DELEGADA MARIA ELISA  (PARTE LXII): DELEGADO MAURÍCIO ESKUDLARK E UMA PROPOSTA TIPO “BALCÃO DE NEGÓCIOS” PARA A DELEGADA MAGALI NUNES IGNÁCIO”.

Por Felipe Genovez | 25/02/2019 | História

Um balcão de negócios:

- “‘Dotor’, eu fui chamada na sexta-feira, no final da tarde, lá na Delegacia-Geral. Eles querem que eu assuma a Delegacia da Comarca de Balneário Camboriú, o que o senhor acha?”

Olhei sério para Magali com seu casaco preto, cabelos transados com a pintura que tinha feito no dia anterior e comentei:

- “Te convidaram, é?”

Magali:

- “Sim, o ‘dotor’ Ademir quer que eu assuma a Delegacia da Comarca de Balneário Camboriú. Em troca o dotor Maurício disse que eu faço carreira lá sem precisar sair...”.

Interrompi:

- “Ah, sim, tu és substituta e aí tu vais sendo promovida e não precisas mais sair de lá de Balneário Camboriú...”.

Magali:

- “O ‘dotor’ Maurício primeiro perguntou se eu não queria assumir a Delegacia da Mulher lá de Balneário. Eu disse para ele que tinha jurado que nunca mais assumiria aquela Delegacia. Eu disse para ele que todas as broncas que eu peguei na Corregedoria foram todos da época em que eu atuei naquela Delegacia da Mulher...”.

Interrompi:

- “Sim, mas não tem ninguém lá no momento?”  

Magali:

- “Está o ‘dotor’ Francisco dos Anjos.  Eu disse que teria que assumir como titular, esse negócio de ser adjunta...”.

Interrompi:

- “Ah, sim, mas eu não sei se seria bom tu saíres daqui?”

Magali:

- “‘Dotor’, lá eu faria carreira, sem precisar sair, vou sair desse bate volta todo dia para Balneário Camboriú, imagina... Eu pedi para a Ada (Deputada Ada de Lucca) para me segurar aqui na Corregedoria para fazer carreira, mas não falei mais com ela...”.

Interrompi:

- “Certo. Mas aqui também tu podes fazer carreira, não é?”

Magali:

- “Sim, ‘dotor’, mas eu nem falei mais com a Ada, ela que me segura aqui...”.

Interrompi:

- “Bom, tem que ver a situação das promoções, é o Sérgio Maus que está presidindo o processo, não é?”

Magali:

- “Sim, o ‘dotor’ Maurício conversou com ele que disse que este ano pretendem fazer duas promoções, uma em agosto e outro em outubro, eu acho. O ‘dotor’ Sérgio disse para o doutor Maurício que eu posso ser promovida em agosto e, em seguida, em outubro. O ‘dotor’ Sérgio disse que eu tenho condições de ir rápido até a segunda entrância, depois eu vou ter que esperar um pouco para ir para a terceira...”.

Interrompi:

- “Olha, se o ‘Serjão’ disse isso, tudo bem, mas a legislação que trata de promoções que modéstia parte foi eu que trabalhei nela, procurou valorizar bastante o policial de carreira, que fica trabalhando na linha de frente, que permanece no seu local de lotação, não como fazem com essas designações, com esse ‘balcão de negócios’..., isso me deixou muito triste, não foi essa a vontade do legislador, olha como é no Judiciário, no Ministério Público, depois o nosso pessoal quer isonomia, dá licença”.

Magali interrompeu:

- “Isso sempre foi assim... Eu conversei com o ‘dotor’ Nilton e  perguntei o que ele acha da minha ida para Balneário Camboriú. Ele me disse: ‘Ah, Magali, tu estais tão bem aqui, não tens a incomodação que tem numa Delegacia...”. 

Como Magali era uma pessoa querida, diante das circunstâncias, já sabendo que seu objetivo era retornar para Balneário Camboriú, onde inclusive residia,  reforcei os conselhos do Delegado Nilton:

- “Espero que tu fiques por aqui, podes fazer carreira também...”.

Magali interrompeu:

- “‘Doutor’,  eu tenho curso de pós-graduação, tenho mais uns cursos..., e eles me aconselharam não usar tudo nesta primeira promoção...”.

Interrompi:

- “Ah, Magali, isso é bobagem. A lei especial de promoções dispõe que esses teus cursos só terão validade para a primeira promoção...”.

Magali interrompeu:

- “Sim, mas eles me aconselharam a usar só os pontos de um curso e deixar para a outra os outros cursos...”.

Interrompi:

- “Bobagem, isso não existe, eles estão delirando. O que tu vais levar sempre é a pontuação para cada cinco anos de polícia, só isso. Tu tens vinte e nove anos, então, só aí tu já tens duzentos e cinqüenta pontos que tu leva para todas as promoções. O espírito da lei foi valorizar o policial de carreira e criar mecanismos de merecimento para que ele possa ir com o máximo de promoções para casa, diferentemente de alguém que tem pouco tempo...”.

Magali manifestou seu agrado com aquela argumentação  e disse que já tinha conhecimento dessa pontuação especial.  No final da conversa lamentei a “politicagem” nas promoções, dizendo:

- “Isso é muito triste. O que a cúpula deveria fazer é batalhar para que houvesse concursos e preenchimento de vagas existentes e não ficar negociando promoções por aí com os “amigos”. Sinceramente, eu sou contra... Tudo bem que o Maurício é pelo diálogo, diferente do Thomé...”.

Magali me interrompeu:

- “Deus me livre, aquele ‘T.’ me removeu várias vezes, era tudo no terror, pelo menos com o ‘dotor’ Maurício a gente pode conversar. A gente sabe lá no fundo que é tudo um jogo, mas pelo menos eles conversam com a gente...”.

Acabamos nossa conversa por ali, haja vista que Magali e a Escrivã Fernanda tinham uma audiência logo em seguida.  Depois disso, fiquei pensando no Sérgio Maus, deveria estar bastante empolgado com o negócio das promoções, ainda mais assessorado pela policial Delci. Também deveria estar muito prestigiado por Maurício Eskudlark que tinha um grande interesse nos processos de promoções e no trabalho dedicado que estava realizando. Fiquei imaginando quem iria  fiscalizar os trabalhos de Sérgio Maus, quem? A Corregedoria? A Delegada Sonéa?  O  o Sintrasp? Quem...?  Será que iriam haver denúncias de maracutaias nos processos de promoções?”  Lembrei das reuniões do Conselho Superior da Polícia Civil,  não apareci por pura indignação, repulsa...,  ninguém sabia nada,  dizia nada...,  só apareciam  quando convocados para decidir interesses do Delegado-Geral...