d'ABADIA, crítico de Marx

Por Joacir Soares d'Abadia | 11/05/2009 | Filosofia

Joacir Soares d'Abadia

A base do pensamento de Marx está fundada principalmente em contato e contra a filosofia de Hegel. O ápice da cisão de Marx em relação a Hegel foi através da publicação em 1844 da "Crítica da filosofia do direito de Hegel". Marx analisando a filosofia de Hegel diz que ele estava certo, porém, interpretava as coisas de cabeça para baixo: é idealista. Ele via em Hegel um filósofo que "transformava em verdades filosóficas dados que são puros fatos históricos e empíricos". Contudo, existe a direita e a esquerda de Hegel. Enquanto a direita hegeliana procurava justificar o cristianismo e o Estado existente, a esquerda transformava o idealismo em materialismo. Desta forma, o materialismo fazia da religião cristã, fato puramente humano e combatia a política existente com base em posições "democrático-radicais".

O pensamento de Marx une a teoria à prática. Ele parte da práxis, isto é, ação. Marx, segundo Lênin, demonstrou que o valor de toda mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário ou de tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção. Para ele, mais importante que as relações entre objetos, quer dizer, relação de produção está às relações entre homens. A partir do estudo dos economistas clássicos, Marx conclui, que tanto maior for a produção de riqueza quanto menor é o enriquecimento do operário. E prossegue: "o operário põe a sua vida no objeto: e ela deixa de pertencer a ele, passando a pertencer ao objeto". Assim, os objetos deixam de ser meros números e, passam a ser objetos de trabalho.

Entretanto, a religião é vista por Marx como um empecilho na vida dos homens, pois, ela para Marx impede o desenvolvimento humano. Com isso, fica claro porque os homens voltam aos céus, ou seja, para o alto entoando seus louvores e também clamam seus desesperos o suas angústias, mas ao mesmo tempo esquecem que estão sendo manipulados por instituições religiosas, as quais imprimem suas próprias invenções, principalmente, nos corações dos homens que buscam a consolação para sua vida no universo imaginário que é a fé.

Com efeito, a religião para Marx não é em si um mal, porém, ela é, sem dúvida, a conseqüência do mal. Por isto que Marx conceitua a religião como sendo: o suspiro da criatura oprimida, o sentimento de um mundo sem coração, o espírito de situações em que o espírito está ausente. E para concluir seu conceito ele diz que a religião é o ópio do povo. Com isto, reforça que na medida em que o homem clama seu desespero e sua angústia ele ameniza seu sofrimento. Contudo, dizia Marx que a religião é um sintoma doentio de uma sociedade doente.

O que se vê na religião é que os homens elevam seus clamores aos céus com intuito de sanar sua dor, porém, seus pés estão cravados aqui em baixo, na terra, onde a relação entre os homens se realiza por meio da dominação. Dominação esta que se dá entre patrão e operário, religião e adébito entre outras.

Portanto, a crítica de Marx passa do céu, isto é, da religião à crítica da terra, a alienação do trabalho.

O que se percebe em relação ao trabalho é que o homem, em comparação com uma aranha, tem consciência daquilo que está fazendo, ou seja, ele tem consciência do fim do seu trabalho. Mas nem por isto o homem deixa de trabalhar por sua subsistência. Porque o homem é um animal que, tendo consciência do seu trabalho, não fica com o produto de seu labor. Contudo, a causa mais drástica que acontece através da alienação do trabalho é que mesmo que o homem pode expor sua criatividade ele fica somente executando o trabalho causal. Assim, para superar esta situação, na qual o homem é transformado em um ser bruto, ele deve partir para a luta de classes, que elimina a propriedade privada e o trabalho alienado.

A alienação do trabalho para Marx, consiste no fato de que o trabalho é externo ao operário e diz ainda que o homem não se afirma em seu trabalho, não se sente livre e que ele não desenvolve energia física e espiritual. portanto, o que é observado hodierno, quer dizer, nos dias atuais é que uma pessoa que não tem trabalho está sujeito a ficar a mercê da sociedade, pois é justamente o trabalho o qual dá a devida dignidade ao trabalhador. Uma pessoa incapaz de trabalhar se sente imputada visto que o trabalho é uma forma de manifestar sua dignidade de trabalhador. Assim, o trabalho não é para o homem se afirmar, pois ele não precisa afirmar em seu trabalho ao passo que ele é homem com todo o seu ser.

O trabalho do homem tem o seu valor. Por isso, o valor de troca de uma mercadoria, é dado pelo trabalho necessário para produzi-la. Porém, o trabalhador não ganha o que deveria receber pelo seu trabalho. No entanto, uma pessoa que trabalha seis horas por dia não recebe o valor que produz durante este tempo de labor. Esse produto suplementar não pago pelo capitalismo ao operário é aquilo que Marx chama de mais valia.