Cultura e desenvolvimento

Por Jean Carlos Neris de Paula | 22/04/2011 | Política

Desenvolvimento Cultural

A palavra cultura pode receber várias acepções: conhecimento, intelectualidade, escolaridade, comportamento, tradição, arte, cultivo... Essa riqueza de significados mostra o quanto a cultura deve ser levada a sério, principalmente por quem governa uma cidade, um estado ou um país, já que ela gera emprego e renda, conscientiza, diverte, politiza, educa e multiplica comportamentos sociais, tocando a sensibilidade de um povo.
Com relação à sociedade, é possível avaliar o nível cultural de uma nação pelos ídolos que ela elege. Países culturalmente desenvolvidos costumam imortalizar poetas, romancistas, jornalistas, artistas, políticos e ativistas sociais que, pelos seus exemplos positivos, se destacam e são lembrados em toda parte. Por outro lado, povos "atrasados" no quesito desenvolvimento cultural têm o hábito de endeusar esportistas, atores, apresentadores de TV e cantores que nada ou pouco acrescentam à formação conscientizadora de uma pátria, como ocorre no Brasil, onde Pelé, Xuxa, Romário, Edmundo, Faustão, Gugu, Hebe Camargo, Adriane Galisteu e cantores "sertanojos" e funkeiros de baixa categoria ganham milhões de reais à custa da ignorância promovida estrategicamente pelos meios de comunicação de massa, com a aquiescência de políticos interessados em eleitores ingênuos.
Enquanto isso acontece, a boa música, a poesia e a prosa de qualidade, bem como o teatro, as artes plásticas, a escultura e demais manifestações culturais de valor relevante encontram poucos cidadãos preparados para entender e apreciar esse tipo de tesouro, tudo isso graças ao déficit educacional maliciosamente trabalhado durante séculos pelos governantes interessados em se beneficiar da ignorância, fugindo do investimento em cultura, por medo de que a sabedoria seja multiplicada e a sociedade vote de forma mais consciente e crítica.
Dessa forma, é possível entender a visão política de um governo pelo valor que ele dá à cultura de seu povo. Nesse sentido, Cariacica, que muito avançou no respeito ao orçamento participativo e à educação, ainda tem muito que caminhar na questão da cultura, pois o único Centro Cultural que o município possui está fechado à espera de uma reforma que precisa acontecer rapidamente, tendo em vista que impulsionar a cultura não é difícil, uma vez que artistas geralmente são intelectuais sensíveis que querem apenas espaço para ver multiplicado o seu recado.
Assim sendo, concursos literários em prosa e verso, festivais de música e teatro, exposição de quadros e esculturas, saraus poéticos e coquetéis de lançamento de livros precisam ser realmente efetivados em Cariacica para se criar uma revolução cultural no município, objetivando evidenciar ao cariaciquense que sua cultura é rica e possui artistas de competência inconteste, os quais carecem de oportunidade, espaço e política pública voltada à promoção de eventos culturais.
Por tudo isso, a Lei João Bananeira é importantíssima, no entanto, muito mais que uma lei, Cariacica necessita de transformação cultural, a fim de vivenciar a cultura dos direitos humanos, a cultura da honestidade, a cultura do respeito ao meio ambiente e, sobretudo, a cultura da valorização da arte como elemento de formação da cidadania propulsora de mudanças sociais de grande plurissignificação.

Jean Carlos Neris de Paula