Deficiência visual
Por Eliane Dirce Maurina Chemello | 12/09/2016 | EducaçãoRESUMO
Este artigo analisa o universo da educação inclusiva e o preparo da criança com deficiência visual para a alfabetização na escola regular, na qual envolve a participação de todos na escola para atender as necessidades educativas especiais destes alunos em sala de aula. Aborda questões referentes ao conceito e metodologias sobre a deficiência visual e busca um olhar sobre a prática pedagógica do professor, direcionando o mesmo para uma prática mais reflexiva dos procedimentos e recursos que podem ser utilizados durante o processo ensino-aprendizagem. Para este trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica como método de pesquisa, visando contribuir melhorias no processo de aprendizagem para uma melhor prática inclusiva, pois nos últimos tempos vem sendo um tema muito debatido, levando-se em conta a dificuldade que é a inclusão de crianças cegas na rede regular de ensino. Entender as especificidades da criança cega ao recebê-la na escola é favorecer o seu desenvolvimento integral.
INTRODUÇÃO
O movimento em direção à escola inclusiva é um dos grandes desafios do cenário educacional. Atualmente a inclusão de crianças com deficiência visual está presente no dia a dia como um processo que tem como princípio o valor social da igualdade. Na escola, algumas vezes o despreparo do professor o faz sentir-se inseguro, preocupado e desamparado em sua atuação. A presença de crianças cegas exige, antes de tudo, uma mudança de atitude, não só de professores, mas de toda comunidade escolar.
A importância de discutir este tema se justifica pelo fato de que muitos professores encontram dificuldades no processo de alfabetização da criança cega.
Analisando essa temática, o presente trabalho tem como objetivo buscar mais informações, através da pesquisa bibliográfica, a respeito dos processos da educação inclusiva e os procedimentos adotados pela escola em termos de valorização do desenvolvimento humano de crianças com deficiência visual.
Considerando a igualdade de direitos, a educação para todos e a necessidade que todo cidadão tem em viver em sociedade, este trabalho busca analisar o que é alfabetizar, os desafios, os recursos e as abordagens para o ensino-aprendizagem da criança cega, assim como o trabalho no atendimento educacional especializado. Procura mostrar um estudo referente ao conceito, as causas e as características da deficiência visual, identificar fatores que auxiliem o planejamento do professor com alunos cegos, buscando enriquecer seus conhecimentos teóricos e proporcionar uma nova visão na prática pedagógica.
Incluir a criança cega na escola não significa apenas colocá-la em classe junto com outras crianças e sim, integrá-la com garantia de direitos e deveres, aceitando suas dificuldades e compreendendo suas necessidades e capacidades. É refletir sobre princípios desse novo paradigma, que vai desde a convivência desses alunos num espaço comum, a reestruturação do trabalho pedagógico da Escola como um todo e o investimento na infraestrutura necessária. Em contrapartida o aluno dito normal terá a oportunidade, desde cedo, de conviver com as diferenças e desta maneira aceitá-las e, sobretudo respeitá-las.
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DESENVOLVIMENTO
2.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Analisando historicamente a evolução da educação inclusiva, esta vem sofrendo mudanças significativas. O surgimento de leis que apoiam alunos com necessidades educativas especiais na escola de ensino regular faz a comunidade repensar conceitos, evoluindo cada vez mais no paradigma da inclusão. Várias barreiras ainda são encontradas pelas pessoas com deficiência, como o preconceito e atitudes discriminatórias, geradas pelas instituições escolares reprodutoras das injustiças e desigualdades sociais, impedindo que a mesma invista em novas ações.
A Lei de Diretrizes e Bases (nº 9394/96) trata a Educação Especial como “uma modalidade de educação escolar voltada para a formação do indivíduo, com vistas ao exercício da cidadania, que deve se realizar transversalmente, permeado a todos os níveis e demais modalidades de ensino nas instituições escolares”.
A inclusão é a capacidade de entender e reconhecer o outro e ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. Muito se fala sobre inclusão, mas o que mais se conhece é uma parte da lei que determina a entrada de pessoas com deficiência na rede regular de ensino. Corre-se para cumprir essa lei, mas não se luta pela qualidade da inclusão.
Hoje, a simples inclusão dessas crianças nas escolas não lhes garante o direito a uma educação de qualidade. Leva-se em conta a questão legal e teórica, mas esquece-se a parte cognitiva e o emocional da criança. Na educação inclusiva se cultuam discursos sobre diversidade e inclusão, entretanto não se tem proporcionado condições adequadas para a construção de conhecimentos para esses alunos diversificados.
Na interpretação de Mantoan (2004), a Inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais é um movimento que tem sido muito polemizado por diferentes segmentos, mas essa inserção nada mais é do que garantir o direito constitucional que todos independentes de suas necessidades, têm a uma educação de qualidade, e que a Inclusão vai depender da capacidade de lidarmos com a diversidade e as diferenças.
Assim, é preciso a compreensão de que é necessário um projeto educativo, cooperativo e de avaliação individualizada para cada aluno com deficiência, sem deixar apenas nas palavras e como estatística de matrícula. Sendo a educação um dos fatores mais importantes na transformação para todos os indivíduos, então é preciso que a criança com deficiência visual tenha educação de qualidade e que atenda suas necessidades educativas especiais.
A proposta de inclusão escolar baseia-se num processo de educar e ensinar crianças com necessidades em uma mesma sala de aula, sem prever a utilização de práticas de ensino específicas para esta ou aquela deficiência. Trabalhar com portadores de necessidades educativas especiais exige a disponibilidade do educador, dos pais, do aluno e da equipe administrativa da escola.
De acordo com as palavras de Freire (1996):
“É de inclusão que se vive á vida. É assim que os homens aprendem, em comunhão. O homem se define pela capacidade e qualidade das trocas que estabelece e isso não seria diferente com os portadores de necessidades educacionais especiais”.
Para que haja inclusão não basta somente receber o aluno em sala de aula, e sim garantir que o aluno com deficiência avance em seu aprendizado. E para que isso aconteça é preciso que o docente, a escola com equipes bem organizadas e a estrutura necessária e os pais trabalhem cada vez mais em conjunto.
A escola preocupada com a questão e que busca recursos e pessoal de apoio faz da inclusão um projeto. Dessaf orma, busca melhorar as condições de trabalho dos professores, que passam a atuar em conjunto com um proissional responsável pelo Atendimento Educacional Especializado, a contar com recursos tecnológicos e a ter conhecimento de que o aluno com deficiência não é responsabilidade somente sua. Com a parceria da família, as possibilidades de sucesso são ainda maiores.
A inclusão também envolve um processo de refeorma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as oportunidades educacionais e sociais que a escola oferece.
A inclusão no âmbito educacional é mais do que simplesmente permitir a permanência de um aluno com alguma deficiência em sala de aula. É um processo contínuo de possibilitar a este aluno um real acesso à educação, tendo-se em vista que acesso à educação é mais do que frequência a uma escola, é oferecer a possibilidade do aluno especial apropriar-se de todos os serviços qe a mesma oferece aos demais alunos. (BARBOSA, M.D.S.; BARBOSA, A.S.; 2003).
Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar. Com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças.
Preservar a diversidade que se encontra na realidade social, representa oportunidade para o atendimento das necessidades educacionais com evidência nas competências, capacidades e potencialidades do educando.
Entretanto, para que a inclusão de fato se concretize, é necessário que os professores estejam preparados para lidar com esse tipo de situação. O art. 59, inciso III, diz que os sistemas de ensino devem assegurar aos educandos com necessidades especiais “professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns” (Brasil, 1996, p. 44).
2.2 DEFICIÊNCIA VISUAL
A história da deficiência visual na humanidade é comum a todos os tipos de deficiências. Os conceitos foram evoluindo conforme as crenças, valores culturais, concepção de homem e transformações sociais que ocorreram em diferentes momentos históricos.
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