DELEGADA MARIA ELISA  (PARTE CLXIX): “OS DESABAFOS DO DELEGADO NILTON ANDRADE, AFINAL, ECOARIA? E, POR ONDE ANDARIA O LOQUAZ E QUASE INVISÍVEL “DGPC”MAURÍCIO ESKUDLARK? POBRE MARIA ELISA, TÃO FRÁGIL E TÃO FRIA,  SOBREVIVERIA?”   

Por Felipe Genovez | 24/07/2019 | História

O desabafo do Delegado Nilton Andrade:

Data: 14.07.07. Horário: 11:00h. Estava na minha sala e pude ouvir o Corregedor Nilton Andrade ao telefone falando com alguém e fazendo críticas à cúpula da instituição, especificamente, sobre uma determinada situação envolvendo a direção da Polícia Civil de  Mafra. Após concluir a ligação Nilton Andrade veio até minha sala ao lado para conversar e fez um desabafo que mais parecia uma continuação da conversa minutos antes com seu interlocutor. Nilton Andrade relatou que não aguentava mais as reclamações sobre a Polícia Civil de Mafra e que um Juiz de Direito telefonava toda semana reclamando dos Delegados, em especial, do Delegado Oclair Silveira... Durante o curso da conversa fixei meu olhar em Nilton Andrade e concordei que realmente era uma situação muito difícil e que tinham que fazer alguma coisa. Nilton Andrade fez outro desabafo:

- “Eu já falei com o Maurício, se até a semana que vem não tiver uma solução para Mafra eu peço exoneração, não continuo mais no cargo...”.

Lamentei pelo desabafo de Nilton Andrade porque era sincero, muito embora todos soubéssemos que assumir cargos de direção exigia um preço, inclusive, para quem buscava o poder, projeção..., e procurei registrar meus sinceros votos:

- “Olha, Nilton, podes ficar tranquilo que nós somos solidários a você, estamos do teu lado”.

Nilton Andrade reiterou que não passaria da semana seguinte, ou seja, iria exigir uma solução para o caso de Mafra, pois não sabia mais o que dizer à Justiça daquela comarca. Acabamos conversando sobre nossa situação institucional da Polícia Civil e relatei o que que tinha observado na região de Jaraguá do Sul. Nilton Andrade me interrompeu para comentar que a Juíza de Direito de Guaramirim havia feito um expediente para ele, denunciando a Delegada Jurema Wulf em razão do não cumprimento de requisições da Justiça. Nilton Andrade ainda revelou que Jurema simplesmente não respondia nada que era requisitado pela Justiça daquela comarca, o que me fez interromper nossa conversa  para afirmar que a “DRP” de Jaraguá do Sul era uma máquina para trabalhar... Nilton Andrade concordou:

- “Tudo bem Felipe, a gente sabe que ela trabalha, que ela é honesta, mas não dá, desse jeito não dá...”.

Interrompi:

- “Sim, eu conversei com ela e disse que tinha que ir para a ‘Regional’, eu orientei ela a designar um dos Delegados da Comarca para responder por Guaramirim, mas o problema é que ela não quer ‘rebentar’ ainda mais os Delegados de Jaraguá do Sul que estão sobrecarregados de serviços, então ela refere ir para o sacrifício. Só que assim a Delegacia Regional fica nas mãos de estagiários, de policiais civis, sem contar que ela fica vulnerável, acaba servindo de vidraça para a Justiça. Imagina, Nilton, a Delegacia Regional é um órgão estratégico, é lá que está o comando regional, é lá que se deve decidir, reivindicar, controlar os serviços, onde se deve dar visibilidade à instituição, receber autoridades, atender as pessoas, decidir sobre assuntos importantes de interesse policial. Eu falei para a Jurema, mas ela, coitada, está se desdobrando... Olha, eu vi a Cristine e fiquei com pena dela, mas acho que a Jurema deveria designar a Anelise que chegou agora lá para responder por Guaramirim, não achas?”

A seguir, acabamos conversando sobre o nosso projeto do “fundo aposentatório” e, também, sobre o aumento do efetivo da PM e lancei uma pergunta no ar questionando onde estaria a direção da “Adpesc” no momento em que esses projetos estariam tramitando na Assembleia Legislativa. A resposta só poderia ser uma: foco integral em Brasília, enquanto que no Estado o governo continuava blindado, sem sinais de oposição, enquanto isso a Polícia Militar articulava muito bem seus projetos no Palácio do Governo, também, os policiais civis estariam dando não só o corpo e a alma, mas o sangue, já outros estariam numa situação bem mais confortável...

Pobre menina:

Depois que Nlton Andrade deixou minha sala fiquei pensando em Marilisa, além de guerreira, de dar seu corpo e sua alma, de viver seus dramas pessoais e existenciais, acabava tendo que sair correndo da Polícia para não entrar em parafuso. As fotos de Marilisa antes e depois traziam a lembrança de quem foi e no que se transformou, da importância de ser invisível, como fugir do assédio de jornalistas nessas horas, como ser livre ficando no anonimato, ou quanto mais vista mais lembrada, cobrada e julgada... Nos primeiros tempos era um “caderno em branco”, depois... Outro fato importante era os seus limites, o preço emocional e espiritual... Haveria prazer em respirar o poder, sentir-se importante... ? Aquelas fotos no meu computador tinham esse poder de me fazer viajar no tempo e eram capazes de me fazer refletir sobre o micro e o macro, como as pessoas se perdiam nas suas “passagens” pelos cargos, funções... Dava para observar os cabelos de Marilisa bem tratados e preparados, os detalhes das sus vestes, a sua maquiagem bem produzida, os seus gestos ao se deixar fotografar, seus brincos e suas unhas vermelhas pintadas... Numa da fotos dava para ver o detalhe do quadro atrás de si, o seu olhar, a câmera..., de certa forma tudo aquilo lhe roubava suas energias, a tornava refém de seu próprio “mundinho”, mas evidente que isso tinha um limite, todo esse esforço tinha seu preço espiritual, emocional... e só poderia resultar nisto: férias correndo... Era a mais pura verdade porque Marilisa dava o seu melhor à causa policial, porém, isso lhe cobrava um preço muito algo, obviamente que também existia o outro lado: a questão do “ego”, a visibilidade pública que poderia impulsionar projetos, as fontes externas como vetor de emoções difusas..., de outra parte, tudo tinha o seu preço, pobre Marilisa, tão querida... , tão perdida neste nosso mundinho e, bem talvez, eu também. 

Polícia interroga Édina Ribeiro - Mulher caiu de shopping com filha de quatro anos - A delegada Marilisa Boehm, que entrará em férias amanhã, quer ouvir ainda hoje a empresária Édina Adriana Ribeiro, 30 anos, e a filha de 12, sobre a queda do 3º andar do Shopping Mueller, em Joinville. Édina Ribeiro e a filha Tiffany Ribeiro Huang, de quatro anos, despencaram de uma altura de aproximadamente 10 metros no início da tarde do dia 5 deste mês. A policial ainda não sabe onde serão os depoimentos, se na casa da empresária ou na delegacia. Édina Ribeiro já está em casa se recuperando das lesões sofridas na queda. Ela recebeu alta na sexta-feira, depois de passar por uma avaliação psiquiátrica no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. A filha Tiffany Huang continua internada no Hospital Materno-infantil Jeser Amarante e seu estado de saúde é regular. Com licença-prêmio de 30 dias, a delegada vai passar o caso para o delegado Wanderlei José Alves da Silva, que, atualmente, cumpre plantão na Central de Polícia. Ele será o terceiro delegado a assumir a investigação que desafia a polícia joinvilense a descobrir o que teria ocorrido minutos antes da queda de mãe e filha. No dia do episódio, o delegado Rubens Passos Freitas iniciou a apuração, já que estava de plantão. Ele chegou a descartar que a queda tivesse sido acidental” (DC, 15.07.08).