De salto e vuvuzela rosa

Por Débora Elias | 22/06/2010 | Sociedade

Por Débora Elias Dias atrás me vi diante da missão de escrever um artigo sobre futebol. Minha primeira reação foi recusar terminantemente. "Como é que eu vou escrever sobre futebol, assunto sobre o qual não entendo nada?". Esta foi a minha indagação ao colega de trabalho que me fez a encomenda e ainda emendou um provocador: "Você não é jornalista? Jornalista sabe falar sobre qualquer coisa!". Incrível como a minha profissão me torna uma "versão bípede do Google". Enfim, vamos lá. Milhares de idéias soltas na cabeça. "Será que devo começar falando de Charles Miller?". Achei que seria uma boa e fui procurar na internet. Numa enciclopédia digital descobri que Charles William Miller, considerado o pai do futebol no Brasil, nasceu em São Paulo. Gente, ele era brasileiro! Nasceu no Brás! E eu que achava que fosse inglês! Na verdade, Miller era filho de pai escocês e mãe brasileira, de ascendência inglesa. Aos dez anos, foi estudar na Inglaterra, onde aprendeu a jogar rugby, críquete e futebol. Aos quase vinte, de volta ao Brasil, trouxe na bagagem duas bolas usadas, um par de chuteiras, um livro com as regras do futebol e uma bomba de encher bolas. Ali era plantada a semente do esporte que até hoje hipnotiza milhões de brasileiros. Tá, e o que essas informações tem de tão excepcional para tornar meu artigo superinteressante? Nada. Que ótimo. Resolvi abandonar Charles Miller e avançar um pouco na evolução do esporte bretão. "Que tal falar sobre as regras?", pensei. Enquanto considerava que este poderia ser um bom ponto de partida, lembrei da minha impressionante incapacidade de enxergar, por exemplo, o desenho de um impedimento. Alguém, por favor, consegue me explicar, de forma bem didática - quase débil - como é que se identifica o time "A" formar a tal da "linha" que coloca o jogador do time "B" em situação de impedimento? Eu não entendo, não enxergo e ? quer saber? ? também não quero mais falar de regras. Pensei ainda em dizer algo sobre o Mundial no Brasil. Que beleza! Se o mundo não acabar em 2012, a Copa de 2014 promete ser uma grande festa, tipicamente brasileira, regada a muito samba, suor e cerveja. E...?? E...que eu sei que estamos às voltas com a polêmica do Morumbi vetado, que São Paulo vai ficando de fora da lista das cidades-sede e que uma solução apontada para resolver o problema seria a construção do Piritubão. Como dá para notar, tudo o que eu sei não é absolutamente nada comparável à invenção da pólvora. Mas, aproveitando que falei da nova arena, que nome foi esse que encontraram para batizar o possível novo estádio? Fico tentando imaginar a imprensa estrangeira tentando dizer o nome Pi-ri-tu-bão. Que brega! Bom, como deu para perceber, sou um zero à esquerda quando o assunto é futebol. Melhor mesmo é não insistir em falar sobre o tema. A quantidade de bobagens e análises infundadas faria Charles Miller não só se revirar, como dançar o "Moonwalk", de Michael Jackson, no túmulo. Bom, mas torcer eu sei. E torcerei fervorosamente. Até o fim. Em cima do salto, com a minha vuvuzela rosa.

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