DELEGADA MARIA ELISA  (PARTE CLXV): “‘FLÔRES’ PARA OS DELEGADOS REDONDO E WILMAR. SINAIS FUNESTOS PARA O DELEGADO ‘FLARES’ (DRP DE VIDEIRA). UNIVERSOS 'CAÍDOS', A ‘INVISÍVEL’ ‘ESCRIVÃ IVONE’ E TODOS OS ‘FLORAIS’ PRESENTES”.  

Por Felipe Genovez | 15/07/2019 | História

Aproveitando a viagem para falar sobre flores:

Data: 09.07.08. Horário:13:30 horas. Iniciamos a viagem de retorno para o litoral, a fim de pernoitar na cidade de Videira. Durante o trajeto de São Miguel do Oeste até Videira acabei intercalando um pouco de conversa, relatando episódios passados no cotidiano correcional, a respeito da história da Polícia Civil e da Segurança Pública. Sandra Andreatta me fez alguns questionamentos que mais pareciam provocações, ou seja, queria saber minha opinião sobre o Delegado Gentil, sobre o Delegado Wanderlei Redondo... e tive que ressuscitar fatos passados. No caso de Redondo comentei que foi o Secretário Sidney Pacheco (Coronel/Deputado/Secretário da Segurança -1991 – 1993) quem deu espaço para o mesmo, colocando-o numa área estratégia que foi o Setor de Identificação da Polícia Civil. Mencionei que – segundo informações – Redondo era o homem que passou a formar opinião e a municiar Pacheco, Esperidião e Ângela com informações privilegiadas a respeito de pessoas... Comentei, ainda, que Redondo, Lipinski e Rachadel apoiaram Sidney Pacheco nas eleições de 1997, entretanto, quando a candidatura de Pacheco a Deputado Estadual foi inviabilizada, passaram a apoiar o Delegado Júlio Teixeira (Delegado e ex-Deputado) que também foi apoiado por mim, pelo Delegado Jorge Xavier, pelo Delegado Krieger... No entanto, no decorrer da campanha Sidney Pacheco propôs um acordo com Júlio Teixeira e o nosso grupo acabou sendo “rifado”. Relatei, também, que em 1997 entregamos para o candidato ao governo do Estado Esperidião Amin o projeto de criação da “Procuradoria-Geral de Polícia”, unificação dos comandos das Polícias Civil e Militar, criação do segundo grau para carreira de Delegado de Polícia e superior à patente de Coronel da PM. Relatei que numa determinada data recebi um telefonema de Redondo quase que determinando que nosso grupo rompesse com o Delegado Wilmar Domingues porque o mesmo estaria envolvido com “bicheiros”, recebia propinas... Comentei que nesse contato acabei discordando de Redondo e o mesmo pareceu bastante contrariado, sentenciando que então nós teríamos que arcar com as consequências... Relatei que procurei o Delegado Wilmar e relatei o ocorrido, tendo o mesmo esclarecido os motivos daquela reação de Redondo, justamente porque anos atrás Wilmar havia prendido em flagrante a sua mulher que era proprietária de uma casa lotérica onde agenciava jogos. Aproveitei para comentar que no final do ano de 1997 houve um encontro político no Hotel Floph e no momento que Esperidião Amin adentrou o recinto do auditório e veio ao meu encontro, colocou sua mão sobre meu ombro direito, Redondo que estava ao meu lado pareceu “tocado”, dando a nítida impressão de ressentimento ou alguma espécie de ciumeira. Depois disso, passado um breve tempo, Esperidião Amin passou a demonstrar indiferença quanto a minha pessoa e isso deve ter ocorrido porque certamente Redondo teria feito algum trabalho no sentido de espalhar “boatarias” ou de fazer contrainformação..., repassando essas intrigas para o candidato Esperidião Amin, procurando fazer média encima do nosso grupo que estaria envolvido com bicheiros, pretendia assegurar espaços com interesses escusos... Comentei que por conta disso fomos ignorados, perdemos a oportunidade de trabalhar num projeto histórico para as “Polícias”, e que na verdade quem perdeu não foi o governo Amin em termos de fazer história, mas toda a sociedade catarinense. Quanto à Redondo comentei que um dos problemas dele era que talvez fosse meio ego-centrista, muito personalíssimo, que só pensa nele e não na instituição... Já no final da viagem, comentei que para se realizasse um projeto revolucionário na área da segurança pública talvez a única esperança fosse realmente a Senadora Ideli Salvatti, no entanto, isso iria depender de muitas variáveis e variantes, já Leonel Pavan, Eduardo Pinho, Esperidião ou Ângela, iria só nos impor estagnação, atrasos..., especialmente, com a linha de informações calcada em Redondo.   

"Flares" e "Florais": A invisível Escrivã Ivone: 

Data: 10.07.08. Horário: 09:00h. Havia acabado de chegar na Delegacia da Comarca de Videira, sendo que antes já tinha passado pela Delegacia Regional que ficava nas proximidades, cujo objetivo foi cumprimentar o Delegado Flares do Rosar, só que soube que ele estava afastado em razão de licença médica. Apesar disso, conversei com a policial Isabel que entrou em contato com Flares, ficando acertado que às dez horas nos encontraríamos. Por isso, resolvi me dirigir à Delegacia da Comarca a fim de tentar localizar a Escrivã Ivone, pessoa que – segundo minha opinião – era um porto seguro e ninguém poderia ser mais indicado para uma conversa reservada. Entrei no seu cartório e lá estava Ivone sentada de costas, sua mesa era sempre daquele jeito: uma bagunça total, também marcava aquele seu cabelo todo desengonçado, fora do lugar, arrepiado, parecia um ser notável, puro, simples e verdadeiro. Enfim, era incrível, ela me parecia uma pessoa sensacional, dava para perceber que era uma mulher bonita, porém, descuidada com seu aspecto físico por conta de variáveis e do próprio caos no seu meio. Se pudesse arriscar um palpite, aquele seu estado deveria refletir primeiramente o complexo de responsabilidades que abraçava, ou seja, era uma máquina de vapor em termos de trabalho, responsabilidades, convicções... Lamentei que não tivesse poder para proporcionar alguma coisa melhor para Ivone em termos profissionais. De imediato pedi que ela acessasse o “site” da Alesc (Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina) e como não poderia ser, com eficiência ela facilmente chegou ao projeto da “indenização aposentatória”. Expliquei o assunto e Ivone pareceu meio surpresa com o discurso do “Corregedor” que ao invés de estar ali para exercer funções correcionais, também era defensor de interesses classistas, na defesa dos policiais. Evidente que eu não tinha nada a dizer para Ivone em termos correcionais, muito pelo contrário, ela era merecedora de elogios. Argumentei que não deveria ter tomado aquele iniciativa, no entanto... Ivone revelou que estava indignada com a direção do “Sintrasp”, pois tinha sido notificada a pagar custas e honorários relativos a uma ação de horas extras patrocinada pela direção sindical quando ainda estava em Joinville e foi surpreendida que perderam a demanda e agora teriam que arcar com os prejuízos da ação, isto é, dois mil reais que seriam divididos entre dez policiais. Ivone acessou a Internet para me mostrar a tramitação da ação junto ao Tribunal de Justiça, tendo se surpreendido que haviam impetrado um recurso e sustado o pagamento das despesas judiciais e advocatícias. Aproveitei para relatar um pouco da minha luta no passado em defesa dos policiais civis, a começar mencionado que o projeto que resultou na reclassificação dos Escrivães para carreira de curso superior foi de minha iniciativa... Depois citei outros projetos vencedores e que tiveram a minha participação. Na medida em que avançava meu relato pude notar que Ivone desconhecia todos aqueles fatos (lei especial de promoções, estatuto comentado, sistema de entrâncias, reclassificação das carreiras, gratificação vintenária, anuênio permanência, retirada dos militares da direção das Delegacias de Polícia...). Pedi que ela repassasse as informações sobre o projeto da “indenização aposentatória” para outros policiais da região. Ivone – por meio do seu olhar – deu a entender que respeitaria meu pedido de reserva, revelando que na região existia um Deputado da cidade de Curitibanos com quem os policiais civis possuíam boas relações. No final da conversa, aproveitei para falar um pouco das eleições do “Sintrasp” e da necessidade dos policiais civis da região formarem uma massa crítica a respeito das chapas, em especial, considerando que a atual diretoria encontra-se há dezesseis anos à frente da entidade classista e dava a impressão de quererem se eternizar, já a outra chapa só conseguiu se habilitar ao certame por meio de uma liminar da Justiça...

Depois que deixei o cartório não tive como não pensar em Ivone, toda a alquimia que seu contato produzia, a bela essência... e como tudo aquilo poderia passar desapercebido de "Flares"... 

De resto, melhor seria pensar em "flores"..., para todos, partes tão importantes de "universos caídos", porém, real.