DELEGADA MARIA ELISA (PARTE CCVIII): “CAÇAS-NÍQUEIS (‘GAME OVER’) E O CASO JUREMA WULF (JARAGUÁ DO SUL): HAVERIA UMA CONEXÃO HIERÁRQUICA ENTRE O ‘DRP’ DE ITAJAÍ E O DIRETOR DE POLÍCIA DO LITORAL?”
Por Felipe Genovez | 21/10/2019 | HistóriaJogos de caça-níqueis: Deu no jornal:
“A polícia na cobertura do jogo de azar - Investigação aponta esquema que avisava contraventores das ações - Por conversas em telefones celulares e mensagens de texto, policiais civis se encarregavam de proteger da própria polícia os responsáveis pelo jogo do bicho e da máfia do caça-níquel de Jaraguá do Sul e Guaramirim, no Vale do Itapocu. Do lado da jogatina, quem deveria fiscalizar e coibir é suspeito de se envolver numa relação de corrupção e propina, quebrada graças ao grampo telefônico de promotores de Justiça. Com prisão preventiva decretada, um feito pouco comum para suspeitos de envolvimento com contravenção e jogo ilícito em Santa Catarina, a delegada regional afastada de Jaraguá do Sul, Jurema Wulf, foi flagrada em telefonemas mandando alertas sobre operações policiais que ocorreriam na sua região de atuação. De acordo com decisão da juíza Patrícia Nolli, a delegada admitiu em interrogatório na Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em que está presa, que transmitia informações sobre as ações policiais destinadas à apreensão de máquinas caça-níqueis para que chegassem até o conhecimento da família Wodzinski, que comanda há décadas o jogo na região de Jaraguá do Sul. Jurema se disse envergonhada, segundo a juíza, e não conseguiu explicar os motivos para a relação com os contraventores. Também não justificou de forma plausível, conforme a magistrada, a origem dos R$ 3 mil em dinheiro que mantinha em seu poder ao ser presa na Operação Game Over do Ministério Público Estadual. Propina de R$ 3 mil a R$ 4 mil por semana - Segundo promotores que comandaram a investigação, a policial receberia de R$ 3 mil a R$ 4 mil por semana dos chefes do jogo na região de Jaraguá para deixar de atuar contra as atividade ilícitas ou repassar informações sobre blitz que ocorreriam por policiais militares ou policiais civis de Florianópolis. Promotores apontam que a delegada, que está no comando da Delegacia Regional de Jaraguá do Sul desde o dia 21 de julho de 2005, é suspeita de agir em conjunto com a escrivã de Guaramirim, Dilva Dolzan, que mesmo aposentada continuava na Polícia Civil. As duas revelaram, em gravações feitas por promotores com autorização da Justiça, estreita relação em benefício do jogo. Dilva é quem telefonava para os Wodzinsky depois de ser alertada por sua superiora, revelam os documentos da Justiça. Além de avisá-los sobre as ações que haveria, a policial chegava a interpelá-los para que o responsável pelo jogo fechasse o local de funcionamento das máquinas. A intenção seria frustrar a fiscalização. Segundo a magistrada, as tentativas eram quase sempre bem sucedidas” (DC, 16.11.08).
Delegado Colatto na berlinda?
“Diretor erá interrogado sobre conversa - O diretor do Litoral da Polícia Civil de Santa Catarina, delegado Márcio Colatto, aparece numa das gravações telefônicas interceptadas com autorização da Justiça na Operação Game Over. Colatto fala ao telefone celular com a então delegada regional de Jaraguá do Sul, Jurema Wulf. No trecho da conversa, que consta na decisão judicial sobre as prisões temporárias dos suspeitos presos na ação do Ministério Público, o policial diz à delegada que a Deic faria uma operação policial contra máquinas caça-níqueis em Jaraguá. Segundo promotores que investigam o caso, o nome do delegado apareceu somente nessa ligação e não há nada contra ele. Apesar disso, os promotores querem interrogá-lo sobre a conversa com a delegada para saber qual seria a intenção do aviso a Jurema sobre a operação dos policiais de Florianópolis que haveria no município. Segundo os promotores, Colatto não sabia que a investigação da Game Over estava em andamento. Informações foram determinadas pela Deic - Procurado pela reportagem, o delegado disse que a ligação foi estritamente profissional e operacional. Segundo ele, é determinação do delegado-geral que seus diretores informem os policiais da região quando há ações da Deic. Colatto afirmou que nunca teve qualquer vínculo com o jogo e atividade dessa natureza, que a conversa com a delegada também tratou de outros assuntos e que ela sempre despertou a confiança dos diretores e delegados. Colatto comentou que está à disposição dos promotores. A promotora do Ministério Público em Guaramirim, Maria Cristina Pereira Cavalcanti Ribeiro, também figura numa das escutas. Segundo promotores que investigam a Game Over, Maria Cristina sabia da investigação e foi acionada para ajudar na apuração. Ela foi procurada pela reportagem, mas não quis se manifestar a respeito” (DC, 16.11.08).
Com a palavra o Delegado-Geral Maurício Eskudlardk:
“Deu zebra no jogo do bicho! Gravações autorizadas pela Justiça mostram relações entre policiais e suspeitos de contravenção - Conversas em telefones celulares e mensagens de texto gravadas com autorização de Justiça e que estão em relatórios entregues pelo Ministério Público de Santa Catarina à juíza da Vara Criminal de Jaraguá do Sul, Patrícia Nolli, mostram que alguns policiais civis são suspeitos de proteger da própria polícia os responsáveis pelo jogo do bicho e da máfia do caça-níquel de Jaraguá do Sul e Guaramirim, no Vale do Itapocu.Com prisão preventiva decretada, um feito pouco comum para suspeitos de envolvimento com contravenção e jogo ilícito em Santa Catarina, a delegada regional afastada de Jaraguá do Sul e responsável pela DP de Guaramirim, Jurema Wulf, foi flagrada em telefonemas e mensagens de texto em que mandava alertas sobre operações policiais que ocorreriam na região (veja alguns destes diálogos nas páginas 18 e 19). De acordo com decisão judicial da juíza Patrícia Nolli, a que “AN” teve acesso, a delegada admitiu em interrogatório na Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde está presa, que transmitia informações sobre as ações policiais destinadas à apreensão de máquinas caça-níqueis para que chegassem até o conhecimento de alguns integrantes da família Wodzinski, suspeita de comandar há décadas o jogo na região de Jaraguá. A OPERAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO: Desencadeada no dia 3 deste mês pelo Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do Ministério Público de SC em Jaraguá do Sul e Guaramirim. Desarticulou organização do jogo do bicho, exploração de máquinas caça-níqueis, corrupção de autoridades policiais e crime contra a economia popular. Foram cumpridos 19 mandados de prisão e 12 de busca e apreensão. A investigação iniciou em outubro de 2007. Foram apreendidos máquinas de impressão gráfica, computadores, documentos, 40 mil blocos de apostas e quase R$ 500 mil. Foram apreendidos máquinas de impressão gráfica, computadores, documentos, 40 mil blocos de apostas e quase R$ 500 mil. Sete pessoas continuam presas, e cinco foram liberadas. QUEM SÃO OS ALVOS DO MP: José Wodzinski, o Zeca Bicheiro - É considerado o bicheiro mais antigo de Jaraguá, dono da banca Zé-K. Vinicius José Wodzinski - Filho de Zeca Bicheiro, atuaria com o pai nos negócios. Jurema Wulf - Delegada regional da Polícia Civil em Jaraguá do Sul. Foi afastada do cargo após ser presa. Daria informações privilegiadas aos suspeitos sobre operações policiais em troca de dinheiro e teria deixado de combater o jogo e a exploração de caça-níqueis. Dilva Dolzan - Escrivã da Polícia Civil em Guaramirim. Atuaria com a delegada, repassando as informações sobre operações policiais aos responsáveis pelo jogos. Édio Nei Dolzan - Despachante, filho de Dilva. Foi solto após cinco dias de prisão temporária. Curt Kuchenbecker, o Chico - Seria sócio de Bell na Trevo da Sorte. Rubens Alcarria Junior - Silvio Antônio Sutil de Oliveira - Lídio Ceppli” (A Notícia, 16.11.08).