Crônicas de Minha Cidade - SOBRAL - A Cidade Princesa: " A SEMANA SANTA NO MEU TEMPO DE CRIANÇA"

Por Jose Wilamy Carneiro Vasconcelos | 07/04/2021 | Crônicas

 

 

A SEMANA SANTA NO MEU TEMPO DE CRIANÇA

 

Por: Wilamy Carneiro.

 

 

Em um tempo não muito remoto, lembro-me do meu tempo de criança da “Semana Santa”. Digo-lhes, pois, não faz muito tempo, mas, contudo tenho saudade dessa época.

Para lembrar-vos, refresco a memória e muitos hão de concordar que a semana era uma Semana – Sete dias. Hoje em dia a Semana se resguarda apenas na Sexta-Feira Santa e olhem que nem isso os audaciosos por Money não guardam o Dia Sagrado em que Jesus foi Crucificado, humilhado, açoitado, e pregado numa cruz no meio de dois ladrões. Um arrependeu-se a tempo, conforme conta a Sagrada Escritura e pediu perdão. Assim, este se salvou, ou seja, está no Paraíso segundo a Lei de Deus e para àqueles que o temem, acreditando no Mistério da FÈ.

Na verdade, quando criança Dona Socorro dava o recado dentro de casa. Dona Socorro foi criada nos princípios da fé, com as rédeas curtas, indo a Igreja todo santo dia pregando o Evangelho segundo os costumes da família. Os costumes da Igreja e seguindo a fé cristã. Esta que vos falo é minha querida e idolatrada mãezinha. Nas graças de Deus Pai está entre nós gozando de muita saúde com 84 anos bem vividos.

 

Dona Socorro Dizia:

 

- Amanhã em diante, não quero ouvir baderna dentro desta casa, nem brigas, xingamento entre os irmãos, brincadeiras de mau gosto e aí o sermão parecia em minutos o de Padre Osvaldo que tenho muito orgulho em citá-lo. Para quem conheceu Padre Osvaldo Chaves – o sábio Sacerdote, lembram de seus ricos ensinamentos nas homilias diárias no Abrigo Sagrado Coração de Jesus – Igreja do Abrigo em Sobral no Ceará.

 

Não podíamos ouvir rádio, nem ligar a TV. Varrer a casa só o necessário.  Comer carne na semana nem pensar. Sacrificar os bichinhos e por na panela era sacrilégio.  Os doces eram guardados as sete chaves. Guloseimas também. Picolé, rapadura, bolo mole, pé-de-moleque, de gude eram sanados nesta semana. Até o café era com pouco açúcar e ou sem nada. Não passava manteiga no pão, a nata era escondida na geladeira. Quem jejuava, ficava até as  três da tarde (Quinze Horas( sem colocar nada na boca – era o linguajar por essas banda da Ceará.  

Não existia o banquete, nem bebida, Não se tomava refrigerante. Quem morava no campo/ na roça – sertão soltava os bichos na solta. Solta é espécie de um campo vasto para os bichos pastarem. Não se tirava o leite de madrugadinha. A foice, machado e enxada ficavam no canto da parede.

Quem vivia na cidade era um pouco diferente. Os comerciantes e donos de quitandas abriam as portas até o domingo que antecedia a Semana Santa. Fechavam às suas portas e baixavam-nas e só reabriam  no Domingos de Ramos – “Ressurreição De Senhor”.

Quando chegava a noitinha recebia os familiares, filhos que vinham de longe e ficavam na calçada tirando o terço, falando baixinho, sem  incomodar até o que estava próximo.

Os momentos litúrgicos eram respeitados. Fazíamos a Via - Sagra com meus pais e meus irmãos. Todos frequentavam a Igreja Matriz.  A fila do confessionário virava o patamar da Igreja da Sé, do Santuário São Francisco, do Abrigo Coração de Jesus. Da Igreja Menino Deus. Igreja de São Pedro...

As igrejas católicas lotavam. Os Templos seguiam seus ritos de acordo com suas crenças. Aqui, cada um seguiam os preceitos na fé em Deus e em Nosso Senhor Jesus Cristo.  

Nas ruas da cidade, parecia uma peregrinação e um vai e vem de transeuntes que se aglomeravam entre homens e mulheres. Jovens e adultos todos na mesma direção e nos ensinamentos religiosos. Seguir os ritos da Igreja: Confissão – Penitência – Jejum – Arrependimento – Oração.

Hoje tenho saudade daquele tempo de criança. Queria brincar, mas meu pai e minha mãe diziam:

- Existe o tempo pra tudo. Pra dormir, se levantar, estudar, comer, brincar e rezar/orar. 

E completavam com um tom bem chamativo O ano inteiro você pode fazer isso. Tudo tem sua hora. Lembre-se que Jesus Cristo foi crucificado por nós.

 Agora é tempo de orar, e fazer penitência. Só uma semana. Depois pode brincar a vontade. Essa Semana é sagrada. De sacrifício para relembrar Jesus em sua trajetória. E nós, somos o Sirineu que acolheu Jesus e levou juntinho com ele a Cruz.

Hoje a Semana Santa não é mais semana. Reflito e peço perdão a Deus pelos meus atos e por ser um mortal pecador. Fica então, só a saudade daquele tempo de criança. 

 

 

TEXTO  E PUBLICAÇAO DE WILAMY CARNEIRO - TODOS OS DIRETIOS RESERVADOS AO AUTOR DA OBRA..

 

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Wilamy Carneiro ´professor, cronista, poeta e historiador. membro da ALMECE - Academia de Letras dos Municípios do Ceará. Patrono da CAdeira Nº 97 do Municpioio de Forquilha no Ceará. Autor de vários obras literárias e cordeis.