Dédalus e Prometeus
Por Ivan Henrique | 10/02/2011 | PoesiasDédalus e Prometeus
Minha distância do convívio humano acentuou-se
quando roubei a personalidade das águias e dos demônios
e de todos os seres alados.
Quando fugi da realidade terrestre e construí asas
Para poder decifrar os labirintos.
Me elevei corajosamente,
Ousei majestosamente,
E me aproximo hereticamente dos deuses.
Minha visão dos tetos das casas e dos templos, dos topos de colinas
traduz minha orgulhosa arrogância.
As flechas dos arqueiros tocaram de leve a minha gloriosa engenharia.
Mas pássaros espertos não se deixam engaiolar.
Então voei muito alto e vi o mundo de cima, até me aproximar do Sol,
e o Sol derreteu a cera da máscara do meu caráter.
Na queda, num delírio, misto de dor e libertação eu vi Prometeu,
cujo crime foi a busca do conhecimento, brincando com a abutre.
Mergulhei no mar e minha consciência rodopiou e sumiu,
devorada pela fome dos espectros rotineiros.
Ivan Henrique Roberto
24.05.1983