DELEGADA MARIA ELISA (PARTE CLXXIV): “OS CORDATOS. ‘LUZ PRÓPRIA’... OU ‘JOGO DAS HABILIDADES’? HORIZONTES DO DEPUTADO RONALDO BENEDET - SSP? SERIA O EFEITO ‘ZZZ?’”

Por Felipe Genovez | 02/09/2019 | História

O “Fundo de Aposentadoria”: Delegado Regional Manoel Teixeira faria os contatos?

Data: 20.08.08. Horário: 17:00h.  Estava na Delegacia Regional de Polícia de Laguna para conversar com o Delegado Manoel Teixeira, cujo objetivo era fazer a entrega de uma cópia nosso projeto que criava a “indenização aposentatória para policiais civis”. Após fazer um relato sobre como o projeto que estava em tramitação na “Alesc” e, também, da importância da participação e contatos políticos sob os auspícios da Delegada MarilisaBoehn, o “DRP” Manoel Teixeira fez o seguinte comentário:

- “Ah, sim, eu já tinha conhecimento, só não sabia que foi vocês que fizeram esse projeto. Eu participei de uma reunião há alguns dias atrás com a cúpula e o Neves deu conhecimento sobre a tramitação da matéria lá na Assembleia Legislativa...”.

Manoel Teixeira comentou que faria os seus contatos com o Deputado Genésio Goulart que era seu conhecido e atuava na sua região, além de outros políticos para que a matéria tivesse o apoio necessário para sua aprovação. Argumentei que não era nosso objetivo qualquer tipo de promoção pessoal, tão-só, aprovar a matéria que iria beneficiar todos os policiais civis do Estado. Também argumentei que o importante não seria querer ser o “pai da criança”, isto sim, apenas mobilizar o maior número de “forças vivas internas”  para ajudar na aprovação da matéria já que os policiais militares merecidamente conseguiram esse intento no Governo Luiz Henrique da Silveira que sancionou a legislação similar. Lembrei que não deveríamos falar em “fundo de garantia”, mas de “fundo aposentatório”, como forma de compensar os policiais pelos desgastes sofridos ao longo da sua trajetória profissional, com risco de morte, restrições de direitos, jornada de trabalho excessiva, além do fato de que os valores que seriam destinados para este benefício teriam também como fato gerador de receita descontos dos salários de cada servidor, além de reposições de perdas salariais nos últimos anos... Manoel Teixeira, pelo sim e pelo não, deixou a impressão que se interessou realmente sobre o assunto, entretanto, se faria a sua parte isso era outra questão bem diferente porque os “DRPs”, na grande maioria, na condição de cargos comissionados e subservientes ao governo, eram acima de tudo “habilidosos” no trato de assuntos polêmicos ou que não tivessem o “carimbo” do governo...

O encontro com o “DRP” Wilson José da Silva de Porto União: 

Na data de 21.08.08, por volta das quinze horas, estava na “DRP” para ouvir o Delegado Regional Wilson José da Silva. Depois da audiência resolvi imprimir da Internet o projeto que pretendia criar a “indenização aposentatória” que se encontrava na Assembleia Legislativa. Fiquei impressionado porque Wilson Silva não sabia de nada sobre o assunto e tive que fazer um relatório ao mesmo tempo que lamentava o total estado de desarticulação, desinteresse, informação... das lideranças policiais, a começar pelas entidades de classes e dos próprios beneficiados, o que me fez pensar: “Imagina, esse cara está aqui na divisa com o Paraná, fora de linha, longe de tudo, vivendo o seu micro universo, deixando se consumir pelo seu cotidiano formal e condicional, claro que não vai saber de nada...”.

Era realmente o que pensava o Deputado Federal Ronaldo Benedet ou seria mais um recurso tipo “não me incomoda..., vocês não têm projetos...?”

Perguntei para Wilson Silva se ele mantinha relações com algum deputado da região e ele me respondeu que tinha bom contato com o Deputado Aguiar do PMDB que era de Canoinhas e representava a região do planalto norte. Recomendei que Wilson Silva fizesse o possível para que o parlamentar tomasse conhecimento do assunto e se engajasse na nossa causa. Achei engraçado porque Wilson Silva comentou que o Secretário Ronaldo Benedet num determinado jantar com os Delegados reclamou que o pessoal não lhe repassava projetos, que os Delegados não tinham projetos... Logo voltei meus pensamentos para o casal de Delegados Sonêa e Neves, Maurício Eskudlark, Ademir Serafim..., onde andariam, estariam viajando, pensando, comendo... seriam só esses os o quês? Claro que o esperto parlamentar poderia não querer ser incomodado ou bater de frente com o governo, ser cobrado pela classe e daí se justificasse aquela saída rápida: “Vocês não me entregam projetos!” Lembrei também do ex-Delegado Regional de Blumenau, Juraci Darolt que uma vez havia me dito a mesma coisa, ou seja, que num determinado encontro com o Deputado Ronaldo Benedt havia feito esse mesmo desabafo... e Darolt parece que assimilou ou se impressionou com o discurso do parlamentar e passou a reverberar em tom de desabafo e crítica a seus pares por não apresentarem projeto algum ao Secretário de Segurança que dava a impressão que só teria olhos para seus horizontes...

“Vige!”, mais “mineirices”?

Resolvi questionar Wilson sobre quem é que deveria repassar projetos para o Secretário de Segurança e ele deu de ombro enquanto completei:

- “Bom, todo mundo sabe que quem manda na Adpesc é a Sonêa, mas de fato quem dita as cartas é o marido dela que é o Secretário Adjunto...”.

Wilson concordou parecendo meio acanhado ou invocando o velho estilo “mineiro” (ouvir, externar um olhar melancólico, “lamentoso”, choroso, chuvoso..., dando a impressão que seu cargo político era mais que tudo e o melhor seria o escudo apropriado por meio da retranca comportamental e verbal, o apenas ouvir... Aproveitei para completar:

- “É, mas esse Secretário aí não tem nada de inocente, não tem nada de bobo. Imagina se ele não tinha conhecimento dos projetos que a PM estava encaminhando para o governador dentro da sua Pasta, debaixo do seu próprio nariz, como foi no caso da ‘indenização aposentatória’? Então, a pergunta é por que ele não reivindicou ou comunicou aos Delegados quando o projeto aportou no Palácio? E, afinal, onde andariam Sonêa, o Neves, Maurício Eskudlark...? Dá licença, o Secretário sabia de tudo, mas claro que ficou quietinho, aí depois vai para reuniões com os Delegados e fica saindo com essa de que ‘não apresentam projetos...’, vende esse peixe e o pior é que tem gente que acredita ou faz de conta..., dá licença, né Wilson!”

Então, Wilson Silva finalizou dizendo que os Delegados estariam meio que atritados com o Secretário Benedet porque numa determinada reunião onde se discutia um assunto que conflitava com a PM ele acabou se posicionando a favor deles, em detrimento dos Delegados...”.

 

ver se ele se colocava dentro..., mas pude perceber como era difícil pois meu velho conhecido parecia estar com a “faísca atrasada”, chegava a dar a  impressãoque eu estava diante de um “alien”, muito embora houvesse interação  e “feedback” nas conversas, com um toque de “reboque”, “faz-de-conta”, “é-bom-q’eu-gosto, adpois’id!” Acabei lembrando do Delegado Gentil João Ramos quando estávamos no gabinete do Delegado Regional de Itajaí Silvio Gomes e eu defendia a necessidade de ação para concretização de nossos sonhos institucionais, na saída Gentil bateu no meu ombro e vaticinou com certo ar de ironia: “Vai firme, vai firme, continua, continua, tu gostas disso...”. “CiliãoCrippa” era não seria diferente de Gentil, de modo algum , este era “manezinho”, já aquele... É claro que ambos eram do bem..., boas pessoas, bem intencionados, sérios... mas parecia faltar uma luz interior, careciam de sonhos, comprometimentos, faltavam atitudes  proativas... e, principalmente, um quê de amor a instituição num nível muito além dos jardins.