DELEGADA MARIA ELISA  (PARTE CCXIII): “DELEGADO ALBER ROSA E  SEU EX-SOGRO (HISTÓRIA PASSADA A LIMPO?). CEL.  MARLON JORGE TEZA SERIA UM EMPECILHO À UNIÃO DAS FORÇAS POLICIAIS? A VELHA QUESTÃO SALARIAL DAS POLÍCIAS”. 

Por Felipe Genovez | 30/10/2019 | História

Pratos limpos:

Data: 29.12.08. Horário: 10:00h.  Nesse momento foi interrompido em minha sala na Corregedoria com uma nova visita do Delegado Alber que nos nossos últimos contatos se revelava  uma grande surpresa como pessoa e  passava a integrar  o meu rol de  amizades. Era um dia atípico,  a grande maioria do pessoal encontrava-se afastada do órgão em razão dos feriados de final de ano o que me fez aproveitar  aquele momento para colocar  algumas coisas a limpo com relação ao passado, como o caso envolvendo seu ex-sogro, Delegado Lourival Mattos, especificamente, quando eu estava à frente da luta classista (décadas de oitenta e início de noventa). Depois do meu breve relato Alber comentou que passou a entender  por que o seu ex-sogro  tinha restrições ao meu nome, tudo por conta de uma notificação judicial na época em que ele respondia pela 2ª DP de São Jose que foi provocada por mim (líder classista) para que esclarecesse uma informação “errônea” que havia prestado à Justiça (sobre escala de plantões na 2º DP de São José).

O Coronel Marlon Teza:

Na seqüência conversamos sobre a necessidade do próximo presidente da “Adpesc” trabalhar um maior estreitamento de amizade com a associação dos Oficiais da PM-SC, com o objetivo de elaborarem um planejamento estratégico comum na defesa de interesses das duas forças policias. Alber revelou preocupação com as reformas no Código de Processo Penal, especialmente, em razão de que as investigações policiais preliminares teriam que passar por um controle preliminar do Ministério Publico e que isso na verdade sinalizava para uma situação crepuscular  do inquérito policial. Reforcei a idéia de que se fazia necessário esse planejamento estratégico argumentando que  enquanto o Coronel Teza estivesse à frente da  Associação dos Oficiais isso se tornaria uma missão quase que impossível. Procurei enfatizar que a Associação dos Delegados deveria procurar as bases dos Oficiais da PM... e assim deveria se formar uma boa bancada de parlamentares tanto no Estado como em nível Federal, sendo que isso seria  forma de segurar  espaços,  constitucionalização, mais prerrogativas... Relatei a importância de se trabalhar a idéia da unificação dos comandos das duas Polícias a partir da criação segundo grau nas carreiras de Oficiais e Delegados, como era o caso da Procuradoria-Geral de Policia. Alber pareceu cético, muito embora soubesse que se tratava de uma projeto de vanguarda, chegando a mencionar que os Oficiais estavam bastante temerosos com os avanços das Guardas Civis municipais que passaram a usar arma e a fazer os mesmos serviços que os PMs. Lembrei que a oportunidade era propícia para se buscar um dialogo com os Oficiais e que a hora exigia humildade e união. Depois desse nossa conversa fiquei pensando no Coronel Teza, um abnegado defensor dos Oficiais e da PM... E, também, lembrei que o Delegado Braga havia me dito tempos atrás que conhecia esse oficial e que ele seria um dos maiores obstáculos aos projetos de interesse dos Delegados, da Polícia Civil...     

A velha questão salarial:

Data: 06.01.09. Horário: 11:00h.  Recebi a visita do Delegado Nilton Andrade, Corregedor da Polícia Civil, meu visinho de sala de trabalho, que veio me relatar  que estava vendo na internet que haveria concurso para a Policia Civil do Distrito Federal cujo salário inicial de Agente  era de cerca de sete mil reais... Nilton parecia controlar sua acidez, porém, afirmou que  era uma vergonha os nossos salários em Santa Catarina, em especial, com relação aos Delegados de Polícia que percebiam remuneração de  menos de cinco mil reais.     

Por volta das  quinze horas resolvi retribuir a visita do  Delegado Alber me dirigindo até sua sala no andar superior da Corregedoria. Logo que cheguei fui perguntando sobre as novidades e Alber fechou a porta  para ficar mais a vontade comigo, chegando a comentar que até o mês de fevereiro deveria vir alguma melhoria salarial. Fiquei curioso com a notícia e continuei a ouvir seu relato, inclusive,  que o teto salarial iria  para quatorze mil reais e que os Delegados receberiam uma gratificação fiscal no valor de quatro mil reais. De qualquer maneira conversar com Albert era algo diferente, envolvia acima de tudo espiritualidade. Nisso  ele me surpreendeu pois dava para sentir  sua aura o que me fez mirar a  imagem de Jesus Cristo insculpida nos fundos da sua sala (localizada encima de uma mesa), e perguntei quem fez aquilo. Alber respondeu que havia ganhado de presente de alguém especial, revelando que  não era católico e sim espiritista. Resolvi perguntar se ele era “Kardecista”  e a resposta foi afirmativa. Na seqüência Alber fez alguns comentários sobre sua  doença degenerativa... Voltamos a conversar sobre a situação salarial dos policiais civis e Alber argumentou  que a Delegada Sonêa estaria  preocupada em fortalecer os Delegados de Policia sob o aspecto institucional o que me levou a pensar: “Assim fica fácil, bater na questão salarial seria desgaste  na certa perante o governo, agora defender prerrogativas... seria uma questão mais digesta, menos desgastante... Na verdade a questão era que   não se conseguia nada, leis não eram aprovadas, o tempo passava e o governo corria para o seu término, e tudo continuava na mesma estagnação, além do fato do mandato da líder classista se encerrar no mês de abril do próximo ano ...” .

“Aprasc” continua sua luta salarial:

“Governo ignora Aprasc - O governo Luiz Henrique adotou uma brusca mudança de rumo nas relações com as entidades que congregam os policiais militares, os bombeiros militares e os policiais civis de Santa Catarina. Depois de prestigiar todas as associações de oficiais e praças da Polícia Militar, convidando-as para negociações, durante anos, e até estendendo o tapete vermelho da Casa da Agronômica para recepções oficiais oferecidas a seus dirigentes, a estratégia, agora, é de desconhecer totalmente a sua existência. Tudo vai passar pelos comandantes de batalhões, pelos diretores da Polícia Civil e pelos comandos gerais, via secretário de Segurança. Nada de negociação direta. A posição mais radical está sendo adotada em relação à Aprasc – Associação dos Praças de Santa Catarina –, que liderou a greve do fim do ano, período em que foi escrito um dos capítulos mais tristes na história da corporação. Pela primeira vez, um comandante-geral teve impedido o seu ingresso no quartel-general. A versão que corre entre oficiais da ativa e da reserva é de que, por algumas horas, os amotinados tomaram os quartéis da PM e do Corpo de Bombeiros, naquele que se constituiu no momento mais tenso de toda a paralisação, diante da ameaça de intervenção do Bope. O secretário de Segurança, Ronaldo Benedet, anunciou, no auge da crise, que no dia 7 de janeiro haveria alguma posição nova do governo, uma proposta alternativa à Aprasc sobre a implantação da Lei 254. A diretoria da Aprasc programou para a data uma manifestação na Praça Tancredo Neves e outra na frente do Centro Administrativo. Ambas com participação frustrante, incomparável com a mobilização natalina. O governo, desta vez, agiu rápido para neutralizar a estratégia da Aprasc. O comandante Eliésio Rodrigues decretou “estado de prontidão” na polícia, impedindo a saída dos quartéis de todos os seus membros. Benefícios - Enquanto os integrantes da Aprasc e as mulheres dos policiais protestavam no Centro Administrativo, toda a cúpula de segurança pública, à frente o secretário Ronaldo Benedet, concedia uma entrevista à imprensa.Primeira notícia, anunciada antes pela assessoria do governador: ‘A Lei 254 está fora da pauta’ . Segunda: ‘O governo ignora a existência da Aprasc, refuga seus métodos políticos e está pedindo a sua dissolução na Justiça’ .Duas repentinas mudanças. 1. O secretário de Segurança Pública prometeu alguma notícia positiva sobre a Lei 254. Na penúltima sessão da Assembléia, o líder do PMDB, Manoel Mota, garantiu que o governo teria alguma novidade no dia 7 de janeiro. Não aconteceu nem uma coisa nem outra. 2. Luiz Henrique da Silveira foi eleito governador em 2002 com pequena diferença sobre Amin e o apoio massivo de oficiais e praças da Polícia Militar. Na campanha da reeleição, fez inflamado discurso de apoio aos praças na assembléia da Aprasc, no Clube 12 de Agosto, garantindo a implantação da Lei 254. Ali estava também Esperidião Amin. Feita uma consulta, o resultado foi avassalador: 1.850 votos para Luiz Henrique e apenas 18 para Amin.Benedet anunciou a conclusão de estudos do plano de carreira dos policiais civis, voltou a assegurar que a segurança terá o primeiro aumento salarial e prometeu moratória aos policiais endividados até o pescoço.E a decisão mais concreta do governo: a partir de agora, quando os policiais militares morrerem em serviço ativo, as viúvas vão receber proventos integrais. Seria trágico, se não fosse macabro”  (Moacir Pereira, 08.01.09).