Custos florestais: Implantação de um sistema de custeio em uma propriedade...

Por Luana Bueno Miranda | 19/12/2016 | Adm

Custos florestais: Implantação de um sistema de custeio em uma propriedade rural, tendo como enfoque o controle dos custos incorridos em uma plantação de Pinus taeda, situada na zona rural, da cidade de Sengés, estado do Paraná.


1 INTRODUÇÃO

A contabilidade de custos é considerada como uma ferramenta de controle para a gestão das empresas, assim como, será aplicada na elaboração deste trabalho, o qual terá o objetivo de propor como sugestão a implantação de um sistema de custeio, condizente com as necessidades constatadas na propriedade rural, referente à plantação de Pinus taeda, situada na zona rural, da cidade de Sengés, estado do Paraná. Tendo em vista, a problemática do controle dos custos desde o início da plantação da floresta até o período para comercialização. Este trabalho contempla as informações relacionadas à contabilidade de custos e sua aplicabilidade, assim como, a apresentação de um estudo de caso em uma propriedade rural, cuja atividade produtiva, é o cultivo do Pinus taeda, estando organizadas de forma seqüencial para facilitar a leitura e a compreensão do tema abordado. A necessidade de controlar os custos se torna, essencial nos diversos segmentos empresariais, industriais e rurais. Diante disso, se tem a importância de aplicação da contabilidade de custos.
Este trabalho visa à implantação de um sistema de custeio, que permita ao produtor rural, a mensuração dos custos co-relacionados à plantação de Pinus taeda. Tendo como função, servir como uma ferramenta de apoio, para alocação e organização dos recursos despendidos na formação da floresta.
Assim como, a pesquisa tem como pretensão, realizar a junção de conceitos e técnicas de custos florestais, para que se obtenha o máximo de aproveitamento no estudo de caso proposto.

2 CONTABILIDADE DE CUSTOS

Dentre os diversos segmentos contemplados pela ciência contábil, salienta-se a contabilidade de custos, cuja prática, visa abranger os gastos vinculados à industrialização de um determinado produto e a prestação de serviços, tendo como objetivos, o controle desses dispêndios por período, análise no desempenho da produção, auxílio relevante para a tomada de decisão e entre outras funções.
Complementando com esta ideia, Iudícibus e Marion (2000), comentam que a contabilidade de custos se atenta ao controle dos custos, pois fornece dados relevantes para o estabelecimento de padrões e orçamentos, a fim, de comparação com o valor real gasto e o valor previamente orçado, obtendo a análise das variações, com a finalidade da redução dos custos.
Com isso, compreende-se a importância da contabilidade de custos dentro de uma organização, sendo tanto para fins financeiros quanto gerenciais.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

Com a relevância das informações disponibilizadas pela contabilidade de custos, se torna imprescindível a classificação dos custos gerados pelos processos industriais e agroindustriais, os quais são segregados conforme a vinculação com o produto fabricado.
A utilização das informações geradas pelo levantamento de custos deve obter caráter gerencial, o qual norteará a eficácia na tomada de decisão, suprindo as necessidades que demandam da organização (WERNKE, 2001).
Especificamente em relação à diferenciação dos custos, Bornia (2010) afirma que o custo total agrega todos os gastos incorridos no período para a industrialização dos diversos produtos, e em relação, ao custo unitário tendo como propósito, mensurar o custo de fabricação de uma unidade por produto.
Por meio disso, a classificação dos custos possui propriedades específicas, de acordo com o volume de produção e a facilidade de alocação.
Em referência ao volume de produção, Bornia (2010) considera como custos fixos os gastos que permanecem em constância, independente do volume de produção da empresa, pois não variam conforme alterações de quantidades produzidas no período. No que se refere aos custos variáveis, são gastos que estão vinculados à produção, pois oscilam conforme o nível de atividade do processo industrial da empresa, assim como os custos com matéria-prima.
No que tange à facilidade para alocação dos custos, Bornia (2010) determina como custos diretos os gastos que permitem facilmente sua alocação as unidades de absorção de custos (produtos, processos, setores, clientes e dentre outros), por meio de um sistema de medição, conforme complementa Marion (1996). Em contrapartida, com os custos indiretos não se torna possível sua atribuição precisa às unidades de produção, necessitando de mecanismos de alocações para que isso ocorra, sendo por rateios, estimativas e dentre outros meios (MARION, 1996).
Diante disso, nota-se a capacidade de mensuração e controle dos gastos que se pode atingir, através da execução dos mecanismos pertinentes à contabilidade de custos, pois além de possuir funções gerenciais, desempenha versatilidade de adaptação as necessidades de cada entidade.

2.2 IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE CUSTEIO

Com a intensificação da demanda no controle dos gastos incorridos, dentre os diversos segmentos empresariais, industriais e rurais, compreende-se a relevância da implementação de um sistema de custeio que busque atender as necessidades específicas de cada organização.
Em consideração a isso, tendo como enfoque o controle dos custos, Bornia (2010) descreve que, a intencionalidade de controlar exige a determinação de um parâmetro ou expectativa de desempenho do processo em análise, o qual deve consistir na verificação e comparação de desempenho real com o estimado. Isto possibilitará a obtenção das variações e as causas que as ocasionaram, determinando como propósito estabelecer ações corretivas para se tornarem nulos os eventuais problemas ocorridos.
Dentre os objetivos que circundam os sistemas de custeio, enfatiza-se a prática do controle nos procedimentos, de acordo com a análise de desempenho, os gastos, a padronização e as correções que se fazem necessárias no decorrer da execução das atividades.
Corroborando essa ideia, Martins (2003) conceitua o sistema de custos como uma ferramenta que contempla os registros realizados em seus compartimentos, sendo processados e emitidos, por meio de relatórios. Esses informativos não devem ser de qualidade superior aos dados recebidos no início do processamento, os seja, as informações contidas no relatório deverão estar coerentes com a materialidade existente.
Tendo em vista esses aspectos, se faz importante analisar a relevância da implantação de um sistema de custeio, adequado as particularidades pertinentes de cada empresa.

2.2.1 Métodos de Custeio

Devido à complexidade de abrangência dos custos, se faz necessário, a utilização de um sistema de custeio, que atenda precisamente as necessidades de cada empresa. Dentre os métodos considerados pela contabilidade de custos, destacam-se:
Ø Centros de Custos;
Ø RKW;
Ø Custo-padrão;
Ø Unidade de Esforço da Produção (UEP);
Ø Custeio Baseado em Atividades (ABC).

2.2.1.1 Centros de Custos

O método de custeio por centro de custos visa à segregação da empresa em departamentos, para alocação dos custos pertinentes a cada setor que executa funções diretas ou indiretas à produção. Com isso, se tem o controle por absorção específica por centro de custo, conforme os gastos incorridos no período de contabilização (CRISTOFARI JUNIOR; KLIEMANN NETO, 2007). Nesse contexto, com base nos princípios desse método, "os centros de custos consomem os recursos produtivos e os produtos absorvem os recursos à medida que utilizam esses centros" (SEVILHA MARTINS; DÄUMICHEN BARRELLA, 2002, p. 01). Determinados custos incorridos no processo operacional necessitam utilizar técnicas de alocação, como a base de rateio, considerado um auxílio para a apropriação dos custos. "As bases de rateio, normalmente empregadas, são à hora de mão-de-obra direta, horas/máquina, potência instalada dos equipamentos e outras que se adaptarem à situação" (SEVILHA MARTINS; DÄUMICHEN BARRELLA, 2002, p. 02).

2.2.1.2 RKW

Em relação ao Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit (RKW), esse método de custeio detém características próprias para agregação dos custos e despesas, tendo como base, a fundamentação para uso dos custos com intuito de fixação de preços. Martins (2003) relata que o RKW é considerado como uma técnica oriunda da Alemanha, que visa à utilização de rateios tanto para os custos vinculados a produção quanto para todas as despesas da empresa, inclusive as financeiras, distribuídos a todos os produtos. Nesse processo, ocorre a alocação dos gastos, a cada elemento e seus respectivos centros de custos, e, por conseguinte, aos produtos (FIPECAFI, 2010).

2.2.1.3 Custo-padrão

Analisando o custo-padrão, entende-se que esse método de custeio consiste nos aspectos pertinentes a padronização produtiva, os quais objetivam a determinação de um parâmetro a ser atingido pela produção do período, considerando as influências tecnológicas, as estimativas de valores e índices estipulados conforme a demanda da empresa e a quantificação do volume produzido (CREPALDI, 2004).
"É um método de custeio para controle, onde é fixado um valor para um produto ou serviço como meta, considerando as deficiências que a empresa possua em seu processo produtivo" (KASPCZAK; KOVALESKI; SCANDELARI, 2007, p. 654).
Com esse método, ocorrem divergências na apuração dos custos por serem predefinidos, se tornando necessária a realização de ajustes ao custo real, para efeito de publicação e cumprimento da legislação fiscal (FIPECAFI, 2010).

2.2.1.4 UEP

Em referência ao método de custeio Unidade Esforço da Produção (UEP) se tem como característica, o objetivo de concentrar todos os esforços vinculados ao processo de fabricação de um produto, em uma única soma. Devido a isso, são alocados em uma unidade, ou seja, controles digitais ou manuais, nos quais, são realizados os cálculos da junção de todos os custos necessários para a transformação da matéria-prima no produto acabado (FERREIRA, 2007). O esforço da produção tem como origem o trabalho da produção. Se o processo de fabricação é executado apenas com o trabalho humano, sem a utilização de maquinário e equipamentos, ele próprio representa a totalidade do esforço da produção. Mas, se houver o manuseio de máquinas e equipamentos em conjunto com o trabalho manual, o esforço deverá englobar além do desempenho do operador o trabalho da máquina (SEVILHA MARTINS; DÄUMICHEN BARRELLA, 2002, p. 03).

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