Da virtude dos Números

Por Germano Brandes | 27/02/2016 | Filosofia

Da Virtude dos Números
Havemos entrado na eficácia dos números, que, em nada menos misteriosos e significativos que os nomes e letras, tem observado a sabedoria humana. Porque parece sem dúvida que todos os mistérios da providente natureza lhes assistem com obras e maravilhas, merecedoras de toda a admiração.
Sua dignidade é tal que sendo um dia perguntado Platão por que causa o homem era chamado animal racional, respondeu que porque o homem sabia numerar o que de todo ignoravam os outros animais. O mesmo sentimento teve Aristóteles, segundo se lê nos Problemas. A maior razão de sua nobreza, virtude e mistério vem a ser porque o número é alma da quantidade, e como todas as coisas estejam abraçadas da matéria e da forma e não haja matéria sem quantidade sem número, assim como o número é alma da quantidade, assim compreende tudo o que é quantidade, e a quantidade tudo o que compreende a matéria, e a matéria compreende todas as coisas, donde se segue que o número compreende todas as coisas, donde segue que o número compreende todas as coisas que compreende a matéria.
Esta doutrina se corrobora bem com o que se lê na Sapiência: Deus omnia fecit in numero, pondere, ET mensura. E por esta razão disse já Pitágoras que a natureza e ofício dos números era discorrer por todas as coisas, o que se vê em todas elas, porque logo que não foram matéria-prima e foram muitas coisas, se entregaram à virtude do número, o qual ainda na matéria-prima teve a razão da unidade, que por isso foi prima a matéria, com relação às que foram segundas. Da mesma maneira vemos e viram os primeiros sábios que o número daquele que demonstra e sempre persistente unidade e perpetuidade que é Deus, sempre um princípio de todas as coisas com o número um é o princípio de todos os números sem equivocação, mistura ou participação de outro número, porque em qualquer congregação de números, cada número é um só, sem que, pela multiplicação das unidades, a unidade de cada número se componha ou misture com outra unidade, porque naquele número, que consta de muitas unidades, como por exemplo o número oito consta de muitas unidades, como por exemplo o número oito consta de oito unidades, não crescendo o valor de algumas delas nem incorporando-se uma com a outra, mas sendo realmente distintas ou realmente uma só cada uma; porquee quem contar um oito vezes fará número oito, sem dar, a cada vez que conta um, mais que o intrínsico e inalterado valor da unidade áquele um, que muitas vezes vai contando; assim sobre Pithagoras filosofou Ovidio, sublimando esta consideração quando disse...

Artigo completo: