De repente, eu comigo mesmo!

Por Rafael Moraes | 30/06/2016 | Crônicas

Crônica: De repente, eu comigo mesmo! 

De repente, lá se foram 25, embora as velinhas ainda comecem com o algarismo 2. Ali, na casa dos 20, algumas coisas já não surpreendem. Nem tudo acontece da forma com que se quer, mas certamente saberá o que não quer para os próximos anos, pois, é provável que as escolhas mais decisivas da vida sejam feitas nesse período.

Impressionante como muitas vezes a vida passa do lado de fora e não percebemos, pois já era o momento de compartilhar mais um ano de sobrevida. Momentos e ocasiões em que colocamos uma lupa, a fim de melhor observar, analisar e, refletirmos sobre muitas coisas, procurando extrair o que nos serve de aprendizado. Foi assim que deparei-me comigo mesmo, questionando-me e analisando as diversas peculiaridades de uma vida corriqueira.

Já era fim de tarde, tempo fresco e, pela ocasião, data em que acumulo mais um ano de vida, coloquei-me a refletir sobre muitas coisas, pois, creio que há momentos em que precisamos ouvir o nosso coração com cuidado, amor, respeito, dedicação. Indagava-me sobre diversas atitudes, comportamentos, ideais e, claro, as pretensões para o amanhã, já que o mesmo se apressa em chegar. Ocorreram-me as mais profundas reflexões: O que nossa alma pede? Do que temos medo? O que precisamos? O que falta? Por que falta? O que sobra? Por que sobra? O que queremos da vida, o que estamos fazendo para conseguir viver, sentir e alcançar o que tanto procuramos? Perguntas que só o nosso coração sabe responder.

Em meio à tantos questionamentos, lembrei-me de tudo e de todos. Tantas histórias, tantas conversas, risos, lágrimas. Imaginei todas as pessoas que existiram nesse mundo e que de minha história, até aqui, fizeram parte, e as outras tantas que ainda estão por vir. Pensei nos que já se foram; pensei também naqueles que vivem por aqui ainda hoje, e por um momento, me dei conta do quanto a vida é breve e, ao mesmo tempo, intensa. Pessoas que por fatalidade ou escolhas incertas não tiveram a sorte que eu tive. Sim, considero-me ter muita sorte. De tantas vidas, de tantos caminhos, de tantas possibilidades que, por vezes, culminam em desordem e resultam no trágico, me vejo amadurecendo como ser humano, dia após dia, e tornando-me mais feliz, mais perto do alvo. Pressuponho que seja um contentamento por perceber que estou aprendendo alguma coisa com a vida.

Foi breve, foi intenso e infinito. Momento pelo qual resolvi registrar. Quando me dei conta, já se passavam das sete, já era noite; precisava me organizar, pois no dia seguinte, voltaria a vivenciar o corriqueiro. Para muitos, monótona rotina, mas que cultivo com amor, mesmo que, por vezes, seja árduo e nauseante tal percurso.

Enfim, são elas, as ocasiões, que nos levam a fazer uso da "lupa" e, numa tarde de domingo qualquer, coloca-nos a observar detalhadamente, a refletir sobre as coisas mais simples e, extrair o aprendizado necessário.

MORAES, Rafael. Crônica. 2016.