DELEGADA MARIA ELISA (PARTE CLXXXVI): “O ENCONTRO COM OS DELEGADOS CARLOS QUILANTE, RUI GARCIA E SÍLVIO GOMES FILHO (ITAJAÍ): A CAÓTICA QUESTÃO SALARIAL DOS POLICIAIS. POR QUE SUPRIMIRAM O TEXTO DO ‘DOCUMENTO’? CRISTALIZAR!!!”
Por Felipe Genovez | 05/09/2019 | HistóriaCarlos Quilante:
Data: 10.09.08. Horário: 15:00h. Estava na 1ª DP/Itajaí e fui direto para o gabinete do Delegado Carlos Quilante. De início perguntei sobre o projeto da “indenização aposentatória” e veio a resposta que a presidente da “Adpesc” (Delegada Sonêa)realizou assembleia-geral na sede da “DRP” edeu ciência aos presentes que estava acompanhando a tramitação dessa matéria. Indaguei Quilante para que o mesmo confirmasse se havia participado da assembleia-regional e a resposta foi que não porque estava de férias, mas o pessoal lhe repassou essa informação. Depois, Quilante lamentou que os Delegados Regionais fossem tão omissos e acabou tecendo críticas principalmente ao ex-DRP de Itajaí – Delegado Carlos Dirceu Silva. Quilante chegou a fazer um relato sumário sobre suas incursões com relação ao “Fumpompoc” (Fundo Municipal para as Polícia Militar e Polícia Civil), sendo que até agora não conseguiram nada. Argumentei que aquele fundo era de interesse da instituição e que o comando da Polícia Civil deveria adotar as providências... Já o projeto da “Indenização Aposentatória” dizia respeito apenas aos policiais civis já que os militares estavam contemplados.
Rui Garcia:
Exatamente às dezesseis horas e vinte minutos fui ouvir o Delegado Rui Garcia (sede da “DRP” de Itajaí), responsável pelo “COP” (Centro de Operações Policias). O que me chamou a atenção foi quando Rui me confidenciou que estava com dois mil negativos de cheque especial. Aproveitei para fazer comentários sobre o nosso projeto da “indenização aposentatória” dando ênfase a participação da Delegada Marilisa. Rui confirmou que esteve na assembleia regional da “Adpesc” e que ouviu a Delegada Sonêa afirmar que estava acompanhando a tramitação da matéria na “Alesc”, do que duvidei. Porém não quis polemizar até em razão do grau de ingenuidade ou pureza do pessoal do interior, fácil de iludir e infundir esperanças, receptivos a discursos ufânicos, especialmente, de quem vinha da Capital... Rui reclamou que a situação salarial dos Delegados e policiais civis estava extremamente caótica, principalmente para quem tinha mulher e filhos. Relatei que estava viajando o Estado e conversando com os policiais e todos se mostravam bastante esperançosos com as notícias da Delegada Sonêa de que em “outubro” próximo todo o pessoal iria sorrir à toa em razão das grandes novidades em termos salariais. Falei do encontro anual dos Delegados no final de outubro na cidade de Balneário Camboriú (Rui, parecendo meio que desconectado da realidade, pensou que era no final de novembro). Pedi que Rui abrisse a internet e lesse no ‘site’ da “Adpesc” o convite para o 35ª Encontro Anual dos Delegados de Polícia de Santa Catarina, onde constava o registro da presidente que seria um evento histórico para jamais ser esquecido. Rui acessou a página e para minha surpresa ao ler a nota percebi que o seu conteúdo havia sido suprimido, ou seja, não constava mais o texto original sobre a convocação para o encontro histórico e ”que jamais seria esquecido”. No espaço havia apenas um convite formal para o encontro, mas sem pauta, sem ordem do dia, sem mais nada de que pudesse despertar ou renovar as esperanças de peso salarial. Diante dessa surpresa aproveitei para argumentar:
- “Puxa vida Rui tu tinhas lido essa nota?”
Rui deu de ombros e respondeu que não tinha lido nada e que não costumava acessar aquela página da “Adpesc”, o que me fez argumentar:
- “Mas estava aí a comunicação que foi repassada para todos e dizia que seria um encontro histórico, por algum motivo tiraram isso do ‘site’, refizeram o documento para que expressões não comprometessem as nossas lideranças, acho que sentiram a pressão, perceberam que o pessoal participaria em peso da assembleia-geral para cobrar as promessas e a nossa presidente espertamente suprimiu o texto, talvez por determinação do ‘Neves’, brincadeira...”.
Rui não sabia o que dizer e se mostrou surpreso com minhas observações, em especial, no que dizia respeito ao fato que a direção da “Adpesc”havia suprimido o texto do documento. A seguir, Rui comentou que o mesmo projeto que diziam que iria beneficiar os policiais civis também seria estendido aos policiais militares.
Silvio Gomes:
Por volta das dezoito horas, aproximadamente, me dirigi até o gabinete do “DRP” Sílvio Gomes (Itajaí) para me despedir, quando no trajeto encontrei o Delegado Ivo Otto Kleine. Adentrei o gabinete da chefia regional e na presença de mais dois colegas que também se mantiveram de pé indaguei se ele havia participado da assembleia regional da “Adpesc”. Sílvio respondeu afirmativamente e perguntei se a Delegada Sonêa comentou que estava acompanhando o nosso projeto da “Indenização Aposentatória”. Sílvio respondeu que sim, no entanto, relatei que o Deputado Joares Ponticelli havia apresentado um requerimento consultando todas as entidades de classe representativas de servidores públicos para ver se as mesmas eram a favor do nosso projeto. Argumentei que havia conversado com o Delegado Regional de Tubarão (Delegado Poeta), e o mesmo havia feito contato com esse parlamentar para explicar que o nosso projeto buscava estender um benefício que dizia respeito naquele momento apenas aos policiais civis, considerando que os militares, baseados no mesmo fato gerador, já tinham o benefício previsto em lei complementar sem que tivesse havido consulta alguma ou qualquer questionamento. Argumentei que era estranho o Deputado Joares Ponticelli não ter apresentado idêntico pedido quando o governador Luiz Henrique encaminhou a matéria relativa aos militares à Assembléia Legislativa, quando da tramitação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça. Silvio ouviu atentamente meu relato e insistiu que eu relatasse se sabia de alguma coisa de melhoria salarial para os policiais civis alardeada pela Delegada Sonêa para outubro próximo. Argumentei que se viesse alguma coisa nesse sentido (milagre), isso só entraria em vigor a partir de janeiro de 2009 em razão do teto salarial do governador que seria alterado no mês de dezembro próximo (2008). No final da conversa Sílvio me perguntou se eu não pretendia ser candidato à presidência da “Adpesc” e a resposta foi que era hora de me preparar para meu crepúsculo institucional, ou seja, de me preparar para ir embora e que já tinha feito a minha parte na antiga “Fecapoc” (Federação Catarinense dos Policiais Civis, transformada em “Sintrasp”). Relatei que antes de me aposentar pretendia realizar dois projetos: lançar meu Estatuto da Polícia Civil comentado – edição 2009, com toda a história da instituição e o suporte jurídico e também gerar uma onda em prol do projeto de “PEC” direcionada a criar a “Procuradoria-Geral de Polícia”, o segundo-grau na carreira dos Delegados de Polícìa e a preparação do surgimento da Polícia Estadual, com unificação de comandos das Polícias Civil e Militar. Silvio e Ivo Otto ouviram atentamente meu relato e se mostraram impressionados com essas minha pretensões. Nesse momento achei que era hora de me despedir com a mensagem a ser reverberada nas mentes dos colegas presentes, isto é, era preciso disseminar uma “onda” que cristalizasse esses projetos e, assim, que se transformassem em aspiração histórica...