DATAS COMEMORATIVAS
Por NERI P. CARNEIRO | 09/03/2014 | FilosofiaDatas Comemorativas
A propósito do dia internacional da mulher, que acabamos de comemorar, me fiz alguns questionamentos que agora partilho com você.
No fundo e à frente disso tudo estão as chamadas “datas comemorativas”. Quer dizer, aqueles dias ou períodos e que se comemora algo especifico. Vamos ver se nos recordamos dessas datas:
Dia da mulher: 8 de março; dia da proclamação da república: 15 de novembro: dia das mães: segundo domingo de maio; dia do professor: 15 de outubro; dia dos pais: segundo domingo de agosto; dia do servidor público: 28 de outubro; dia do trabalhador: primeiro de maio; dia de natal: 25 de dezembro; dia da bandeira: 19 de novembro; dia da criança e de Nossa Senhora: 12 de outubro...
A muito custo, só consegui me lembrar dessas. Sei que existem mitas outras datas festivas e comemorativas. Mas o que me intriga e deixa com a “pulga atrás da orelha” são as outras datas, que não são “comemorativas”. Que fazer com elas?
É aquela mesma situação dos “dias úteis” que, evidentemente são assim chamados porque ou outros são os “dias inúteis”. Que são os “dias úteis”? Segunda a sexta feira – desde que não seja feriado! Sábado e domingo – além dos feriados – são inúteis. Certo? Não sei. Parece-me que não é bem assim que a coisa funciona. Nos “dias inúteis” descansamos, nos encontramos com os amigos, pescamos, jogamos futebol, curtimos a família, cuidamos do jardim, da horta... Será que isso é inútil. Então porque chamamos aqueles de “dias úteis” se nos outros dias também fazemos coisas úteis?
A mesma aplicação vale para o “horário comercial”. Neste caso pode ser até pior. A intenção é comercializar o tempo. Mas quanto custa o tempo? Se o tempo não me pertence, como é que posso lhe estabelecer um preço? Sim, pois no horário comercial eu compro, vendo, atendo a clientes, tenho lucros ou pago o que é devido... Por isso volto a indagar: quanto vale o tempo? Se não sou o “proprietário” do tempo, como posso comercializá-lo?
Na realidade parece que devido ao “horário comercial”, conceito explicitamente capitalista, é que passamos a falar de “dias úteis”, pois utilizam-se esses dias e esse tempo, com a finalidade única de ganhar dinheiro. Daí que o tempo no qual não se está faturando não é “horário comercial” e os dias não comercializáveis não são “dias úteis”
Mas qual é o dia de estudar? Qual o dia de trabalhar? Qual o dia de viver? Qual o dia de conviver? Qual o dia de amar? Qual o dia de ajudar o outros? Qual o dia de ter saúde? Qual o dia de se valorizar o ser humano? Qual o dia de se valorizar as iniciativas solidárias ou as ações e soluções inteligentes?...
Percebeu que não destinamos dias específicos para isso? Por qual motivo? Não dá lucro comemorar, por exemplo, um dia de amar, pois o encanto do amor não tem preço e, portanto, não lhe cabe uma data comemorativa.
Na realidade os dias úteis são usados como instrumentos de lucro. E, por vezes a lucratividade perde o “pique” então se aquece as vendas com as datas comemorativas. Foi assim que o dia da criança, dia das mães, dia dos pais, dia dos namorados, dia... virou pretexto para a comercialização de produtos. Principalmente comercialização de produtos a serem entregues na forma de presentes.
E assim datas que tiveram uma origem significativa e por vezes trágicas, perdem esse caráter para virarem instrumentos da comercialização. Como o dia da mulher, que se originou de uma tragédia – ou de um assassinato em massa – virou pretexto para venda de presentes ou para promoções comerciais.
E você como acha que deveríamos nos posiciona sobre as datas comemorativas?
Neri de Paula Carneiro
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador.
Rolim de Moura - RO