DELEGADA MARIA ELISA  (PARTE XCIX): “CONCLAMOS DOS PRESIDENTES DA ADEPOL-SC). REENCONTROS COM O DELEGADO FLARES DO ROSAR (DRP DE VIDEIRA) E COM O GOVERNADOR LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA”. 

Por Felipe Genovez | 25/03/2019 | História

Propostas “adepolianas”:

Dia 04.10.07, no horário das 14:20 horas, estava na cidade de Videira e a Delegada Sonéa – Presidente da Adepol-SC me ligou (99836363),  e foi direto:

- “Genovez, aqui é a Sonéa da Adpesc, tudo bom contigo?”

Procurei parecer “normal” e fazer de conta que estava tudo certo até para conter minhas críticas e meus impulsos mais primitivos. Nada haver com Sonéa (quem era eu para julgá-la, aliás, parecia uma pessoa querida e super acessível...), mas, isto sim, era como nossa líder classista, também com a cúpula, Delegados Regionais... Sonéa fazia parte dessa grande engrenagem... E fiquei pensando que assim como o Delegado  Maurício Noronha não poderia ser criticado sozinho pela introdução do sistema de horas extras, também a Delegada Sonéa jamais poderia ser responsabilizada  pelas nossas frustrações, por nossas omissões...  Já refeito da surpresa daquela ligação, respondi que estava tudo bem e Sonéa continuou:

- “Genovez, eu conversei com o Ênio e ele estava me dizendo que tu tens os teus livros aí para publicar. Ele disse que tu tens vários livros, isso interessa para nós, queremos  publicar teus livros...!”

Interrompi:

- “Ah, sim, é verdade, ele esteve aqui na Corregedoria outro dia e conversou comigo”.

Sonéa argumentou:

- “Pois é, a gente tem o maior  interesse. Eu também estou trabalhando na ‘lei orgânica’, estamos ultimando a redação final e vou precisar da tua ajuda”.

Interrompi:

- “Sim, estou a disposição”.

Sonéa continuou:

- “Ah, outro dia eu estava conversando com o Garcez aqui na Adpesc e ele me falou do formulário do ‘anuênio permanência’, ele disse que tu fizesses um formulário, é verdade...?”.

Interrompi:

- “Não, não! O formulário está disponível no ‘site’ da SSP. É só entrar lá, ir no ‘recursos humanos’ e clicar em ‘formulários’, estão todos lá...”.

Sonéa deu uma engasgada e quase que resmungou:

- “Como? A gente está a trinta e três anos na Polícia e não sabe dessas coisas...”.

Interrompi procurando amenizar um pouco aquela situação incômoda:

- “Sonéa, é só ir no ‘site’, clicar em...”.

Ela agradeceu e disse que faria contato comigo oportunamente.  Desejei sinceramente sucesso na sua gestão e finalizamos nossa ligação. Depois disso, lembrei que havia algumas ligações daquele número de celular dias atrás e eu acabei ligando para ver de quem se tratava, até que descobri que era da Adpesc (Adepol-SC), e que acabei pedindo desculpas porque achava que era engano, mas que ficou tudo esclarecido, ou seja, a Delegada Sonéa estava querendo conversar comigo.  Lembrei a época do Delegado Mário Martins à frente da Adpesc, quando me ligava para pedir suporte de artigos, matérias... sempre querendo utilizar os “amigos” para promoção ou colocá-los  na ‘vitrine” para distração... Sim, algumas poucas vezes acabei servindo ao propósito de Mário Martins em razão da nossa velha amizade..., evidente que meu objetivo também era não ser omisso diante de um “chamamento” da nossa liderança classista maior.

Dia 05.10.07, horário: sete horas da manhã, estávamos hospedados no Hotel Verde Vale de Videira, depois de uma noite mal dormida, fui tomar café e em seguida chegou “Zico” que sentou comigo  e jogamos alguma conversa fora. “Zico” lamentou a `situação da Polícia Civil e comentou que sabia que eu era uma pessoa que tinha conteúdo, que convidou o “doutor Alber” para dar uma palestra no colégio de seu filho sobre Segurança Pública, mas que na verdade gostaria que eu fosse lá, mas como eu estava viajando... Argumentei que não gostva de ministrar aulas, não gostava de palestras, tampouco de debates. Comentei que apenas gostava de pesquisas, trabalhos, participar de grupos de estudos. “Zico” ainda me perguntou se eu pediria demissão do policial “Valdir Mechailo” e argumentei que não pretendia fazer isso, pois com tanta corrupção, com tanta mentira, o policial Valdir não tinha culpa suficiente para ser demitido. Argumentei, ainda, que meu objetivo era ser “invisível”, quanto menos fosse visto melhor. Talvez “Zico” um dia entendesse o que eu estava querendo lhe dizer, ou, então morresse  sem saber. Pedi para “Zico” levar Marilisa e Ariane na DRP por volta das oito e trinta e nove horas e depois que retornasse no hotel para me apanhar, pois queria digitar mais algumas coisas.

Por volta das nove horas e trinta minutos cheguei na DRP de Videira e encontrei Marilisa e Ariane no gabinete do Delegado Flares do Rosar. Marilisa estava com aquele seu conjunto cor de mel. Ariane sentada no computador, sempre com seus trajes discretos, geralmente usava cor escuras e nesse dia estava com um conjunto preto. Marilisa apresentava um ar meio cansado, diferente do dia anterior, quando parecia mais rejuvenescida, talvez em razão da sua maquiagem. No momento que cheguei Flares veio de encontro para me cumprimentar, muito embora estivesse atendendo uma ligação no celular. Era engraçado, Flares estava usando aquele seu terno preto, com camisa branca e barba por fazer (barba rala). Depois que Flares encerrou a ligação foi dizendo para todos ouvir:

- “Puxa, eu sempre me lembro de ti. O cavalo estava encilhado bem na minha frente e eu deixei passar. Eu deveria ter aceito o desafio de ser candidato  à presidência da Adpesc. Hoje eu me arrependo amargamente. Deveria ter aceito o desafio, puxa se pudesse voltar...”.

Interrompi, olhando para Marilisa, e comentei:

- “Pois é, tu vê Marilisa, ele era o nosso candidato. Não quis e só deu a Sonéa. Agora estamos pagando o preço, estamos amordaçados, a candidatura do Flares poderia ter mudado o curso da nossa história...”.

Flares me interrompeu:

- “Imagina, o marido dela é o Diretor-Geral lá da Secretaria, claro que ela não vai querer bater de frente contra o governo por causa dele”.

Interrompi:

- “Marilisa, o Flares era o ‘cara’, tinha o perfil, é do PMDB, tem bom trânsito no partido, não tem nenhum familiar na Polícia Civil, não é casado com Delegada, era o ‘cara’. Doutor Flares a doutora Marilisa também é candidata à prefeitura de Joinville, sabia?”

Flares se mostrou surpreso com a minha guinada e conversou um pouco com Marilisa. Depois Flares comentou  que só tinha se incomodado em Videira, numa situação terrível, pois se sentia boicotado pela cúpula da Polícia Civil, isto é, pelo Delegado-Geral Maurício Eskudlark,  Toigo..., que removiam  policiais sem o seu conhecimento, afrontando a sua autoridade regional.  Olhei fixo para Flares e pensei em falar alguma coisa, mas preferi apenas comentar nas presenças de  Marilisa, Ariane, do Investigador Valdir Mechailo e seu advogado Adyr que o pior governo na história da Polícia Civil estava sendo o Luiz Henrique da Silveira, justamente ele que foi Escrivão de Polícia. O Advogado Adyr me olhou e completou:

- “Depois o Kleinubing!”

 Interrompi:

- “Não, o segundo pior governo para a Polícia Civil foi o Ivo Silveira e o Kleinubing foi o terceiro pior”.

Na verdade não era bem assim, Ivo Silveira não foi o segundo coisa nenhuma, falei aquilo meio que para dar uma satisfação e fechar o bloco. Aliás,  tanto Ivo como Kleinubing fizeram coisas boas para a Polícia Civil, à exceção de algumas medidas “traiçoeiras”. Mas tinha certeza que outros governos foram bem piores que Ivo Silveira e Kleinubimb, por serem omissos, o que não ocorreu com esses dois. Claro que no caso de Kleinubing pesava o fim da isonomia dos Delegados de Polícia, mas nossos verdadeiros algozes foram o “MP” e alguns políticos. Já Luiz Henrique era uma unanimidade, não existia parâmetro, era  absoluto... e usava a velha máxima que ao governo caberia apenas dar notícias boas e anunciar que desconhecia as maldades de seus comandados. O Delegado Flares me interrompeu para dizer:

- “Por que será que ele faz isso com a Polícia Civil, com os Delegados? Eu acho que ele não gosta de nós. Eu me lembro que na época que eu estava no Deter, uma vez nós estávamos juntos lá em Laguna e fomos até a Delegacia Regional, acho que na inauguração do prédio e ele comentou comigo: ‘Flares, eu comecei como Escrivão de Polícia aqui em Laguna’”. Bom ali em pensei que ele era um amigo da Polícia, mas hoje vejo que ele não gosta de nós, da sua origem...”.

Interrompi:

- “Não sei, o que eu acho é que existe um processo de acovardamento geral da classe. Olha só como é que está a nossa cúpula, nossas lideranças classistas”. Pensei em falar dos Delegados Regionais, porém, resolvi me conter.