Crônica de aniversário
Por Maristane Freire Jardim de Paula | 02/05/2012 | CrônicasDia desses acordei e ao sair me encontrei com uma senhora, muito simpática e conversada.Olhei para o seu rosto e vislumbrei mais que rugas.Seu olhar era alegre, e seu semblante sereno.Começou a me falar da vida, como quem não quer nada.Disse-me que cada ruga de seu rosto tinha um nome.Perguntei se as da testa eram de preocupações com seus filhos.Ela se espantou e disse que não.Os vincos ao redor da boca, de tanto sorrir, esses eram dos filhos.Os da testa eram do sol, quando mocinha ia à praia se divertir à toda e não sabia nem o que era protetor solar.E no canto dos olhos?Seriam de tristeza pelas amarguras da vida?Não!Eram de tanto piscar para seu marido no tempo da paquera e do namoro.Nas maçâs do rosto eram de dar gargalhadas com as amigas na adolescência e até hoje, quando as reencontra.No pescoço, fôra de tanto erguê-lo para não olhar para o chão.Faz mal, dá vertigem, desanima!!Nos braços, pernas, barriga...De brincar, correr, subir em árvores, carregar filhos, de viver!Ah!Quanta vida havia naquelas rugas!Agora acordo e fico olhando as minhas, as pequenas e as grandes.E já não as vejo com os mesmos olhos. Tento identificar os grandes feitos que as originaram e tenho orgulho de me sentir viva e de saber que é uma grande dádiva saber envelhecer.Como?Velha aos 43 anos?É isso!Desde o dia em que nasci estou envelhecendo.E daí?Bendita a sabedoria da maturidade!