De Vários dos Maiores Gênios e Suas Relações com Deus
Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 26/03/2025 | HistóriaA raça humana. Esta forma de vida, à qual pertencemos, sempre teve perguntas a respeito de seu surgimento. E, desde sempre e até mesmo em túmulos pré-históricos encontrados no Iraque, se verifica que creditamos o nosso surgimento a alguma força superior, consubstanciada em vários ou num único deus, a depender da civilização discutida. Os egípcios, gregos, romanos, hinduístas, astecas, maias, olmecas, toltecas e incas, por exemplo, eram politeístas. Os muçulmanos, cristãos e judeus são monoteístas. E os budistas são não teístas. Aqui, tratarei de aspectos espirituais de grandes personalidades da Europa que se destacaram por suas descobertas ou feitos, e que, não obstante as imensas evidências, como o mal onipresente caracterizador de nosso mundo, não deixaram, por suas naturezas intelectivas, de crer no Deus único cristão.
(a) Fiódor Dostoievski: escritor russo, dos mais famosos. Acreditava em Deus. Apesar da explícita existência do mal, Dostoievsky sustentava que as normas de conduta humanas deveriam se adaptar ao antônimo daquele, por meio de um absoluto referencial. E esse referencial seria Deus, cuja palavra, absoluta e imutável, todos os homens deveriam seguir. Sem esse referencial absoluto e imutável, não haveria fundamento nas normas humanas, que perderiam sua validade para a Teoria da Evolução e da Seleção Natural, de Charles Darwin, inumanizando-nos e reduzindo as pessoas a só mais uma espécie comum, que, embora racional, não teria senso moral.
(b) León Tolstoi: escritor russo. Autor de clássicos como “Guerra e Paz” e “Anna Karenina”. Diante do avanço do capitalismo sobre seu país, antes das Revoluções de 1917, Tolstoy se desiludiu com a Igreja Ortodoxa Russa, que, para ele, desvirtuava os ensinamentos de Cristo e corrompia sua doutrina mediante a adoração da riqueza e do luxo próprios. Tolstoy só mantinha relações com a esposa para a procriação, gerando cerca de quatorze filhos, sendo que, no seu entender, os verdadeiros cristãos deveriam viver com o mínimo necessário e prática do asceticismo. De fato, se virmos fotografias suas do início do século XX, aparecia bem delgado, numas imagens que lembrariam o então futuro líder da Independencia da Índia, Mohandas Gandhi.
(c) Nicolau Copérnico: cientista e astrônomo polaco. Descobridor do sistema heliocêntrico, segundo o qual nossa estrela, o Sol, é circundada por milhares de corpos celestes, dentre eles a Terra. E, apesar de a Igreja Católica Romana impor, na sua época, uma Terra que seria o centro do universo, Copérnico separou bem que “Igreja” não é, necessariamente, sinônimo de “Deus”. Persistindo na sua crença em Deus, entrou atrito com a Instituição, que ao final da querela nada contra ele perpetrou. Até mesmo porque exercia a religião institucionalmente.
(d) Voltaire: filósofo francês iluminista. Tinha a crença de que a Inglaterra era o farol do mundo, especialmente por seu regime econômico e religioso liberal, em contraposição a uma França rural e absolutista. Se acreditava na liberdade religiosa, dava também espaço aos ateus com uma grande citação, de interessante ambiguidade: “se Deus não existisse, teria de ser inventado”. Ou ele acreditava em Deus, o que é mais provável, eis que um ser abstrato e metafísico mereceria todos os louros, ou os homens teriam de criá-lo para amá-lo e seguir suas absolutas e imutáveis leis, conforme, mais tarde, ratificaria Dostoievsky.
(e) Albert Einstein: cientista teuto-estadunidense. Acreditava em Deus, mas não nas instituições terrenas que diziam Ele representá-lo. Expressou isso muito bem numa fase cravada: “É tão ingênuo acreditar na punição eterna dos espíritos quanto negar a existência de Deus”. Mas também disse que “Religião sem ciência é cega, e ciência sem religião é manca”. Haveria de ter, assim, uma intensa cooperação entre as Instituições terrenas, ditas representantes de Deus, com o absoluto imutável de Dostoievsky.
(f) Isaac Newton: cientista britânico. Tanto acreditava em Deus que, após provar suas teorias (especialmente as relativas à física newtoniana) seguiu carreira eclesiástica, a exemplo de Copérnico.
(g) Jean-Paul Sartre: filósofo marxista francês - Famoso por recusar o Prêmio Nobel de Literatura, sob o argumento de que se tratava de uma láurea “burguesa”. Como mandava a ideologia per si seguida, não acreditava em Deus. Mas, pouco antes de morrer, em 1964, afirmou que, apesar de tanto, tinha uma esperança de que Ele existisse.
(h) Arhur Schopenhauer: filósofo alemão. Não acreditava em Deus, com o argumento de que a existência é, digamos, uma fatal casualidade do destino, tendo desenvolvido um sistema filosófico ateu, que, como seu conterrâneo Friederich Nietzche (que também tinha ojeriza à crença teísta), alimentaria os espíritos materialistas e pessimistas mundo afora.
Todos os serem humanos merecem respeito. Todos, mas, principalmente, os acima citados, pois nunca deixaram as evidências, suas descobertas ou feitos, degenerarem em arrogância antropocêntrica, ou macularem suas crenças na existência do divino. Meus respeitos a todos eles.