CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA UM PACIENTE PORTADOR DE EDEMA AGUDO DO PULMÃO.

Por Tássia Souza | 05/11/2009 | Saúde

RESUMO

O Edema Agudo de Pulmão (E.A.P.) consiste no acúmulo anormal de líquido nos pulmões. Esta pesquisa enfatiza a importância dos cuidados primordiais da enfermagem para com o portador de Edema Agudo de Pulmão bem como descrever a definição de edema agudo de pulmão, descrever as suas causas e conseqüências, verificar o conhecimento da equipe de Enfermagem em relação a essa patologia, identificar os sintomas de um paciente com edema agudo do pulmão e orientar sobre os cuidados de enfermagem do edema agudo do pulmão. A metodologia utilizada foi de caráter exploratório num contexto qualitativo buscando evidenciar a importância dos cuidados de enfermagem para um paciente portador de Edema Agudo de Pulmão.

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1.0 INTRODUÇÃO

O edema de pulmão agudo resulta do fluxo aumentado de líquidos, provenientes dos capilares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acumulam nestas regiões após ultrapassarem a capacidade de drenagem dos vasos linfáticos, comprometendo a adequada troca gasosa alvéolo-capilar. O aumento do fluxo de fluídos pelos capilares deve-se à elevação da pressão hidrostática como ocorre na disfunção cardíaca aguda ou ao aumento da permeabilidade, como na síndrome do desconforto – respiratório agudo (NARDELLI, 2003).

O edema agudo pulmonar é um quadro hemodinâmico grave que pode ser causado por diversas patologias cardíacas ou não, porém, sua fisiopatologia é semelhante e sua sintomatologia básica é a falta de ar intensa (dispnéia), a tosse seca e eliminação de líquido róseo de boca e nariz. O paciente sente como se estivesse afogando, ficando sentado e respirando rapidamente. É um quadro emergencial que pode causar o óbito se não for feito um tratamento rápido e enérgico no sentido de reverter o quadro hemodinâmico (MIGUEL, 1997).

Em relação à etiologia, um estudo israelense apontou que 85% dos pacientes apresentavam previamente doenças isquêmicas do coração, 70% apresentavam hipertensão arterial sistêmica prévia, 53% eram valvopatas e 52% eram portadores de diabetes. Os fatores descompensadores mais comuns foram: emergência hipertensiva, fibrilação atrial aguda e infarto agudo do miocárdio (NARDELLI, 2003).

O edema pulmonar agudo constitui urgência clínica e motivo freqüente de internação hospitalar. O paciente apresenta-se extremamente dispnéico, cianótico e agitado, evoluindo com rápida deterioração para torpor, depressão respiratória e, eventualmente, apnéia com parada cardíaca.É uma patologia de diagnóstico essencialmente clínico, é fundamental que o socorrista esteja habilitado a reconhecer e iniciar o tratamento de tão grave entidade (CASTRO, 2003).

Diante das informações apresentadas neste estudo, verificamos a necessidade de intervir como educador em saúde, a partir da premissa que o profissional enfermeiro deve estar comprometido com a assistência primária em saúde na prevenção dos agravos que acometem os seres humanos e em especial aos portadores de edema agudo de pulmão na busca da redução da mortalidade dos mesmos em emergências hospitalares.

2.0 METODOLOGIA

Segundo Lakatos e Marconi (2003), o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que permite alcançar o objetivo, traçando o caminho a ser seguido.

O hospital do Oeste é o maior hospital da rede pública estadual no interior da Bahia e se dedica aos usuários do SUS. Foi projetado para atender à demanda de uma região que engloba 36 municípios. São 204 leitos, sendo 175 de internação (24 leitos de UTI entre neonatal, adultos e pediatria, 15 de cuidados intermediários de neonatal, 10 da unidade de queimados, 31 de clínica médica, 31 de clínica cirúrgica, 34 de clínica pediátrica e 30 de clínica obstétrica) e 29 leitos de observação, distribuídos nas emergências adulto, pediátrica e obstétrica.

A pesquisa desenvolver-se-á em uma cidade no interior do estado da Bahia, localizada à margem esquerda do rio São Francisco, no extremo oeste do estado. É um entroncamento rodoviário entre norte, nordeste e centro-oeste do país. Fica a 853 km de Salvador – Capital do estado – 622 km de Brasília – Capital federal (BARREIRAS, 2009).

Este projeto possui caráter exploratório num contexto qualitativo. Inicialmente, foi estabelecido um contato com o setor de Emergência, no período de Estágio Curricular II no Hospital do Oeste, na cidade de Barreiras-Ba, onde foi percebido que uma das patologias mais freqüentes do setor é o edema pulmonar agudo. Foi realizado um levantamento bibliográfico em material de pesquisa e periódicos científicos junto à biblioteca da Instituição de Ensino Faculdade São Francisco de Barreiras ‒ FASB, visando adquirir embasamento científico relevantes na fomentação de tal projeto de intervenção.

Buscou-se, ainda informações inerentes ao assunto exposto junto às profissionais da área de Enfermagem na FASB e no Hospital do Oeste, que nos forneceu informações documentais.

3.0 DESENVOLVIMENTO

Os pulmões estão separados entre si pelo coração e grandes vasos. Estão presos ao coração e traquéia por estruturas nos seus hilos (art. pulmonares, v. pulmonares e brônquios principais). O pulmão é formado por um ápice, base, raiz e hilo, sendo que este contêm os brônquios principais, vasos pulmonares (1 art. e 2 v.), vasos brônquicos, linfáticos e nervos (LANÇA, 2006).

A principal função das vias respiratórias é levar o ar para a superfície alveolar, na qual ocorrem as trocas gasosas entre o ar aspirado e o sangue dos capilares alveolares. A maior parte do comprimento e a menor parte do volume do sistema respiratório estão implicadas nessa função. A traquéia, os brônquios (cujas paredes contêm cartilagem) e os bronquíolos membranosos desempenham esse papel. O restante do sistema respiratório, que compreende a grande massa dos pulmões, é responsável tanto pela condução quanto pelas trocas gasosas; a unidade terminal (o alvéolo) é a única estrutura que tem como função específica promover as trocas gasosas (COLMAN, 2003).

Para Lança (2006), o O2 contido nos alvéolos se dissemina para o sangue atravessando a membrana respiratória que é composta pelas camadas:

1) camada de líquido que envolve os alvéolos; 2) epitélio alveolar; 3) membrana basal epitelial; 4) espaço intersticial; 5) membrana basal do capilar e 6) membrana endotelial do capilar. E a velocidade com que esse gás atravessará essas membranas dependerá: 1) da espessura da membrana; 2) da área de superfície da membrana; 3) do coeficiente de difusão do gás na membrana; 4) da diferença de pressão entre os 2 lados da membrana.

4.1 Edema Agudo do Pulmão

O edema pulmonar é o acúmulo extravascular de liquido no pulmão. Essa condição patológica pode ser causada por uma ou mais anomalias fisiológicas, mas o resultado é inevitavelmente a diminuição da troca gasosa. À medida que o acúmulo de líquido aumenta, primeiro no interstício e, a seguir, nos alvéolos, a difusão gasosa- particularmente do oxigênio- diminui (LEVITZKY, 2004).

Para a função respiratória é fundamental a manutenção do equilíbrio adequado do balanço de fluidos através da barreira alvéolo-capilar. Em virtude da existência de forças de contração elástica no parênquima pulmonar, o interstício ao redor da microcirculação possui uma pressão subatmosférica, a qual oscila com movimentos respiratórios. Esta condição faz com que a resultante das forças de Starling na microcirculação pulmonar seja no sentido de um fluxo contínuo de fluidos para o interstício, seja para absorver o excesso de líquidos inalado pelas vias aéreas, seja para absorver o excesso de líquidos provenientes dos vasos sangüíneos.Uma vez absorvido pelo interstício pulmonar, o excesso de fluidos é drenado pelos vasos linfáticos, fazendo com que exista uma vazão basal pelo ducto torácico. O desbalanço desses mecanismos homeostáticos transforma-se em edema pulmonar, e quando extenso, é potencialmente fatal (BERNARDI et al., apud FILHO, 2000).

Segundo Kobzik (apud Collins; Cotran; Kumar, 2000), o edema pulmonar pode resultar em distúrbios hemodinâmicos (edema pulmonar hidrodinâmico ou cardiogênico) ou de aumentos diretos na permeabilidade capilar, devido a uma lesão microvascular.

De acordo Levitzky (2004), as condições que podem induzir ao edema pulmonar são:

·Permeabilidade

Infecções, toxinas circulantes ou inaladas, a toxicidade do oxigênio e outros fatores que matam a integridade do endotélio capilar levam ao edema pulmonar localizado ou generalizado.

·Pressão Hidrostática Capilar

Considera-se que a pressão hidrostática capilar seja de aproximadamente 10 mmHg sob condições normais. Quando a pressão hidrostática capilar aumenta excessivamente, a filtração de líquido através do endotélio capilar aumenta em conseqüência de problemas do lado esquerdo da circulação, como, por exemplo, infarto do ventrículo esquerdo, insuficiência ventricular esquerda ou estenose mitral. Quando a pressão atrial esquerda e a pressão venosa pulmonar aumentam em conseqüência do acúmulo de sangue, a pressão hidrostática capilar também aumenta. Outras causas de aumento da pressão hidrostática capilar pulmonar incluem a administração excessiva de líquidos intravenosos pelo médico e doenças que bloqueiam as veias pulmonares.

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