De Repente o Vazio! E Agora?
Por Paulo de Aragão Lins | 05/11/2008 | FilosofiaDE REPENTE, O VAZIO! E AGORA?
É algo realmente imprevisível. Você vai andando por aí, no vai-e-vem, no lufa-lufa, no corre-corre da vida, e nem pára pra pensar.
O dia passa ligeiro, com seus ardentes destinos.
Rostos, braços, boca, pés, ônibus, aviões… Vão passando, vão correndo, vão levando a existência, em um torvelinho de lutas/paixões, sonhos/ilusões, fracassos/desesperos, cai/levanta, sobe/desce, vem/e vai, vive/morre, ama/ri, canta/chora, passa/volta, pensa/pára…
E, de repente, você viu o que não pensava ver, viveu o que não pensava viver, sentiu o que não queria sentir, entendeu o que não queria entender. De repente, está aí diante de você: O VAZIO!
Veio surgindo aos poucos, quase sem dar sinal de si. Não parecia qualquer coisa séria, ou importante. Mas era! Lancinante, tremenda, terrível, contundente, seriíssima, até.
Aquela coisa viscosa, sibilante, serpentina, que nem parecia algo concreto, de repente apareceu: O VAZIO!
Sem luz, ou razão, ou entendimento, ou visão do eterno, do infinito, do atemporal, do imponderável, do inescrutável, do inacessível, você descobriu que estava só, lançado no meio de um universo desconhecido, em meio a relações, vibrações, dimensões e parâmetros impossíveis de serem aquilatados, por sua compreensão finita, temporal e restrita.
Você encontrou o fim de toda vida sem Deus: Um grande NADA diante de si. Viu-se lançado no mundo, aparentemente sem motivo, e condenado à morte. E tudo isto sem ser consultado!
Descobriu que na dimensão física as respostas não são gratificantes, os estímulos vão paulatinamente perdendo seu sentido, as aspirações vão deixando de ser o que pareciam…
A razão começa a falhar, a visão terrena e animal deixa de vislumbrar a essência das coisas, a mente começa a demonstrar a incapacidade de solver este problema transcendental, metafísico, aloexistente, que extrapola toda a sua capacidade de apreensão.
Você descobre, então, que o vazio tem de ser preenchido com alguma coisa, algo que seja maior do que você mesmo. Descobre, com espanto, que em você existe um abismo profundo, tenebroso lúgubre, horripilante.
Você passa a descobrir, essencialmente, o que é a depressão, a ansiedade, a angústia metafísica, o desespero do ser e do não ser.
E no momento em que um gélido vendaval começa a sacudir-lhe todo resto de razão, sanidade e finalidade, você, espantado consigo mesmo, clama ao desconhecido e invisível.
E o eco dos séculos traz uma doce voz, uma voz meiga, terna e afável que reverbera em seus ouvidos espirituais:
Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas."