De mal a pior

Por NERI P. CARNEIRO | 19/02/2012 | Filosofia

De mal a pior

 

Não sei o que é pior ou se estamos “de mal a pior”! ou se efetivamente vivemos no pior!

Tem aqueles representantes do executivo que passam todo o mandato fazendo “mil e uma” obras. Sabemos que isso não é com o fim de melhorar o atendimento à população pagadora de impostos (a qual ao menos por isso deveria ser respeitada), mas com o objetivo de ter mais obras em andamento e com isso faturar alto no “sagrado” percentual que as empresas precisam pagar para vencer as licitações (Pois também sabemos que quando a empreiteira não está ligada ao “cara” a empresa só vence a licitação se, de alguma forma, reverter um percentual do valor da obra ao deputado fulano de tal, ao senador tal e ao tal fulano que é prefeito ou governador...)

Também tem aqueles chefes do executivo que passam três anos de seu mandato numa inércia que até assusta. Só não dá para dizer que está tudo morto porque os funcionários continuam cumprindo suas obrigações, sagradas de cobrança dos impostos – os quais, no caso da nossa cidade, foram extorsivos, no ano passado. Impostos que não voltam a nós que os pagamos na forma de bom atendimento nos serviços básicos de saúde, segurança, educação e conservação das ruas e estradas...

No primeiro caso o cara fatura durante todo o mandato e depois ainda busca a reeleição dizendo que fez e aprontou e fez isto e aquilo, como se fazer as obras públicas fosse um favor e não obrigação. O cara foi eleito para isso e ainda faz pose de bonzinho só porque cumpriu com sua obrigação. E não diz que fez as obras que fez porque estava, financeiramente  lucrando alto – e agora quer lucrar mais um mandato para continuar “nadando de braçada” no dinheiro público...

No segundo caso o cara é incompetente para o cargo a que foi eleito. Mas vê uma oportunidade de faturar alto com algumas obras emergenciais no final do mandato. Esse tipo é tão incompetente que nem foi capaz de roubar durante os três anos de mandato e mantém o marasmo no último. E com isso tenta se mostrar como salvador da pátria, dizendo que não fizera antes porque seus opositores se opunham a tudo que tentava realizar. E assim tenta fazer pose de vítima para despertar sentimento de compaixão, por parte dos eleitores; “finge-se de morto para faturar o coveiro”.

O fato é que, nos dois casos estamos de mal a pior... ou nos dois casos estamos na pior, pois os piores são esses que se elegeram para produzir o bem comum, mas comumente se servem de seu mandato para se dar bem e fazer suas empresas lucrarem muito.

E o povo?!... o povo! Bem o povo tem o que merece, pois os elegeu. Tanto o primeiro como o segundo exemplo de parasita que se alimenta de votos e suga a seiva dos cofres públicos está lá porque o povo vota!

O povo vota e, por isso, sofre mais que “sovaco de aleijado”. O povo tá “enfiado no fiofó do saci”. O povo fica “dando rasteira em cobra”, está “matando tico-tico a sopro” e “jacaré a beliscão”. Para o povo, eleitor desatento, a situação é esta: “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. É uma situação em que se “escorregar da frigideira vai cair na chapa”.

O povo é eleitor desatento, não porque não seja sábio, mas porque se parece com um boi: forte, mas não sabe a força que tem. Como você sabe, se o “boi soubesse da força que tem não virava churrasco”. Por isso o povo vota, “enfia a viola no saco” e volta pra casa pensando que aqueles que forem eleitos agirão em nome da ética, dos bons costumes, produzirão os serviços básicos para os quais os impostos são arrecadados.  Na verdade o povo não está “vendo um palmo diante do nariz”, pois se visse o que acontece, perceberia que estão nos afogando num “mar de lama”.

Mas como “direito de enforcado e espernear”, quem sabe a gente não seja capaz de olhar ao nosso redor para ver o que os mandatários estão aprontando. Se nós nos dermos conta de quanto nos estão “passando a perna” poderemos fazer com que eles vão “dar com os burros n’água”. E aí ficarão “com a viola em caco”. Se nós, os eleitores, nos dermos conta de que estamos sendo passados para trás, poderemos mostrar aos pilantras o perigo de “cutucar onça com vara curta”. Verão que se “mexer com marimbondo pode levar ferroada”. Nosso ferrão, além do voto – vingança que só ocorre de quatro em quatro anos – pode ser a mobilização popular, mas se “cochilar o cachimbo cai”.

Estamos vendo o que ocorre em muitas cidades (as obras começam a aparecer, depois de anos de dormência); e pelo Brasil a fora: alguém gritou “pega ladrão” e saiu “lebre de muitas moitas”. Então temos que ficar espertos, pois nesta época eles aparecem, cara lambida; parecem cordeirinhos, mansos e com muitas promessas. Mas “são raposas querendo cuidar do galinheiro”!!!

Talvez possamos mostrar que “macaco velho não pula em galho podre”.

 Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura - RO