CULTURA, DIFERENÇAS, DESIGUALDADES E GRUPOS ESPECÍFICOS.
Por Zilma Rosana Acevedo Oliveira | 31/08/2010 | EducaçãoPara inicio de discussão podemos falar da escola como uma instituição de ensino que visa a criação de condições de aprendizagem em que requer que a temporalidade institucional seja colocada em função da produção de tempo vivo, ou seja, a serviço de um tempo que se revele fecundo para a construção do conhecimento e para alentar a sensação de alunos e docentes de que eles efetivamente se encontram num determinado contexto e tempo pedagógico.
É inegável que a realidade atual da educação brasileira originou-se de fatores históricos, políticos, econômicos e ideológicos, das camadas governamentais de nossa sociedade. Mas cabe salientar que a escola é construída por todo um contexto, em que estão inseridas todos os membros da comunidade, o corpo docente e discente da instituição.
A escola a priori visa a complementação da instrução ambígua da relação família e sociedade em que cabe capacitar os educandos em suma para o mercado de trabalho formando-os de maneira mais ampla como cidadãos críticos e reflexivos, capazes de salutar sobre a sua real instancia na sociedade.
A escola tende a absorver as mudanças ocorridas na sociedade de modo a atender as demandas do mercado de trabalho, e as estratégias de viabilizar meios de formar os alunos em cidadãos capazes de discernir sobre o que de fato é importante e primordial para a sociedade no seu contexto mais amplo, formando-os em cidadãos capazes de exercer sua cidadania.
A escola tem que ter como seu eixo condutor os quatro pilares da educação que são: aprender a ser, aprender a conviver, aprender a fazer e aprender a aprender. Que estes quatro eixos são o principal alicerce de uma boa gestão como também de uma boa conduta dentro de um âmbito de superestrutura como é o caso da escola.
Atualmente não podemos nos conformar e nos deixar acomodar com a atual situação em que temos a escola, vivemos uma situação de descompromisso com a educação, temos alunos que não se mostram importar com os estudos, professores que se conformam em somente transmitir os conteúdos curriculares não tem interesse de viabilizar meios de despertar o interesse pelos estudos nos meninos, de modo a formá-los cidadãos capacitados para enfrentar os obstáculos da sociedade contemporânea, em que todos estão em busca de preparar-se para o mercado de trabalho.
No entanto ao se pensar em ideologias da escola e consequentemente na cultura organizacional das instituições escolares caímos na questão ambígua de como se trabalhar as questões de diferenças e polissemias entre os alunos, professores e participes da escola, assim analisamos da seguinte maneira estas questões, em que na análise psicossociológica a ancoragem gira em torno dos discursos ideológicos sobre a natureza das relações sócias, assim sendo, os indivíduos são cooperativos com relação ao seu grupo e tendem a menosprezar os membros dos outros grupos. Para tal situação Hansenbalg (1979, p. 221) nos ensina que: "O efeito da raça sobre a estrutura de classes e a evolução das desigualdades raciais dependerá da emergência de movimentos raciais e das formas assumidas por estes, bem como da forma como os movimentos raciais se ligam a outras lutas e movimentos sociais".
Portanto, o preconceito é definido como uma forma de relação intergrupal organizada em torno das relações de poder entre grupos, produzindo representações ideológicas que justificam a expressão de atitudes negativas e depreciativas, bem como a expressão de comportamentos hostis e discriminatórios em relação aos membros de grupos minoritários.
No plano cultural e ético da nova política neoliberal, predomina o individualismo e a naturalização da exclusão racial em decorrência da exclusão social, uma vez que isto aconteça torna-se difícil introjectar valores e princípios morais que regem a convivência humana. De acordo com Azevedo (2001, p. 9), "são visíveis a crescente pobreza, o desemprego estrutural, a violência, enfim, os níveis de perversidade decorrentes da exclusão social espraiada por todo o planeta, colocando por terra as grandes promessas que se seguiram ao advento da modernidade", podemos tirar conclusões que de fato o preconceito racial vêm em decorrência do preconceito social, e foi reforçado junto a mentalidade capitalista de posse.
O sentimento de bem-estar social e cultural é, em grande parte, dado pela família, que adapta a criança à sociedade nas quais os seus membros vivem e às diversas forças socioeconômicas e culturais que nela atuam, ensinando-lhes que ninguém é nem mais ? nem menos ? ser humano do que qualquer outro, somos essencialmente iguais e os direitos do homem são o nosso apanágio.
A escola e a família podem trabalhar em conjunto no sentido de "iguais, certamente, mas não idênticos" traçando linhas de demarcação no mapa do gênero humano, sublinhando diferenças que julgam serem importantes, para a construção do cidadão culto, respeitoso, e ético, com relação às diversidades raciais, pois, todavia, é muito nítido que vivemos numa sociedade capitalista em que o valor econômico supera as expectativas do homem como um ser sentimental, com valores adquiridos no seio familiar e reforçados na escola como instituição de saber. Em questão a esses valores Freire (2000, p.67) nos diz que: "Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher não estarei ajudando meus filhos a ser sérios, justos e amorosos da vida e dos outros".
Acredito ainda estar vivendo uma ideologia ou em busca de uma utopia em que todos tenham de fato um compromisso sério com a educação e com a formação destas crianças e jovens, de maneira a formá-los cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, para enfim podemos modificar nossa realidade da mesmice, da reprodução de conceitos e conteúdos.
REFERENCIAS:
AQUINO, Julio Groppa. Diferenças e Preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas.
DÓRIA, Antonio Sampaio. O preconceito em foco. Análise de obras literárias infanto-juvenis: reflexões sobre história e cultura.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a pratica docente. Paz e terra, 1996.
PONDÉ, Glória. Culturas, diferenças, desigualdades e grupos específicos. IN: Formação de gestores. Módulo de formação básica. Unidade 2 ? Cultura. MEC ? FADEPE/CAED 2008.