DELEGADA MARIA ELISA  (PARTE CXXXVI):  “A PRESENÇA INUSITADA DO DELEGADO-GERAL A UMA AUDIÊNCIA CORRECIONAL E UMA CONVERSA ANIMADORA COM O DELEGADO ADEMIR SERAFIM SERIAM SINAIS DE ESPERANÇAS INQUEBRANTÁVEIS?”

Por Felipe Genovez | 30/05/2019 | História

Visita inusitada: 

Dia 23.11.2007, por volta de meio dia, tinha acabado de ouvir o Delegado André de Oliveira (da Central de Polícia de Balneário Camboriú). Nesse momento, para a nossa surpresa, eis que entrou na sala o Delegado-Geral Maurício Eskudlark que estava trajando uma roupa esportiva e bem à vontade. De imediato estranhei o fato dele estar ali na cidade em dia útil e logo intui que deveria continuar a residir na cidade e ainda não tinha viajado para Capital a fim de despachar normalmente em seu gabinete. Maurício Eskudlark foi adentrando a sala de audiências e pude observar que como seu primeiro ato foi se dirigir ao Delegado André de Oliveira para cumprimenta-lo e, a seguir, me cumprimentou. Pude observar que Maurício Eskudlark procurou dar uma atenção especial para o Delegado André, dando a impressão que se tratava alguém importante no seu time de Balneário Camboriú, em cuja região exerceu durante bom tempo o cargo de Delegado Regional (deixou o Delegado Gilberto Cervi Silva como seu sucessor...).  Maurício Eskudlark parecia um político, nada de encargar a figura do Delegado-Geral, e fez o seguinte comentário:

- “Vocês me desculpem o meu estado, mas é que eu nas sextas-feiras gosto de vir aqui ver como é que estão as coisas, então vocês me desculpem eu estar assim bem à vontade...”.

Interrompi:

- “Mas você não é disso!”

Maurício pareceu sem ação e ficou me observando com um olhar como se quisesse processar minha frase, porém, nada mais foi dito e assim deixamos a “salinha”, sendo que os Delegados André e Maurício ganharam a frente. A leitura que fiz foi que os Delegados Maurício, André, Ademir Serafim, Eliomar Beber e, talvez, Magali fossem todos almoçar juntos, confraternizar, trocar figurinhas... com a presença de algum político. Juro que fiquei imaginando o local do encontro, os assuntos que seriam tratados... e pensei: “Que ‘m.’ de Corregedor eu sou, em que ‘Corregedoria’ trabalho...  e ainda brigando por ‘diárias’ para trabalhar, tudo sob controles, controlado, quase descontrolado, desprestigiado, abandonado... Como Maurício tem faro para farejar Delegados baseados no princípio da atração, colegas susceptíveis, simpáticos, interessantes, afins, parceiros, interessados, maleáveis... Acho que com o passar do tempo ele desenvolveu uma super percepção ‘extra-sensorial’ e com isso um poder capaz de exercer controles sobre seus pares, direcionados a seus projetos... irá conquista-los?”

A oitiva do Delegado Hélcio Ferreira:

Por volta das quatorze horas estava de retorno à DRP de Balneário Camboriú, pronto para ouvir o Delegado Hélcio Ferreira. Antes de começar a audiência conversamos sobre a situação da Polícia Civil e o encontro dos Delegados no dia 30.11.07, coincidentemente no mesmo evento haveria também uma reunião administrativa da cúpula da Polícia Civil, quando seria decidida as movimentações policiais decorrentes das promoções dos Delegados. Hélcio comentou que iria ao encontro e estava curioso para saber o que iria ser tratado, chegando a me indagar se a ‘Pec 549’ iria realmente ser aprovada. Argumentei que se um dia ela essa emenda constitucional viesse a ser aprovado nós teríamos um longo caminho pela frente, talvez tivéssemos que esperar dez, quinze, vinte ou trinta anos... Hélcio acabou concordando.

Emoção nas palavras e um brilho no olhar do Delegado Regional Ademir Serafim: 

Por volta das quinze horas e trinta minutos fui até o gabinete do Delegado Regional Ademir Serafim que me recebeu prontamente e com “atenção total”. Logo de início foi dizendo que no novo “site” da Polícia Civil, em homenagem a minha história, a minha biografia, foi extraído informações de um trabalho que fiz... Interrompi para dizer que havia informações que precisavam ser revistas e que já havia preparado um outro histórico para a instituição, haja vista que alguns dados históricos não estavam corretos ou precisavam ser melhor explicitados. Acertei com Ademir Serafim que encaminharia para ele o material para fins de correção. Durante a nossa conversa procurei focar o principal, isto é, comentei que todo mundo sabia que ele era uma das pessoas que formava opinião junto a cúpula, em especial, perante ao Delegado-Geral Maurício Eskudlak que não teria tempo para pensar em assuntos de polícia..., ou seja, a maior parte de seu tempo era gasta em viagens pelo Estado, realizar contatos com autoridades e políticos... Ademir Serafim saiu em defesa de Maurício Eskudlark e comentou que se surpreendia com sua capacidade de receber tanta “porrada” de todos os lados e aguentar tudo o tempo todo quieto...  Concordei que essa era uma das virtudes de Maurício Eskudlark, ou seja, não se sabia da parte dele qualquer ato de vingança, ódio, perseguições..., se bem que sofri um revés inesquecível naquele seu parecer no Conselho Superior da Polícia Civil em 2005. Aproveitei para comentar sobre a  importância dos Delegados se organizarem e preparar alguma coisa de peso institucional para o futuro governador Leonel Pavan, quando o mesmo viesse assumir o governo do Estado. Ademir ouviu atentamente meu relato:

- “Ademir, é importante que a gente se prepare para esse momento com uma proposta para o Leonel Pavan. Vai ser uma chance única, pois o próximo governador poderá ser o Amim, a Ângela ou talvez o Raimundo Colombo e daí...”.

Relatei a importância de difundirmos uma proposta de emenda constitucional e fazer contatos com Leonel Pavan para que o mesmo viesse a assumir esse compromisso conosco. Citei que naquele contexto estávamos condenados a uma situação salarial terrível e sem expectativas de resgatarmos um tratamento remuneratório condizente com as carreiras jurídicas. Ademir Serafim pareceu achar a ideia importante e argumentou:

- “Bom, essa é uma ideia boa, mas isso ainda depende da preparação de uma proposta de ‘Pec’, vai demorar tempo...”.

Interrompi:

- “Tu tens ‘USB’ aqui no teu computador?”

Ademir ficou me olhando como se não entendesse o que eu estava dizendo, que linguagem seria aquela, pois havia dado um corte radical no encaminhamento da nossa conversa. Procurei explicar e puxei meu “Pendrive”, fui para o seu computador e mandei imprimir o arquivo. Ademir pegou o material impresso e ficou lendo na minha frente, deixando escapar algumas frases:

- “Procuradoria-Geral, é? Procurador...?”

Fui explicando que era uma ideia se criar a “Procuradoria-Geral de Polícia” subordinada diretamente ao governador do Estado, já que existiam as Procuradorias do Estado e de Justiça nessa mesma condição. Ademir fez uma consideração pessimista:

- “É muito difícil aprovar uma coisa dessas, é muito difícil...”.

Interrompi e argumentei que tínhamos que pensar grande, relatando a história da aprovação do sistema de entrâncias para os Delegados na lei complementar cinquenta e cinco, do fim dos ‘Delegados calças-curtas” (possibilidade de policias militares serem designados para responder por delegacias de polícia municipais e até comarcas). Ademir ouviu atentamente meu relato e como teria sido uma batalha aprovar aquelas propostas inovadoras, das resistências de outras classes e instituições..., entretanto, comentei que finalmente conseguimos aprovar a nova legislação, em cujo contexto se achava impossível. Ademir Serafim ouviu minhas considerações demonstrando atenção e interesse e pude observar nos se olhos um certo brilho de quem havia se emocionado com a iniciativa, ou melhor, vibrou com meu relato externando frases efusivas de entusiasmo contagiante. Ademir Serafim externou que respeitava muito a minha trajetória profissional e que tinha conhecimento de minha luta. Também, externou que Maurício me respeitava muito. Fiquei contente e pedi que Ademir desse um tratamento especial aquela proposta de emenda constitucional e a respeito da necessidade de montarmos uma estratégia para quando Leonel Pavan viesse a assumir o governo do Estado, sob pena de ficarmos de chapéu nas mãos durante muitos anos. Relatei um encontro que tivemos com a cúpula do governo Kleinubing, quando na época tentávamos resgatar a isonomia com o Ministério Público. Fiz relatos sobre aquele e que encontro acabamos não levando a isonomia porque a repercussão financeira era violenta, na medida em que o ex-Secretário Sidney Pacheco (SSP) exigia que qualquer benefício também fosse estendido para todos os PMs. Ademir Serafim chegou a perguntar se eu já havia encaminhado aquele proposta de emenda constitucional para alguém? Respondi que já havia discutido o assunto com alguns colegas Delegados.

Depois que deixei o gabinete do Delegado Regional Ademir Serafim, fiquei repassando o conteúdo da nossa conversa, da sua emoção ao ouvir meus comentários, projetos, histórias... Também, quando me disse que o Delegado-Geral Maurício Eskudlark me respeitava muito e pensei: “Eu também, desde os tempos de São Miguel do Oeste, na década de oitenta, em cuja época especialmente a meu pedido ele batalhou pela construção da sede regional social dos policiais civis..., também, da grandeza do seu amigo Delegado Luiz Carlos Gonçalves, depois o convívio na Delegacia Geral na década de noventa...seria possível que esse sentimento fosse inquebrantável?”

Marilisa à vista: 

Depois desse contato, já por volta das dezesseis horas e quarenta e um minutos, recebi um “torpedinho” de Marilisa e fui ler: “Oi, tudo bem, te ofereço este dia lindo de Sol. Bjs. Ma”.

Imediatamente respondi: “Ma, Sim, há esperança quando deixamos os corações falar... Brigado por existir...Bjs”.

Horário: por volta das vinte horas e trinta minutos, resolvi ligar para Marilisa, a fim de relatar o encontro com a sua amiga Delegada Ruth, também, sobre encontro dos Delegados promovidos pela Associação dos Delegados e da cúpula da Polícia Civil no próximo dia trinta de novembro, quando seria tratado da escolha de vagas, recomendando que verificasse a sua pontuação, além de dizer que recebi dela algo de encher o coração: um escrito em forma de poesia. O celular tocou, tocou, tocou e ela não atendeu. Achei melhor assim e pensei: “Puxa vida, isso foi um sinal de vida. Significa que há esperança, eureka!