Da Timidez à Auto Expressão
Por João Drummond | 03/03/2008 | CrônicasTímido, inseguro, medroso, com dificuldades de me comunicar e de me relacionar, eu fui empurrando a vida com a barriga, enganando e me enganando. Nasci numa família com recursos. Consegui estudar e tirar o segundo grau, montar uma firma de segurança eletrônica e até me casar, (sabe Deus como).
Só que não podemos passar a vida enganando, há uma hora que a fatura chega, e como juros e multa.
Não consegui estabilidade profissional e financeira e continuava dependendo dos recursos de família para ir tocando os negócios, numa rotina humilhante e constrangedora, que consolidou aquela crença auto destrutiva.
Quando resolvi fazer um curso de oratória imaginei, a principio, que apenas me aprimoraria na arte de enganar. Eu me tornaria, com as técnicas, um ator competente e capaz de fingir autoconfiança e segurança para me conduzir pelos caminhos e veredas da selva social e profissional.
Logo nas primeiras aulas do curso de oratória percebi como eu estava enganado. O curso previa não só o domínio das técnicas, como um trabalho de compreensão dos nossos medos e das crenças negativas. A coisa tinha melhorado muito, porque além de me tornar um grande ator, eu atuaria também sem medo e insegurança no "grande palco das relações sociais".
Quando, numa das aulas, tivemos uma demonstração de biodança, mais uma vez me dei conta dos meus enganos.
Pela primeira vez na vida tive uma leve desconfiança de que a vida não se passava em um grande palco, mas que era possível se estabelecer relações sinceras com as pessoas sem a preocupação constante com as máscaras, fantasias, adereços e alegorias. A minha vocação para ator tinha se esvaído e eu adquirira um novo propósito de vida.
Assumir com totalidade e integridade os meus direitos e responsabilidades como um ser humano e cidadão com possibilidades inclusive (vejam só) de ser o sujeito feliz e realizado.
Como esta vida dá voltas e como das aparentes armadilhas surgem as soluções inesperadas!
Dentro de um estágio do curso de biodança percebi a necessidade de trabalhar outros recursos da comunicação como a expressão corporal e a dicção - minha voz, me causava raiva e induzia ao silêncio.
Comecei a memorizar e a declamar em voz alta o poema "Navio Negreiro" de Castro Alves.
Tive com este exercício lucros inesperados, como: aumento da memória, melhora na concentração, melhora da compreensão de textos, acervos de palavras, aumento da autoconfiança e auto-estima, entre outros.
E, de repente, num belo dia, não se sabe como, lá estava eu produzindo meus próprios poemas.
Dentro do curso de biodança estabeleci metas ousadas. O meu objetivo principal era o de aprender a falar como eu pensava e firmei posição em dar a minha palestra dentro do prazo máximo de um ano.
A "conspiração universal" favorável contribuiu para que isto ocorresse em tempo bem mais curto.
Alguns anos antes eu fizera uma incursão no jornalismo mantendo uma coluna em jornal local. Como minha letra era irreconhecível até para mim mesmo e a escrita no computador reduzia minha capacidade de raciocínio a solução encontrada foi de escrever os textos à mão e, antes que eu esquecesse as palavras que usara, passar tudo rapidamente para o computador.
No jornal minha escrita se tornara uma arma perigosa, principalmente quando voltei meus artigos para criticas à política corrupta local.
Não durei muito tempo no jornal e passei escrever em sites na Internet, até conquistar muitos leitores, credibilidade e um título de Cônsul de Poetas Del Mundo (o que muito me orgulha).
Durante muito tempo me perguntei qual seria a utilidade da poesia além de um jogo de palavras bonitas e uma massagem no ego do poeta.
Com Poetas Del Mundo venho aprendendo o que chamo de "poesia de serviço", a poesia que influencia na nossa realidade diária ajudando em soluções práticas e no desenvolvimento de novos parâmetros de melhoria da qualidade de vida da sociedade.
"A poesia com pé no chão", em defesa da vida e na busca de melhoria nas relações entre as pessoas.
Meus sinceros agradecimentos ao Grupo Expressando e à Denise Mascarenhas Alemão, autora do Livro "Da Timidez À Expressão de Si Mesmo".
Em maio congresso mundial de Poetas Del Mundo em Natal – RN
"NATAL, UM MAR DE POESIA E PAZ"