DELEGADA MARIA ELISA (PARTE XCV): “A DESPEDIDA DO DELEGADO PADILHA? EXPLICADO O ENIGMA DA "VIZINHA FAXINEIRA"?”
Por Felipe Genovez | 18/03/2019 | HistóriaVai para casa Delegado Padilha?
No dia 01.10.2007, às 16:30 horas, estava na Corregedoria da Polícia Civil e a Escrivã Cleide (Secretária do Corregedor/Delegado Nilton Andrade) veio me avisar que começaria a “festinha” de aniversário do Delegado Alber. Fui até a sala ao lado e antes que eu comunicasse para Nilton que sairia às dezessete horas (viajaria para o norte do Estado), ele foi dizendo:
- “Puxa, Felipe, eu vi um negócio aí na rede que me deixou mal, não sei se tu visses, mas o Padilha passou um e-mail para toda a rede, tu visses?”
Respondi que não estava sabendo de nada e Nilton continuou:
- “...Foi como uma carta de despedida. Ele começou pedindo desculpas para todos os colegas, agradeceu o Maurício que colocou ele lá em Canoinhas, na Regional, eu não sei, mas acho que foi a morte do Levi lá em Canoinhas no mês passado, ele estava lá no velório, eram muito amigos. O Padilha descobriu um tumor maligno na boca e está se despedindo. Eu acho que ele está se entregando muito fácil, não vê o Sebastião lá em São Bento do Sul? Ele estava mal, mas fez o tratamento e voltou a trabalhar normalmente...”.
Lamentei a situação do Delegado Padilha e comentei que era uma situação muito lamentável e que talvez o melhor seria realmente ele lutar, procurar tratamento especializaddo....
Às 21:34 horas estava em São Francisco do Sul e Marilisa me ligou, pensei: “Milagre”. Marilisa foi perguntando se poderia falar comigo, se estava tudo bem. Contive minha surpresa e disse que estava tudo jóia, ouvindo o “Invisible Toch” do Gênesis em DVD. Marilisa do outro lado comentou que não conhecia e eu pensei: “Meu Deus, será que ela não conhece ‘Genesis’, Phil Collings...?” Levantei o volume do som e direcionei o celular, sendo que passados alguns segundos perguntei:
- “E daí, ouvisses? Reconhecesses?”
Marilisa confirmou:
- “Ah, sim, agora sim, conheço”.
Noves fora, acabamos conversando bastante, aqueles assuntos tipo de “auto-ajuda”. Marilisa queria saber se eu poderia passar na sua casa para apanhá-la pois o estacionamento da Delegacia Regional estava complicado (lotado). Argumentei que não tinha problema e ela chegou a propor que ao invés de eu ir até sua casa poderia deixar meu carro na DRP e na hora que “Zico” (motorista da Corregedoria) e a Escrivã Ariane chegassem, que apanhassem ela na sua residência. Argumentei que no dia seguinte ligaria para ela e a gente veria como ficaria melhor. Marilisa parecia radiante e feliz, bem diferente de dias anteriores que se apresentava “amarga”, “complicada”, distante... Era muito bom ver Marilisa daquele jeito, feliz, livre, descomplicada, querida e em silêncio em pensei: “Puxa, o que fez ela mudar assim do dia para noite, de uma semana para outra?” Reiterei que tinha estado na semana passada em Curitiba para assistir “Le Cirque du Soèil” e ela me interrompeu:
- “Ah, sim, fosses com a tua filha, que bom...!”
Pensei em comentar que fui ao circo não só com minha filha, mas com meu genro..., porém, resolvi deixar passar batido para não dar muitas explicações, até porque numa oportunidade melhor e que estivermos bem comentaria melhor o espetáculo. Fiquei imaginando que Marilisa parecia preocupada que eu confirmasse que fui o circo com minha filha, como se não quisesse ficar desapontada em saber que eu tivesse mais alguém na minha companhia, talvez uma namorada, mas também poderia ser só impressão, até porque ela nunca foi explicita em seus sentimentos, ou seja, que tivesse algum outro interesse comigo, além da nossa amizade. Sim, era verdade que também gostava muito dela, mas era um gostar diferente, uma construção nossa, um nível de amizade sincera que transcendia o normal e nos conduzia a um plano superior... Perguntei se ela estava sozinha em casa e ela confirmou, dizendo que seu filho foi para Búzios e que ela estava arrumando suas coisas.
Valencianos:
Dia 03.10.07, às nove horas e trinta minutos, depois de um telefonema preliminar comunicando que estava a caminho, fui até a casa de Marilisa e ela veio ao meu encontro acompanhada do seu filho e fiquei surpreso porque pensei que estava em Búzios. O rapaz trazia consigo a sacola da sua mãe e veio acompanhá-la ao meu carro. Nesse momento eu estava arrumando os CDs no banco de trás e Marilisa me entregou uma sacola contendo um vinho de Valência (Espanhol). Foi uma surpresa agradável e pensei em levá-lo na viagem para bebermos juntos. Ela disse que não. Guardei a garrafa no meu carro. Em seguida Marilisa perguntou:
- “Conhece o meu filho, doutor Felipe?”
O rapaz se antecipou dizendo parecendo bastante extrovertido:
- “Claro que conheço!”
A seguir nos cumprimentamos. O seu filho recomendou que eu cuidasse bem da sua mãe e Marilisa se antecipou para esclarecer o curioso rapaz dizendo que nós viajaríamos com o pessoal da Corregedoria noutro carro. A seguir veio a seguinte consideração:
- “Ah, eu pensei que vocês iriam viajar nessa caminhonete”.
O enigma da faxineira:
Logo em seguida chegamos no estacionamento da DRP Joinville e permanecemos debaixo do telhado do estacionamento aguardando a chegada de “Zico” e Ariane que estava vindo de Florianópolis para iniciarmos viagem à Campos Novos e Videira. Marilisa comentou que adorava o sol e eu argumentei que gostava do sol longe, só para ver e não para me pegar. Marilisa falou do seu arsenal de cremes. Em seguida falei do dia Sete de Setembro, quando estive na sua casa de praia de seus pais na Enseada (São Francisco) e na casa do vizinho (esquina) vi uma mulher de bermuda, cabelos soltos, fazendo faxina. Marilisa achou graça e eu insisti:
- “Puxa, eu já te disse, a mulher era tão parecida contigo, mas tão parecida, só que como estava fazendo limpeza na casa do vizinho eu achei que não poderia ser tu..”.
Marilisa interrompeu:
- “Sim, mas poderia ter sido eu...”.
Olhei para ela e contive o meu susto:
- “Como? Eras tu? Ah, não acredito. Como é que tu estarias na casa do vizinho limpando lá...?”
Marilisa com desprendimento respondeu:
- “Claro, às vezes eu limpo. Eu faço limpeza lá, varro as folhas. Tu precisas ver eu fazendo faxina, como eu fico...”.
Olhei para ela e me fixei no seu cabelo:
- “Puxa, a mulher estava de bermuda, o cabelo dela parecia mais cheio que o teu, se bem que agora o teu está bem cheio...”.
Marilisa sorriu:
- “Sim, claro que poderia ser eu. Era eu”.
Bom, só me restou dizer:
- “Eu estava com muita pressa, passei pela frente e olhei para a mulher e pensei: ‘bom, é muito parecida, mas se fosse ela reconheceria meu carro, faria um sinal...”.
Marilisa apenas sorriu e nisso apareceu um cidadão andando pelo estacionamento, em nossa direção. Logo que Marilisa avistou a “cara” e se dirigiu ao mesmo dizendo:
- “Osvaldo, como é que tu tá, não queres trabalhar comigo? Vai para lá trabalhar comigo, Osvaldo!”
Como Marilisa parecia efusiva ao avistar o tal de “Osvaldo” (eu não conhecia o sujeito e achei que poderia ser um policial), olhei mais adiante e vi que a viatura da Corregedoria havia chegado. Logo a seguir fui na direção da viatura e carreguei nossa bagagem que estava no chão.