando nossos legítimos espaços, sermos respeitados e ouvidos a partir de um elenco de prioridades que considerem, em especial, valores humanos, princípios institucionais e muita ciência.

Acredito piamente que seja disso que mais se ressente a Polícia Civil no plano dos pensamentos classitas e institucionais, concorrendo para a proliferação e fomento de tantas mazelas que levam muitos a acreditar que a aposentadoria seja a "tábua da salvação" quando muito talvez seja "a terra do nunca" diante de um somatório de tantas incertezas.