Dalva, Estrela no Nome e na Vida
Por Ide Ramacini Betonico | 15/03/2009 | ContosEla levantou-se por volta das cinco horas. Benzeu-se com um gesto habitual. Tomou um gole de café com biscoito. Bateu de leve a porta e saiu. Dividia o quarto com uma sobrinha nordestina sem nenhuma ambição de vida.Durante todo dia era mulher-diarista.Arrumava,lavava as vidraças, passava .Ganhava um salário e assim levava sua vida.Viúva,as filhas distantes vez ou outra enviavam noticias.
Aos sessenta e tantos anos, achava-se bonita e era feliz. O motivo de tanta felicidade era o baile dos idosos nas tardes de domingo. Acordava mais tarde, lavava os cabelos, mirava-se no minúsculo espelho da parede e prendia seus cabelos em pequenos cachos. À tarde, pronta para sair soltava os cachos que pendiam-se pelos ombros e emolduravam o colo moreno, iguaizinhos os cabelos daquela atriz da novela.Vestia o seu vestido azul,borrifava o mesmo perfume.Benzia-se com um gesto vagaroso.Era domingo.
No salão, era sempre admirada por todos. Ao som de eternos boleros, deixava de ser por horas a mulher-diarista. Sonhadora, tornava-se a mulher-mulher. O nome dela? Dalva, estrela no nome e na vida.