DELEGADA MARIA ELISA (PARTE CXVII): “UMA QUESTÃO DE ‘ESTRUPIAMENTO’ SAZONAL OU UMA ‘DORZINHA’ REVERSÍVEL? OS INCRÍVEIS E TALENTOSOS IRMÃOS DELEGADOS (JOSÉ ROGÉRIO DE CASTRO FILHO E JOÃO ROBERTO DE CASTRO)”.
Por Felipe Genovez | 27/04/2019 | HistóriaReabastecendo "baterias":
Dia 26.10.07, às dez horas da manhã, estava na DRP de Joinville e durante um intervalo de oitiva resolvi ir até a “Secretaria” daquela repartição quando recebi a informação que a Delegada Marilisa estava me aguardando. Retornei até a “salinha” da “Corregedoria” e encontrei minha querida amiga de costas sentada trazendo nas mãos o relatório de instrução do processo do Delegado Gilberto Cervi. Aproveitei para realizar uma aproximação silenciosa e detrás vedei seus olhos com minhas mãos... Patrícia Angélica que estava digitando fez de conta que não viu nada. Procurei ser rápido e fui dizendo: “Advinha...”. Ela se levantou e ficou de frente, retribuindo meu gesto com um olhar intenso e ao mesmo disse:
- “Ah, tu não sabes, ainda estou tentando me recuperar do último plantão na CPP, estou até agora ruim...”.
Argumentei:
- “Bom, o ‘Zico’ e a Patrícia estiveram ontem lá na tua casa e disseram que nem te reconheceram. O ‘Zico’ disse: ‘doutor, não era a mesma pessoa, não reconhecemos a ‘doutora Marilisa’ que conhecíamos. Puxa, mas vejo que ainda não te recuperasses cem por cento, posso perceber pelos teus olhos que estão inchados...”.
Convidei Marilisa para irmos para fora da sala da ‘Corregedoria’ a fim de podermos conversar a sós e ficar mais à vontade. Ficamos próximo à mureta existente na divisa do poço de luz, frente à frente e pude sentir que Marilisa me olhava de uma forma intensa, com aquele seu jeito de quase “pedinte de carinho, atenção...”, ou talvez não fosse, poderia ser reabastecimento das “baterias”, a começar pela “proximidade” entre dois seres íntegros, uma forma diferente de contato. Pude notar que ela veio em busca de algo, muito provavelmente, por algum tipo de envolvimento para qualquer causa “encapsulante”, um desejo de ação, movimento, emoção... Procurei criar meus filtros e comecei relatando a conversa que tive no dia anterior com o Delegado Zulmar Valverde, relatando que o mesmo estava bastante interessado em saber detalhes da nossa visita ao Deputado Darci de Matos. Marilisa argumentou que foi bom, pois assim ele poderia ajudar e se engajar na nossa luta. Depois comentei alguma coisa a respeito do “pacote” do aumento do efetivo da Polícia Civil, encomendado pelo Delegado-Geral Maurício Eskudlark. Argumentei que nesse pacote era importante que se colocasse outras reivindicações porque seria mais uma oportunidade que se abria para nós. Marilisa concordou e aproveitei para dar uns toques sobre esse projeto, fiz um relato sobre a discussão que tive com o Delegado Regional Dirceu Silveira sobre a questão do “piso salarial mínimo” para os policiais civis e que ele havia se posicionado contrário a idéia. Marilisa ficou acesa e já “adrenada” vaticinou que articularia os Delegados de Joinville. Interrompi para dizer que era melhor conversar antes com Dirceu Silveira para que ele tomasse conhecimento que o governador havia concordado com o aumento do efetivo, cujo fato era mais importante naquele momento do que outras questões. Marilisa argumentou que na próximo reunião iria conversar com os Delegados e dizer que o ‘doutor Felipe’ disse...”. Interrompi:
- “Não, por favor, nem fala no meu nome. Diz apenas que tu ouvisses comentários que...”.
Marilisa entendeu o meu recado, pois na verdade não estava interessado em chamar a atenção, preferia a invisibilidade. Acabei indo tirar uma impressão do anteprojeto e repassei para Marilisa, recomendando que era sigiloso e que a única pessoa que teve acesso ao documento era ela e ninguém mais, à exceção do Delegado-Geral. Fiz questão de frisar que meu objetivo era que ela formasse opinião junto aos Delegados da região para que o pacote fosse encaminhado ao governo e aprovado pela Assembléia Legislativa. Marilisa comentou que entendeu o meu recado e se comprometeu a adotar essas orientações. A certa altura constatei que Dirceu Silveira havia chegado e se aproximava rapidamente. Logo que passou na nossa frente foi dizendo:
- “Olha, vamos trabalhar, estão ganhando, vamos trabalhar...”.
Marilisa apenas sorriu e retomamos nossa conversa e eu fiz um relato sobre o que havia tratado com a Delegada Regional Shirley de Canoinhas. Argumentei que era engraçado, pois a impressão era que cada Delegado estava num estágio e que Shirley, apesar de ter trinta e dois anos, era “Substituta”, muito nova e inexperiente, mas queria participar da nossa empreitada. Marilisa interrompeu:
- “Sei, tu queres dizer que ela é muito nova, é trinta e dois anos, então tá bom, ela é ainda muito nova...”.
Interrompi:
- “Não quis dizer isso. Eu quis dizer que cada um está numa fase, mas isso não tem haver com a idade, mas quanto ao grau de consciência institucional, formação, visão...”.
Marilisa comentou que tinha entendido e naquele exato momento pude sentir uma pontinha que poderia ser definida como mais uma “dorzinha” plenamente reversível, talvez pudesse ser até impressão minha, mas percebi pelo jeito que me olhou, a forma como gesticulou, falou, mexeu os olhos, tudo revelava um certo quê ou coisa do gênero, porém, com sua experiência de vida e pareceu que soube muito bem controlar suas reações impulsivas. De minha parte não era meu objetivo despertar qualquer sentimento impróprio, apenas relatei o que ocorreu. Argumentei que a Delegada Shirley estava sozinha respondendo pela DRP e pela Delegacia da Comarca. Marilisa me interrompeu:
- “Ah, acho que Canoinhas é um bom lugar para ir trabalhar, não é?”
Rebati sua afirmação mais para fazer uma “distração” ao dizer que não por que lá não havia mar e como ela adorava mar então ficaria muito difícil se adaptar. Marilisa acabou concordando com certo ar de “recomposição”. A seguir, conversamos mais um pouco e tive que abreviar nossa conversa porque chegou uma conhecida de Marilisa que puxou assunto, em cujo momento eu já estava com o Escrivão Raul me aguardando para prestar seu depoimento. Aproveitei para me despedir depois que ela assinou o relatório de instrução e nos despedimos, mais uma vez tudo parecendo sem graça, sem um amanhã, sem nexo, sem liame, sem idas e voltas, tudo bem ao seu estilo “marilisiano”.
Por volta das doze horas e trinta e cinco minutos mandei um “torpedo” para Marilisa com o seguinte conteúdo: “É muito bom sempre te ver e rever. BJS”.
Os incríveis e talentosos irmãos “Castro”:
Por volta das treze horas e trinta minutos, quando estava retornando à DRP/Joinville, encontrei o Delegado Dirceu Silveira no estacionamento. Aproveitei para fazer companhia na caminhada até o interior do prédio e fomos direto para o seu tradicional café. Acabamos conversando e eu retomei alguns tópicos sobre os quais conversamos no déia anterior. Depois de algum tempo, conversamos sobre os Delegados e irmãos, “Os Castros”, José era o Delegado Regional de Lages e o “João” estava em São Miguel do Oeste (anteriormente foi Delegado Regional de Chapecó). Dirceu Silveira já tinha comentado durante nossa conversa no dia anterior que achava os dois irmãos sensacionais. Aproveitei para desconstruir um pouco a figura dos “Castros”, dizendo que quando se chegava na Delegacia Regional de Lages dificilmente encontrava o Delegado José Castro no órgão e, segundo a informação da sua secretária, como ele trabalhava com música na noite, ficava difícil encontrá-lo na manhã seguinte despachando em seu gabinete na “DRP”. Revelei que estive várias vezes na Delegacia Regional e tive dificuldade de encontrar José Castro. O outro irmão, João Castro, também parecia ser um ser iluminado, bastante crítico e também cheio de habilidades artísticas, aliás, ambos certamente que herdaram a genética de seus pais. Concordamos que os “Castros” eram Delegados muito preparados, cultos e dotados de habilidades artísticas singulares, além de possuírem visão institucional denotando estarem além da média em termos de discernimento e consciência de classe, independente das minhas considerações iniciais. Lembrei que na análise comportamental para fins correcionais o critério “emoção”, aliado ao conhecimento da conduta profissional de nossos pares, era o método ortodoxo de avaliação, porém, havia outros critérios pessoais tão importantes que deveriam ser levados em conta, e isso poderia ocorrer para o bem ou para o mal, dependendo sempre de quem julga...
Depois que encerramos nossa conversa voltei meus pensamento para Marilisa e lembrei de conversar com ela sobre os irmãos "Castro", cujos Delegados poderiam se integrar a nossa causa...