DELEGADA MARIA ELISA  (PARTE LXXVII): O DESABAFO DE UM CORREGEDOR-CHEFE (NILTON ANDRADE). O COPIOSO CORREGEDOR-GERAL - SSP (RICARDO FEIJÓ). UMA EPOPEIA MUITO ALÉM DO JARDIM?

Por Felipe Genovez | 28/02/2019 | História

A presença sagaz da policial Christian Celly:

Dia 31.08.07,  por volta das dezenove horas consultei o relógio e novamente pensei em Marilisa que não havia dado uma retorno ou sinal de vida. Lembrei do nosso portal “07.07.07”,  o ponto de transposição para a fusão de nossos espíritos para formar uma estrela “quasar” e, assim, enfrentarmos juntos toda a sorte de desafios pelo universo. Sim, foram  bons momentos que tivemos (de minha parte), encontros e desencontros significativos porque ela era  uma pessoa que tinha energia, propulsão quântica, virtudes... Talvez ela não tivesse consciência dos seus “poderes”, nem as mínimas condições  de perceber a grandeza da sua energia que perpassava o mundo físico, mas de outra parte sobrou  a grande pessoa, amiga querida... 

Aproveitei para abrir caixa postal e li o e-mail de “Celly” (Secretária do Conselho Superior) e a mesma escreveu que a minha participação na próxima reunião  do Conselho era de suma importância.  Depois liguei para Celly que me perguntou se ninguém lia os meus e-mails, inclusive, se poderia mandar algumas coisas para que eu lesse... Disse que não tinha problema algum, que ninguém lia minhas correspondências.

O desabafo do Corregedor Nilton Andrade:

Dia 04.09.07,  estava chegando na Corregedoria por volta das treze horas e trinta minutos encontrei o Corregedor Nilton Andrade vestido a caráter, de terno,  tínhamos acabado de estacionar quase ao mesmo tempo nossos carros na garagem. Acessamos o  elevador e perguntei  para Nilton se ele tinha ido o almoço com o Embaixador da Colômbia lá na Academia da Polícia Civil. Nilton, bastante irritado, foi desabafando:

- “Que nada, só perdi tempo, só perdi a viagem. Não teve almoço coisa nenhuma, eles fazem a gente de bobo, mandam a gente ir para lá e acaba não dando em nada, só se perdendo tempo...”. Percebendo a acidez de Nilton procurei amenizar dizendo: “Sem palavras, sem palavras, Nilton”.

O bicudo Corregedor-Geral da Segurança Pública Delegado Feijó:

Por volta das dezesseis horas, estava no cartório da  policial Patrícia Angélica tomando o depoimento da Delegada Nara numa sindicância, quando chegou o velho amigo Delegado Feijó (Corregedor-Geral da Segurança Pública), com seu terno preto e pinta de quem era  o dono do pedaço. Logo que me viu Feijó foi dizendo:

-  “E daí, Felipe, não vais a reunião do Conselho hoje?”

Olhei sério para ele e respondi:

- “Estou em audiência, além disso estou de plantão aqui na Corregedoria nesta semana”.

Feijó replicou:

- “Escuta aqui, tu não ficasses de fazer aquele trabalho lá para o Conselho?”

Olhei para ele fazendo uma cara de assustado e, brincando, disse:

- “Trabalho pro Conselho? Ah, rapaz, não é que esqueci”.

Feijó pareceu que ficou  meio que sem jeito, sem alterar o tom da voz, fez uma ponderação copiosa:

- “Olha, a PM já começou a fazer ‘TCs’ desde ontem. Ficasses de fazer o negócio lá para o Conselho, e daí...?”

Para finalizar, já que ele estava com pressa, arrematei:

- “Tudo bem, depois me conta o que o pessoal decidiu a respeito do meu relatório”. 

Feijó apenas soltou um sorriso como se já tivesse entendido o meu recado, isto é, que “foi para ontem!” Em seguida, Feijó deu uns beijos na Delegada Nara que era sua conhecida e encerramos a conversa por ali.

A assinatura da “Deliberação” do Conselho (Termos Circunstanciados):

Por volta das dezessete horas recebi um contato telefônico (via celular – estava tomando um café...) e soube que o policial Adílio, motorista do Delegacia-Geral,  queria a minha assinatura num documento do Conselho Superior. Adílio ainda disse que estava com pressa pois teria que ir até a DEIC pegar a assinatura do Diretor Ilson Silva.  Não passou dez minutos e eu estava assinando o documento. De maneira rápida  percebi que o documento  dizia respeito ao  meu relatório  que  havia redigido para o Conselho (entregue para a Secretária Celly), muito embora fossem somente as páginas relativas à primeira parte, ou seja, a ementa, a votação e a decisão, com os nomes dos conselheiros. Assinei rapidamente o documento para que Adílio não  perdesse tempo.

No final de tarde nada de Marilisa. Mais  um dia havia se passado, evidente  que o dia que nós conversássemos  novamente ela faria de conta que estava tudo normal, que nada de extraordinário tinha acontecido, que estava cheia de problemas, muito estressada com seus problemas de   família que estariam lhe consumindo, reclamaria que o Deputado Darci de Matos não havia sido encontrado  porque  estaria  sempre muito ocupado, afinal, mil possibiliddes de desculpas.  Aproveitei para dar uma revisada nos meus bancos de dados e fiquei impressionado como Marilisa estava sempre muito presente em tudo, consumia meus pensamentos e minha energia  nos últimos anos. Ela veio devagar, foi chegando, entrando, ganhou espaço, força...  Porém, ela  não tinha  a mínima idéia de todo esse processo, dos nossos universos que criamos. Quanto a mim, procurava  valorizar meu  crescimento na nossa relação, todo o aprendizado..., agradecendo como me ajudou a enriquecer a narrativa desta “nossa  epopéia” tupiniquim.

A bem da verdade, na medida em que Marilisa foi ganhando densidade, passou a  ser a pessoa que é,  adquiriu grau de importância, mesmo sendo uma quase via de   mão única considerando que ela em momento algum conseguiu transcender o âmbito profissional com lucidez para fazer florescer  sentimentos que pudessem animar nossas almas “muito além do jardim”. Talvez eu cultuasse isso como uma forma lúdica, imaginária, uma necessidade de amalgamar  os nossos espaços públicos e privados para ganhar o cosmos inatingível. Enfim, sentia falta do mundo que eu próprio idealizei ao seu lado, nossos  personagens transformados em semideuses... Sim, mesma à  distância sentia uma imensa necessidade de alimentar  todo esse processo  de busca e proximidade, o que era  uma quase divindade, necessário para a florescência das idéias e os registros da nossa história.

Dia 05.09.07, por volta das quinze horas, resolvi mandar um e-mail para Marilisa, com os seguintes dizeres: “Doçura...”. Não recordo bem a mensagem porque apaguei logo em seguida, mas reclamava do seu distanciamento e eu continuava na beira do caminho esperando por alguma notícia para que pudéssemos continuar nossas trocas e alavancar nosso “anteprojeto”. Também, era uma forma de mandar uma “isca” para ver a sua reação...

Por volta das dezesseis horas mandei um e-mail para “Celly” (Secretária do Conselho), pedindo informações se os conselheiros haviam votado meu relatório/parecer sobre termos circunstanciados. Em seguida, liguei para o Setor de Horas Extras, onde “Celly” trabalhava, entretanto, fiquei sabendo que ela  não tinha trabalhado naquela tarde, então teria que  aguardar o retorno do meu e-mail”.