CRISTOLOGIA
Por Mauricio castro | 26/04/2009 | Religião
INDICE
I. A PESSOA DE JESUS CRISTO
1.1. Jesus
1.2. Cristo
1.3. Filho do Homem
1.4. Filho de Deus
1. 4.1. No sentido Natalício
1. 4.2. No Sentido Oficial ou Messiânico
1. 4.3 No sentido Trinitário
1.5. Senhor
II. HERESIAS SOBRE A PESSOA DE JESUS CRISTO
2.1. O Gnosticismo;
2.2. O Docentrismo;
2.3. O Monarquianismo Dinamista;
2.3.1. O Monarquianismo Dinamista
2.3.2. O Monarquianismo Modalista
2.4. O Sabelianismo
2.5. O Arianismo
2.6. O Apolinarismo
2.7. O Nestorianismo
2.8. O Eutiquianismo
2.9. A definição Cristológica de Calcedônia
III. AS NATUREZAS DE JESUS CRISTO
3.1. A Natureza Humana de Jesus Cristo
3.2. A Natureza Divina de Jesus Cristo
3.2.1. Cristo é Deus
3.2.2. Cristo é Todo-Poderoso
3.2.3. Cristo é Eterno
3.2.4. Cristo é Criador
3.3. Atributos da Divindade de Jesus Cristo
IV – O CARÁTER DE JESUS CRISTO
4.1. A Santidade de Jesus Cristo
4.2. O Amor de Jesus Cristo
4.3. A Mansidão de Jesus Cristo
4.4. A Humildade de Jesus Cristo
V – A OBRA DE JESUS CRISTO
5.1. A Morte de Jesus Cristo
5.2. A Necessidade da Morte de Jesus Cristo
5.3. Resultado da Morte de Jesus Cristo
VI – A RESSURREIÇÃO E GLORIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO
6.1. A realidade da Ressurreição de Jesus Cristo
6.2. Resultado da Morte de Jesus Cristo
6.3. A Glorificação de Jesus Cristo
INTRODUÇÃO
Toda a discussão cristológica passa inevitavelmente pela resposta que se dá à pergunta do próprio Cristo, "Quem diz o povo ser o filho do Homem?" (Mt 16:13), e da crença na declaração bíblica "... e o verbo era Deus", (Jô 1.1).
Cristo foi para os seus contemporâneos, o que poderíamos chamar de um personagem controverso. Dificilmente duas pessoas pensavam e diziam a mesma coisa acerca dEle. Muitos daqueles que o viam comendo, diziam: "Ele é um glutão", (Mt 11:9). E eram esses mesmos que, ao saberem que ele se absterá de comer, diziam: "Este tem demônios". Muitos daqueles que testemunhavam a operação de seus milagres, diziam: "Ele engana o povo", ou "Ele opera sinais pelo poder de demônios".
Quanto ao seu ministério, aqueles que, o viam citando a Lei, diziam: "Este é Moisés". Aqueles que viam o seu zelo em despertar nos homens fé no verdadeiro Deus, Diziam: "Este é Elias". Aqueles que o viam chorando enquanto consolava os infelizes abandonados, diziam: "Este é Jeremias". Aqueles que o viam pregar o arrependimento como condição única para o homem alcançar o perdão divino. Diziam: " Este é João Batista". Ninguém, contudo, exceto seus discípulos conhecia a verdadeira identidade do Messias.
A pergunta: "Mas vos... quem dizeis que ou sou? (Mt 16:15), respondeu o apóstolo Pedro:" "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo", (Mt 16:16). Face a esta inspirada e eloqüente resposta de Pedro, disse o Senhor Jesus Cristo: "Não foi a carne e sangue que te revelou, mas meu Pai que está nos céus". (Mt 16:17).
I – A PESSOA DE JESUS CRISTO
O estudo de Jesus Cristo se reverte de grande importância decorrente de sua ligação com o Cristianismo e com a vida de todos quantos nEle crêem e esperam. Neste ponto, Cristo se distingue dos fundadores das grandes religiões conhecidas no mundo de hoje. Não há nenhum grau de comparação entre Cristo e Confúcio ou Buda. O Confucionismo poderá existir se Confúcio, O Maometismo sem Maomé, e o budismo sem Buda, porém, o Cristianismo sem Cristo é inconcebível. O Cristianismo é Cristo e Cristo é o Cristianismo. O Cristianismo não é primeiramente, uma religião. Antes de qualquer outra coisa, Cristianismo é um modo de vida, a vida de Jesus Cristo posta em ação através da vida dos santos. Cristianismo é "Cristo em vós, a esperança da glória",
Aqueles que o amam e o servem conhecem-no pelo nome, como é mostrado a seguir:
1.1 Jesus. O nome Jesus é a forma grega do nome hebraico " Jehushua" = Josué (Js 1:1; Zc 3:1), do qual a forma regular dos livros históricos pós-exilísticos é "Jeshua" (Jesus" (Ed 2:2). O nome parece derivar dos termos hebraico "salvar o que está inteiramente de acordo com a interpretação dada pelo anjo em (Mt 1:21)". E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque Ela salvará o seu povo dos seus pecados)".
Este nome foi usado por dois conhecidos personagens, tipos de Jesus no Antigo Testamento. Um deles foi Josué, filho de Num servidor de Moisés. Prefigurando Cristo como o grande General e lidere real dando a seu povo a vitória sobre os inimigos, conduzindo-os à Terra Prometida. O outro é José, filho de Jeozadaque, que tipifica o Cristo como sendo o grande sacerdote levando os pecados do seu povo, (Zc 3:1-5).
1.2. Cristo. O nome "Cristo" é o equivalente neotestamentário de "Messias" do Antigo Testamento, e significa "Ungido". Reis e sacerdotes foram regularmente ungidos durante a velha dispensação, (Ez 29:7; Lv 4:3; Jz 9:8; II Sam 19:10; I Sam 9:16; 10:1-2). O rei em Israel é chamado o "Ungido de Jeová, (I Sm 24:6)".
O conceito de "Messias" ou "Ungido", inclui três importantes elementos:
· A designação para um oficio;
· O estabelecimento de uma relação entre o Ungido e Deus;
· A comunicação do Espírito de Deus ao que tomou posse do oficio, (I Sm 16:13).
Cristo foi indicado ou designado para o seu oficio desde a eternidade, mas, historicamente, sua unção se consumou quando ele foi concebido pelo Espírito Santo, (Lc 1:35), e quando recebeu o Espírito, principalmente, por ocasião do seu batismo. Isto serviu para qualificá-lo par a sua grande comissão, (Mt 3:16).
1.3. Filho do Homem. É geralmente admitido que o homem Filho do Homem quando aplicado a Cristo se deriva de Daniel (Dn 7:13). O nome "Filho do Homem" era uma autodesignação mais comumente usada por Jesus.Ele o usou em mais de quarenta ocasiões, enquanto que outras pessoas quase não empregavam em relação a Cristo, sendo as únicas exceções às indicadas em (Jô 12:34; At 7:56; Ap 1:13; 14:14). O nome é por certo, expressivo à humanidade de Cristo, e é usado, às vezes, em passagens em que Jesus fala de seus sofrimentos e da sua morte. Mas também claramente sugestivo da singularidade de Jesus e de seu caráter sobre-humano e de sua vinda futura com as nuvens do céu em glória celeste, (Mt 16:27-28). Alguns estudiosos da Bíblia são da opinião de que Jesus dava especial preferência a este nome porque era pouco assimilável pelos judeus, e serviria muito bem para ocultar a sua missão messiânica. É mais provável, porém, que Ele o preferiu porque não tontinha nenhuma sugestão das interpretações errôneas do Messias, Interpretações correntes entre os judeus.
1.4. Filho de Deus. O nome "Filho de Deus" é usado variadamente no Antigo Testamento. Aplica-se a Israel como nação, (Ex 4:22; Os 11:1), ao rei prometido da casa de Davi, (II Sm 7:14; Sl 89:27), aos anjos; e as pessoas piedosas em geral, (Gn 6:2). No Novo Testamento Jesus se apropria do nome, (Jô 1:6), e só seus discípulos e até demônios ocasionalmente lhe atribuem esse nome ou o trataram por ele. O nome quando aplicado a Cristo tem sentido diversificado. Por exemplo:
1.4.1. No sentido Natalício. Serve para designar que a natureza humana de Cristo teve origem na direta atividade sobrenatural de Deus, e, mais particularmente, do Espírito Santo. Em (Lc 1:35), o nome "Filho de Deus" claramente indica este fato.
1.4.2. No sentido oficial ou Messiânico. Neste caso, o tratamento "Filho de Deus" descreve mais o oficio do que a natureza de Cristo, o Messias e freqüentemente chamado o "Filho de Deus", como seu herdeiro e representante. Os Demônios evidentemente assim usaram esse nome, (Mt 8:29).
1.4.3. No sentido Trinitáriano. Aqui o nome "Filho de Deus" serve para designar o Cristo como a segunda pessoa da Trindade Augusta. É o sentido mais profundo em que se usa o nome. Jesus, mesmo invariavelmente, emprega o nome nesse sentido especifico, (Mt 11:27).
1.5. Senhor. O nome "Senhor"; quando aplicado a Cristo no Novo Testamento, tem diversos sentidos. Em certos casos é usado simplesmente como forma de tratamento cortês e de respeito, (Mt 8:2). Em tais casos significa pouco mais de que palavras "senhoras", que se usa com freqüência no tratamento entre os homens. Noutros casos e expressivo de domínio e autoridade, sem indicar algo ao caráter divino de Cristo e sua autoridade, em assuntos espirituais e eternos, (Mt 21:3).
Finalmente, o nome "Senhor" é expressivo do caráter de Cristo e sua suprema autoridade espiritual, e é quase equivalente ao nome de Deus, (Mc 12:31). E especialmente depois da ressurreição que se aplica de forma plena e apropriada este nome a Cristo, indicando, que Ele é o dono e governante da Igreja, (Mt 7:22).
II – HERESIAS SOBRE AS PESSOA DE JESUS CRISTO
Um dos pontos relevantes da doutrina cristológica, consiste da afirmação, segundo a qual Jesus Cristo possui dupla natureza, o que o faz cem por cento Deus e cem por cento homem. Apesar disto, não poucas vezes ao longo do tempo, se tem levantado contra essa verdade. Dentre os movimentos que no decorrer da história da Igreja se insurgiram contra a doutrina das duas naturezas de Cristo, se destacavam as seguintes:
2.1. Gnosticismo. O Gnosticismo compreende a fusão de elementos culturais colhidos de diversos gêneros ou opiniões, até mesmo antagônicas, filosófico-religiosas. Surgiu no I século da nossa era. Visa conciliares, todas as religiões e explicar o sentido mais profundo da "gnose", sendo notadamente sincretista, o Gnosticismo viu no Cristianismo, muitos elementos de que poderia lançar mão e usar da maneira como bem lhe parecesse.
O Gnosticismo se dividia em quatro classes distintas: Sírio, Egípcio, Judaizante e Pôntico. Independentemente de classes, quanto à classe de Cristo, o Gnosticismo procurava explicá-lo em termos filosófico-pagãos, ou da "teosofia".
O Gnosticismo de tipo Sírio encontrou em Saturnino o seu principal arauto. Ele ensinavaque há um pai absolutamente desconhecido que faz anjos, arcanjos, virtudes e potestades; o mundo, porém, e tudo quanto nele existe, foi feito por anjos em números de sete.
O Salvador, conforme Saturnino, não nasceu, não teve corpo, nem forma, mas visto em forma humana apenas em aparência. O Deus dos judeus, segundo ele, era um dos sete anjos, visto que todos os principados quiseram destruir seu Pai, Cristo veio para aniquilar o Deus dos judeus e para salvar os que nele acreditassem. Esses são os que possuem uma fagulha da vida de Cristo. Saturnino foi o primeiro a afirmar a existência de duas estirpes de homens formados pelos anjos: uma de bons e outra de maus, sendo que os demônios davam apoio aos maus, o Salvador veio para destruir os demônios e os perversos salvando os bons. Mas ainda, segundo Saturnino, casar-se; e procriar filhos é obra de satanás.
O Gnosticismo tomou de empréstimo certos elementos do Cristianismo e os introduziu em seu conceito de salvação. Cristo, por exemplo, era considerado pelos gnósticos como Salvador, visto que dizem ter sido ele quem trouxe o conhecimento salvifico ao mundo. Mas este não é o Cristo da Bíblia; o Cristo do Gnosticismo era uma essência espiritual que emanara dos céus. Este Cristo não poderia ter assumido a forma de homem. Quando apareceu sobre a terra, diziam os gnósticos, só parecia ter corpo físico. Ao mesmo tempo, os gnósticos ensinavam que este Cristo não sofreu e morreu. O Gnosticismo em outras palavras proclamava uma cristologia docética.
2.2. O Decetismo. O Decetismo afirmava que o corpo de Cristo não passava de um fantasma; que seus sofrimentos e morte eram meras aparências. Deste modo pontificavam os apóstolos do docetismo: "Ou Cristo sofria e então não podia ser Deus; ou era verdadeiramente Deus e então não podia sofrer".
O Docetismo assumiu várias formas: ou negava a verdadeira humanidade de Cristo empregando teorias sobre o corpo fantamasgórico, ou então escolhia certos aspectos da vida terreno de Cristo, como sendo potencialmente verídicos, enquanto negava o restante dos relatos bíblicos através de suas explicações estava em frontal oposição a declaração joanina: "Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa que Jesus veio em carne é de Deus; e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo não veio em, não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo..." (I Jô 4:2-3).
Cerinto, habitante da Ásia Menor, defendia a opinião de que Jesus fora unido a Cristo, o filho de Deus, por ocasião do seu batismo, e que Cristo abandonou a Jesus terreno antes da crucificação. Acreditava que o sofrimento e a morte de Jesus eram incompatíveis com a divindade de Cristo. Outra teoria docética, associada a Basilides, sugeria que ocorreu um engano, que Simão, o Cirineu, fora crucificado em lugar de Cristo, escapando desse modo, Jesus da morte na cruz.
Contra as heresias do docetismo, além do apostolo João, se levantou Irineu, um dos lideres da Igreja antiga. Quanto ao docetismo, aos crentes, seus contemporâneos; escreveu ele: "Torna-te surdo quando te falam de um Jesus Cristo fora daquele que foi da família de Davi, filho de Maria, nasceu autenticamente, comeu e bebeu, padeceu verdadeiramente sobre o poder de Põncio Pilatos, foi crucificado e morreu verdadeiramente... De que me valeria estar em cadeias, se Cristo sofreu somente na aparência, como certos pretendem? Esses, sim, não passam de meras aparências".
2.3. O Monarquianismo. O Monarquianismo negava basicamente o conceito trinário, da divindade. Sustentava que a doutrina da trindade se opunha à fé no Deus único. Seus adeptos repudiavam a idéia da "economia", segundo a qual Deus, que certamente é um, rebelou-se de tal maneira que apareceu como filho e como Espírito Santo. O Monarquianismo se manifestou de duas formas: DINAMISTA E MODALISTA.
2.3.1. O Monarquianismo Dinamista. O primeiro defensor desta forma de monarquianismo foi o curtidor Teodoto, que chegou a Roma vindo de Bizâncio no ano 190, como resultado de uma perseguição. Era hostil a cristologia do Iogoso, em geral, negava a divindade de Cristo, em vez disso, acreditava ser Cristo mero homem. Nasceu de uma virgem, mas disso não passava de um mero homem. Era superior dos demais homens apenas com respeito à sua justiça. Mas especificadamente, Teodoto concebeu a relação entre Cristo e o homem Jesus do seguinte modo. Jesus vivera com os demais homens, por ocasião do seu batismo, contudo, Cristo veio sobre ele como um poder que estava ativo dentro a partir de então... Consideravam Jesus um profeta que não se tornou Deus, embora estivesse equipado com poderes divinos por algum tempo. Só se uniu a Deus depois de sua ressurreição.
2.3.2. O Mononarquianismo Modalista. A história responsabiliza Noeto e seus discípulos como divulgadores dessa forma de monarquianismo. Noeto rejeitava a doutrina da Trindade Divina, inclusive a cristologia do logos e as tendências subordinacionistas implícitas. Para Noeto, apenas o Pai é Deus, e embora esteja oculto à vista dos homens, manifestou-se e se fez conhecer segundo o seu beneplácito. Deus não está sujeito a sofrimento e morte, mas pode sofrer e morrer se Ele assim quiser. Ao dizer isto, Noeto procurou ressaltar a unidade de Deus. O Pai e o filho, não são apenas da mesma essência; são também o mesmo Deus sob o nome e forma diferentes. Noeto negou-se a diferenciar entre as três pessoas da divindade. Como ele entendia o problema, podia-se dizer tão bem que o Pai sofreu como dizer que Cristo sofreu.
2.4. O Sabelianismo. O sabelianismo, um movimento religioso organizado por Sabélio, cerca do ano 375, confundia a pessoa de Cristo apenas com uma faceta ou manifestação de Deus. Ensinava que o Pai, o filho e o Espírito Santo são uma só pessoa e a mesma essência, três nomes apenas dados a uma só e a mesma substancia. Propõe uma analogia perfeita tomada do corpo, da alma e do espírito do homem. O corpo seria o Pai, a alma seria o Filho, enquanto o Espírito Santo seria para cm a divindade o que o espírito é para com o homem. Ou tome-se o sol: o sole uma substancia, mas com tríplice manifestação: luz, calor e globo solar. O calor... É análogo ao Espírito; a luz ao filho; enquanto o Pai é representado pela verdadeira substancia. Em certo momento, o filho emitido como um raio de luz; cumpriu no mundo todo o que cabia a dispensação do Evangelho e à salvação dos homens e retirou-se para os céus, semelhante ao raio enviado pelo sol que é novamente incorporado a ele. O Espírito Santo é enviado mais sigilosamente ao mundo e, sucessivamente, aos indivíduos dignos de o receberem.
Atribui-se a Sabélio a frase: "Deus, com respeito à hipótese é um, mas foi personificado na Escritura de várias maneiras, segundo a necessidade do momento".
2.5. A Arianismo. Ário, presbítero em Alexandria por volta do ano 310, estabeleceu a sua doutrina cristologica partindo de um conceito filosófico de Deus. Segundo ensinava, não era possível a Deus conferir sua essência a qualquer outro, em virtude do fato de ser uno e indispensável. Não se podia conceber que o Logos ou Filho pudesse chegar a existir a não ser por um ato de criação. Desse modo, na opinião de Ário, Cristo não poderia ser Deus no sentido pleno do termo; em vez disso, fazer parte da criação. Como resultado, Ário considerava Cristo como "Ser intermediário", menos do que Deus e mais do que o homem. Também dizia ser Cristo, criatura, tendo sido criado ou no tempo, ou antes, do tempo. Ário, portanto, negava a preexistência do Filho em toda a eternidade, e lhe conferia atributos divinos apenas em sentido honorifico, baseado na graça especial que Cristo recebera e na justiça que manifestou.
Em suma, a arianismo ensina que "o Filho não existiu sempre, pois quando todas as coisas emergiram do nada e todas as essências criadas chegaram a existir, foi então que o Logos de Deus procedeu do nada. Houve um tempo em que não era, e não existiu até ser produzido, pois Ele mesmo teve um principio, quando foi criado. Pois Deus estava só, e naquele tempo não havia, nem Logos nem sabedoria. Quando Deus decidiu-se criar-nos, produziu em primeiro lugar, alguém que denominou Logos e sabedoria e Filho, e nós fomos criados por meio dEle".
A arianismo encontrou em Atanásio seu mais corajoso oponente. Ao seu tempo escreveu Atanásio: "A verdade revela que o Logos não é uma das coisas criadas; ao invés disso, é seu criador. Pois ele tomou sobre si o corpo criado de homem, para que Ele, tal como criador, pudesse renovar este corpo e deificá-lo em si mesmo, de modo que o homem, em virtude da força, de sua identificação com Cristo, pudesse entrar no reino do céu. Mas o homem, que é parte da criação, jamais poderia tornar-se como Deus... Igualmente o homem não poderia ter sido libertado do pecado e da condenação se o Logos não tivesse tomado sobre si nossa carne natural. Nem poderia o homem ter-se tornado como Deus se o Verbo se tornou carne, não tivesse vindo ao Pai se não fosse próprio verbo verdadeiro".
2.6. O Apolinarianismo. Apolinário (apareceu em cena pela metade do século IV), teve dificuldade em aceitar a idéia da divindade de Jesus Cristo, como sendo Ele da mesma substancia do Pai. O principal problema, como ele via, era este: "Como pode o homem conceber a existência humana de Cristo? Segundo Apolinário, à natureza humana de Cristo tinha de possuir qualidade divina. Não fosse esse o caso, a vida e a morte de Cristo não poderiam ter conquistado a salvação do homem. Parece, que Apolinário ensinava o seguinte:" "Deus em Cristo foi então transmutado em carne, e esta carne foi então transmutada pela natureza divina. De acordo com esse ponto de vista, Cristo concebeu sua natureza humana e sua carne da virgem Maria: antes, trouxe consigo do céu uma espécie de carne celestial. O ventre de Maria simplesmente; teria servido de local de passagem".
Apolinário, portanto, acreditava que Cristo tinha apenas uma natureza e uma hipótese. Essa natureza é a do Logos que em Cristo foi transmutada em carne. Esta, sua vez, assumiu a qualidade divina ao mesmo tempo. Apolinário combatia vigorosamente a idéia segundo a qual os elementos divino e humano se combinam em Cristo, que o Logos simplesmente se revestiu da natureza humana e ligou-se a ela de modo espiritual.
É óbvio que Apolinário enfatizava a divindade de Cristo a ponto de perder de vista sua verdadeira humanidade. Cristo, segundo Apolinário, não possuía alma humana. Ele só tem uma natureza, a natureza encarnada de Logos divino. A teologia cristológica de Apolinário tem o ranso de velho modalismo com fortes traços decéticos, o apolinarianismo sofre forte oposição de Diodoro de Tarso, Teodoro de Mopsuérstia, Teodoreto e João Crisóstomo.
2.7. O Nestorianismo. O Nestorianismo deve a sua existência à pessoa de Nestório, bispo em Constantinopla, no período de 428-431.
Nestório parece atribuir o seu discipulado a Teodoro de Mopsuéstia que ilustrava a união das duas naturezas de Cristo com a união conjugal de marido e mulher tornado uma só carne sem deixarem de ser duas pessoas e duas naturezas separadas. Em vez de união, ele dizia conjugação, termo que representa perfeitamente a opinião nestoriana e justifica sua inadmissibilidade.
Cirilo conseguiu a condenação de Nestório no Sínodo romano de agosto de 430, ratificada no Sínodo de Alexandria. Cirilo enviou a Constantinopla uma carta com doze anátens transcritos a seguir:
1. Se alguém não confessar que o Emanuel é o verdadeiro Deus e que, portanto, a santa virgem é Theotókos (Mãe de Deus), porquanto deu à luz, segundo a carne, ao verbo de Deus feito carne, seja anátema.
2. (Se alguém não confessar que o Verbo de Deus Pai estava unido pessoalmente (Kath' hipóstasim)) à carne, sendo com ela propriamente um só Cristo, ou seja, um só e mesmo Deus e homem ao mesmo tempo, sejam anátemas.
3. Se, no único Cristo, alguém dividir as pessoas (Hipostaseis) já unidas, unindo-as mediante uma simples união de acordo com o mérito, ou uma união efetuada através de autoridade e poder, e não propriamente uma união de natureza (Kath'Hénosin physíken), seja anátema.
4. Se alguém distingue entre dois caracteres (prósõpo) ou duas pessoas (hipóstaseis)...Aplicando algumas apenas ao homem Jesus concebidas separadamente do Verbo...Outro apenas o Verbo...Seja anátema.
5. Se alguém presumir chamar Cristo de "homem" portador de Deus (theohéron anthrôpon)...Seja anátema.
6. Se alguém presumir chamar de Verbo de Deus ou Senhor de Cristo...Seja anátema.
7. Se alguém disser que Jesus enquanto homem, era operado (enêrgêsthai) por Deus o Verbo, que a "glória do Ungido" lhe foi concedida como algo existente do Verbo...Seja anátema.
8. Se alguém tentar afirmar que "juntamente com o Verbo divino, se deve co-adorar, co-proclamar, co-glorificar, Deus ao homem assumido pelo Verbo, como se fosse estranho ao Verbo, e a conjugação" "com" ou "co", necessariamente, indica tal assunção, e que não se deve adorar a mesma adoração, glorificar com a mesma glorificação ao Emanuel feito carne, seja anátema.
9. Se alguém ensinar que o Senhor Jesus Cristo foi glorificado, pelo Espírito Santo, como se ele opera-se um poder estranho a si concedido mediante ao Espírito Santo...Seja anátema.
10. ...
11. ...
12. Se alguém não confessar que o Verbo de Deus sofreu na carne e foi crucificado na carne, seja anátema.
O Concílio de Éfeso, realizado em 431, aprovou esta carta contendo os doze anátemas de Cirilo.
2.8. O Eutiquianismo. Eutiques, abade de um mosteiro em Constantinopla, dizia que Cristo, depois de se tornar homem, tinha apenas uma natureza. Sua humanidade, contudo, não era da mesma essência que a nossa. Indagado por Flaviano e Florência, quanto a sua crença cristológica, Eutiques respondeu o seguinte:
Flaviano (Arcebispo de Constantinopla): confessais que Cristo possui duas naturezas?
Eutiques: Nunca presumi especular acerca da natureza de meu Deus, Senhor dos céus e da terra, admito que nunca confessei ser Ele consubstancial conosco...A virgem, sim, confesse que é substancial conosco, e que dela se encarnou nosso Deus...
Florêncio: Sendo ela consubstancial conosco, certamente seu Filho também é substancial?
Eutiques; Note; por obséquio, que não afirmei e o corpo de um homem passou a ser corpo de Deus, mas que este corpo foi humano e o Senhor encarnou-se da virgem. Se desejar que acrescente que o seu corpo foi consubstancial com os nossos corpos, assim fa-lo-ei, mas entendo a palavra consubstancial de modo que não acarreta a negação da filiação divina de Cristo. Sempre evitei terminantemente a expressão "consubstancial na carne". Mas, sendo que Vossa Santidade me pede, usa-lo-ei...
Florêncio: Admitis ou não que nosso Senhor nascido da virgem é consubstancial (conosco) e perdoador, após a encarnação de duas naturezas?
Eutiques:...Admito que Nosso Senhor teve duas naturezas antes da encarnação e uma só depois dela...Sou discípulo, neste particular do bem-aventurado Cirilo, dos santos padres e de santo Atanásio; eles falaram de duas naturezas antes da união e encarnação, mas falam de uma natureza, não duas.
2.9. Definição Cristológica de Calcedônia. Numa tentativa de por fim às demandas cristologicas dos primeiros quinhentos anos da história da Igreja, o Concílio de Calcedônia, reunido em 451, firmou e aprovou o seguinte documento:
"Fieis aos santos padres, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Deus Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpos; consubstancial ((homooysios), segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; tem" "em todas as coisas semelhantes a nós executando o pecado", gerado segundo a divindade, antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós para a nossa salvação, gerado da virgem Maria... um só mesmo Cristo, filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar)...
"Um só mesmo Cristo, Senhor, Unigênito, que deve confessar em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis; a distinção de natureza de moa algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, correndo para formar uma só pessoa e substancia (Hipótasis); não divido ou separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo filho unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo, Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Cristo nos ensinou e o credo dos pais nos transmitiu".
III – AS NATUREZAS DE JESUS CRISTO
O problema maior da cristologia se espelha nesta questão: Como se relaciona à divindade de Cristo com as humanidades? Como pode aquele que e verdadeiro Deus ser também verdadeiro homem ao mesmo tempo? Como pode viver sob condições humanas e aparecer em forma humana É sem duvida um grande mistério: "Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória", (I Tm 3:16).
3.1. A Natureza Humana de Jesus Cristo. Jesus Filho do Homem, conforme Ele mesmo se proclamou. É nessa condição que ele se identifica cm toda a raça humana. Para Ele convergem todas as linhas da nossa comum humanidade.
Ele era "o filho do Homem" no sentido de ser o único que realiza tudo o que está incluído na idéia do homem, na qualidade, segundo Adão, a cabeça e representante da raça, a única verdadeira e perfeita flor que já se desabrochou da raiz e do tranco da humanidade. Tomando para si esse titulo. Ele testifica contra pólos opostos de erro acerca de sua pessoa: o pólo ebionita que seria o resultado final do titulo "Filho de Davi" e o pólo gnóstico, que negava a realidade da natureza humana que levava esse nome.
A humanidade de Jesus Cristo é demonstrada da seguinte maneira:
a) Pela sua ascendência humana, (Gl 4:4);
b) Por seu crescimento e desenvolvimentos naturais, (Lc: 2:40, 52);
c) Por sua aparência pessoal, (Jô 4:9);
d) Por possuir natureza humana completa, e inclusive corpo, alma e espírito, (Mt 26:12: 38).
e) Pelas suas limitações humanas, sem pecado, evidentemente. Deste modo ele estava sujeito à fadiga corporal, à necessidade de sono, à fome, à sede, ao sofrimento e a dor física. Tinha capacidade para crescer em conhecimento, e de adquirir conhecimento mediante observação, (Jô 4:6).
3.2. A Natureza Divina de Jesus Cristo.
As dimensões do cristianismo melhor se medem pelas dimensões da pessoa que a fundou e limita seu horizonte. Da realidade de sua divindade dependem todas as demais realidades do cristianismo, e isso por toda a eternidade – Champion.
Ao mesmo tempo em que Jesus era verdadeiramente homem, também era verdadeiro Deus. Disse Napoleão ao Conde de Montholon: "Penso que compreendo um pouco da natureza humana, e digo-te que todos esses heróis da antiguidade foram homens, como eu sou, mas não como Jesus Cristo; Este era mais que homem".
As Escrituras Sagradas afirmam peremptória e categoricamente que:
3.2.1. Cristo é Deus. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus". Outras passagens da Escritura corroboram com a divindade de Jesus Cristo, como seja: (Jô 10:30, 33, 38; 14:9; 11:20, 28; II Cor 9:5; e correlatas).
Muitas afirmações feitas no Antigo Testamento a respeito de Jeová são interpretadas e cumpridas no Novo Testamento, referindo-se à pessoa de Jesus Cristo. Veja, por exemplo, os casos seguintes:
VATICINIO
CUMPRIMENTO
Isaias 40:3-4
Lucas 1:68-69, 76.
Êxodo 3:14
João 8:56-58
Jeremias 17:10
Apocalipse 2:23
Isaias 60:19
Lucas 2:32
Isaias 6:10
João 12:37-41
Isaias 8:13-14
I Pedro 2:7-8
Números 21:6, 8
I Corintios 10:9
Salmos 23:1
João 10:11; I Pedro 5:4.
Ezequiel 34:11-12
Mateus 4:10
3.2.2. Cristo é Todo-Poderoso. "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra", (Mt 28:18). Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, e que há de vir, o "Todo-Poderoso", (Ap 1:8).
3.2.3. Cristo é Eterno. "Respondeu-lhe Deus: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, Eu sou", os Evangelhos de João destaca este aspecto da divindade de Cristo nos seguintes textos: (1:18; 6:57; 8:19; 10:30, 38; 14:7, 10, 20; 17:21, 26).
3.2.4. Cristo é Criador. "Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle e sem ele nada do que foi feito se fez... Estava nu mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu", ((Jô 3, 10). Porque nEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele, (Cl 1:16-17). "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro da sua glória, por quem fez também o mundo", (Hb 1:1-6, 8)).
3.3. Atributos da Divindade de Jesus Cristo. Atributos inerentes a Deus Pai relacionam-se harmoniosamente com Jesus Cristo, provando a sua divindade.
Por isso a Bíblia o apresenta como:
O primeiro e o Último, Is 41:4.
O Senhor dos senhores, Ap 17:4.
O Rei dos reis, Is 6:1-5.
Luiz, Mt 16:27.
Pastor, Sl 23:1.
Cabeça da Igreja, Ef 1:22.
Verdadeira Luz, Lc 1:78-79.
Fundamento da Igreja, Is 28:16.
Caminho, Jô 14:6.
A Vida, Jô 11:25.
Perdoador de pecados, Sl 103:3.
Preservador de tudo, Hb 1:3.
Doador do Espírito Santo, Mt 3:11.
Onipresente, Ef 1:20-23.
Onipotente, Ap 1:8.
Onisciente, Jô 21:17.
Santificados, Hb 2:11.
Mestre, Lc 21:15.
Restaurador de si mesmo, Jô 2:19.
Inspirador dos profetas, I Pe 1:17.
Supridor de Ministros à Igreja, Ef 4:11.
Salvador, Jô 3:4-6.
IV – O CARATER DE JESUS CRISTO
O caráter de Jesus Cristo tem recebido a aprovação e a recomendação não apenas de Deus Pai, dos seus anjos e dos seus santos, mas até os demônios tem reconhecido isto. Ao longo de quase dois milênios o seu nome e a sua vida impõe respeito e ternura e tem sido motivo inspirador de milhões de vidas em toda a terra em todo os tempos. Dentre tantos testemunhos quanto ao caráter santo e Cristo, destacamos os seguintes, de três pensadores cristãos:
· "O caráter de Jesus Cristo da tremenda força à nossa crença nEle. Sua vida foi tudo quanto uma vida deve ser quando julgada segundo os padrões mais elevados". – Bispo McDowell.
· "Ainda que algo do caráter de Jesus Cristo se tenha revelado, em uma era e algo mais dEle em outra, a própria eternidade, todavia, não é suficiente para manifestá-lo inteiramente". - Flavel.
· "Seu caráter saiu aprovado através dos ataques maliciosos de dois mil anos, e hoje, perante o mundo apresenta-se impecável em todos os sentidos. Seu nome é sinônimo de Deus sobre a terra". – Bispo Foster.
4.1. A santidade de Jesus Cristo. A santidade de Jesus Cristo, quanto ao seu verdadeiro significado, indica que Ele era isento de toda contaminação, (I Jô 3:3) absoluto e imaculadamente puro, (I Jô 3:3). Ele era absolutamente livre de todos os elementos de impureza. Ele possuía todos os elementos de pureza positiva e perfeita santidade.
A santidade como parte inseparável do caráter divino de Jesus Cristo foi constatada e motivo de apreciação da parte de santos e pecadores. A santidade de Jesus Cristo foi testemunhada pelos espíritos imundos, por Judas Iscariótes, Pilatos, pela esposa de Pilatos, pelo malfeitor moribundo na cruz, pelo centurião romano, por ocasião da crucificação, pelos apóstolos Pedro e João, Ananias de Damasco, poro todo o grupo apostólico, pelo apostolo Paulo, pelo próprio Cristo, e por Deus, o Pai, (Mc 1:23-24).
A santidade de Jesus Cristo é manifestada de forma muito potente, nos seguintes casos no Novo Testamento:
a. Por sua atitude para com o pecado e a justiça, (Hb 1:9).
b. Por suas ações referentes ao pecado e a vontade de Deus, (I Pe 2:22).
c. Pela exigência de santidade da parte dos outros, (Mt 5:48).
d. Pela sua repreensão do pecado dos pecadores, (Mt 16:23).
e. Mediante se sacrifício para salvar os homens do pecado, (I Pe 2:24).
f. Pelo castigo destinado aos impenitentes, (II Ts 1:7-9).
4.2. O Amor de Jesus Cristo. Por "amor de Jesus Cristo" se entende seu desejo e disposição na promoção do bem-estar dos objetos de sua afeição pessoal, e de sua devoção particular. Neste particular, são objetos de amor de Jesus Cristo:
· Deus Pai, (I Jô 14:31).
· A Igreja, (Ef 5:23).
· Os crentes como indivíduos, (Gl 2:20).
· Aqueles que lhe pertencem, (Jô 13:11).
· Seus próprios inimigos, (Lc 23:24).
· Seus próprios familiares, (Jô 19:25-27).
· As crianças, (Mc 10:13-16).
· Os pecadores perdidos, (Rm 5:6-8).
· Os discípulos obedientes, (Jô 14:21).
4.3. A Mansidão de Jesus Cristo. A mansidão de Jesus Cristo é manifestada ao longo do Novo Testamento:
· Na longanimidade e tolerância para os fracos e faltosos, (Mt 12:20).
· Na concessão do perdão e da paz a quem merecia censura e condenação, (Lc 7:38; 48:50).
· No proporcionar cura a quem procurava obtê-la de modo indigno, (Mc 5:33-34).
· No repreender mansamente a incredulidade renitente, (Jô 20:24-25, 29).
· No repreender Judas Iscariótes que traia, (Mt 26:48-50).
· Na compassiva oração a favor de seus algozes, (Lc 23:34).
4.4. a Humildade de Jesus Cristo. A humildade de Jesus Cristo manifestada no Novo Testamento, é demonstrada nos seguintes termos:
· Ao assumir a forma e posição de servo, (Jô 13:4-5).
· Por não buscar a própria gloria, (Jô 8:50).
· Ao evitar a notoriedade e o louvor, (Is 42:2).
· Ao associar-se aos desprezados e rejeitados, (Lc 15:1-2).
· Por sua paciente submissão e silencia em vista de injurias, ultrajes e injustiças, (Ipê 2:23).
V - A OBRA DE JESUS CRISTO
A obra de Jesus Cristo envolvia toda a sua vida e ministério terrenos. Envolve a sua pregação, os seus milagres, a sua morte, ressurreição e glorificação. Abordamos a obra de Jesus Cristo aqui, apenas no que diz respeito à nossa redenção.
5.1. A Morte de Jesus Cristo. A importância da morte de Jesus Cristo demonstrada:
· Pela relação vital que ela tem com a sua Pessoa.
· Por sua conexão vital com a encarnação, (Hb 2:14).
· Pela posição de relevo que lhe é dada nas Escrituras, (Lc 24:27).
· Por ter sido alvo de investigação fervorosa por parte dos santos do Antigo Testamento, (I Pe 1:11).
· Por ser elemento de interesse e pesquisa dos anjos, (I Pe 1:12).
· Como uma das verdades cardiais do Evangelho, (I Cor 15:1: 3-4).
· Como assunto único da conversa por ocasião da sua transfiguração, (Lc 9:30-31).
Sendo uma religião nitidamente redentora, o cristianismo prioriza a morte de Jesus Cristo como tema de sua pregação. Deste modo, o cristianismo assume posição de destaque, elevando-se acima de todas as religiões do mundo.
5.2. A Necessidade da Morte de Jesus Cristo. A morte de Jesus Cristo tornou-se necessária por causa da santidade, do amor, e do propósito de Deus, face ao pecado do homem e ao cumprimento da Escritura, (Hc 1:3).
Jesus Cristo não morreu acidentalmente, nem como mártir, também não morreu meramente para exercer influencia moral sobre os homens, nem para manifestar o desprazer de Deus contra o pecado, nem meramente para expressar o amor de Deus pelos homens. A morte de Jesus Cristo foi o único recurso da economia divina que satisfazia plenamente os requisitos necessários do homem caído.
Positivamente considerada, a morte de Jesus Cristo:
· Foi predeterminada, (At 2:23).
· Foi voluntária – por livre escolha, não por compulsão, (Jô 10:17-18).
· Foi vicária – a favor dos outros, (I Pe 3:18).
· ((Foi sacrifical – como holocausto pelo pecado,)I cor 5:7).
· Foi propiciatória – cobrindo ou tornando favorável, (I Jo 4:10).
· Foi redentora – resgatando por meio de pagamento, (Gl 4:4-5).
· Foi substituta – em lugar de outros, (I Pe 2:24).
Em seu escopo, a morte de Jesus Cristo tem duplo aspecto: o universal e o restrito. Assim sendo, entendemos que a morte de Jesus Cristo foi:
· Pelo mundo inteiro, (I Jô 2:2).
· Por cada individuo da raça humana, (Hb 2:9).
· Pelos pecadores, pelos justos e pelos ímpios, (Rm 5:6-8).
· Pela Igreja e por todos os crentes, (Ef 5:25-27).
O mundo foi incluído no alcance e providencia da morte de Jesus Cristo, e até certo ponto compartilha de seus benefícios. Mas essa provisão sé se torna plenamente eficaz e redentora, no caso daqueles que crêem. Isto é, a morte de Jesus Cristo é universal em seu alcance, mas restrita em sua eficácia, uma vez que só aqueles que aceitam serão salvos.
5.3. Resultados da morte de Jesus Cristo. Dentre os incontáveis resultados da morte de Jesus Cristo, salientam-se os seguintes:
· Uma nova oportunidade de reconciliação do homem com Deus, (Rm 3:25).
· Os homens são atraídos a ele, (Jô 12:32-33).
· A propiciação total dos pecados, (I Jo 1:9).
· A remoção do pecado do mundo, (Jô 1:29).
· A potencial anulação do poder do pecado, (Hb 9:26).
· A redenção da maldição da lei é assegurada, (Gl 3:13).
· Remoção da barreira entre judeus e gentios, (Ef 2:14, 16).
· É anulada a distancia entre o crente e Deus, (Ef 2:13).
· Garantia do perdão do pecado, (Ef 1:7).
· A derrota das potestades e principados, (Cl 2:14-15).
VI – A RESSURREIÇÃO E GLORIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO
A ressurreição física e corporal do Senhor Jesus Cristos é o fundamento inabalável do Evangelho e da nossa fé, de fato, o cristianismo não seria mais que uma religião se Jesus Cristo não tivesse ressuscitado dentre os mortos. Portanto, é a ressurreição de Jesus Cristo, dentre outras coisas, que o faz diferente dos grandes filósofos e fundadores de religião humana. É a ressurreição de Jesus Cristo que faz do cristianismo o elo de comunhão entre o homem e uma pessoa, o próprio Jesus Cristo ressurreto. Portanto, não é sem motivo que o diabo e muitos homens ímpios, tendo tentado destruir o cristianismo, foram impedidos de fazê-lo, pois, em qualquer direção em que se encontrassem, sempre se viam diante de um tumulo vazio, o tumulo que foi morto mais vive para jamais morrer.
6.1. A Realidade da Ressurreição de Jesus Cristo. A realidade da ressurreição de Jesus Cristo se evidencia ao longo da narrativa novitestamentaria. Suas provas se vêem:
a. No sepulcro vazio, (Lc 24:3).
b. Nas aparições do Senhor a Maria Madalena, às mulheres, a Simão Pedro, aos dois discípulos no caminho de Emaús, aos discípulos no Cenáculo, a Tomé, a João e a Pedro, a todo o grupo dos discípulos, (Jô 20>26).
c. Na transformação operada nos discípulos, (Jô 7:3-5).
d. Na mudança do dia de descanso e adoração semanais, (At 20:7).
e. No testemunho positivo de Pedro no dia de Pentecostes, e de Paulo, no Areópago, (At 14:22, 24).
f. No testemunho do próprio Jesus Cristo quando se revelou a João em Patmos, (Ap 1:18).
6.2. Resultado da ressurreição de Jesus Cristo. A ressurreição de Jesus Cristo:
· É o cumprimento da promessa de Deus aos pais, At 13:32-(33).
· Conforma a divindade de Jesus Cristo, colocando-a acima de qualquer dúvida, (Rm 1:4).
· É prova de justificação dos crentes, (Rm 4:23-25).
· Torna possível e imitável o sacerdócio de Jesus Cristo, (Hb 7:22-25).
· Possibilita o crente tornar-se frutífero para Deus, (Rm 7:4).
· É o penhor divino do julgamento futuro, (At 17:31).
6.3. A Glorificação de Jesus Cristo. Na sua carta aos Filipenses, quanto à encarnação, humilhação, e glorificação de Jesus Cristo, escreveu o apostolo Paulo "... Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homem; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homem; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte de cruz. Pelo que Deus também o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus Cristo se dobre todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra; e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai, (Fp 2:2-11)".
Do estudo deste texto do apóstolo Paulo, compreendemos que a glorificação de Jesus Cristo se evidenciou nos seguintes fatos:
a) Deus exaltou dando-lhe a dignidade de soberano.
b) Não apenas a pessoa de Jesus Cristo, mas também o seu próprio nome está acima de todo nome que se possa nomear nos céus e no inferno.
c) O nome de Jesus Cristo impõe reverencia da parte dos anjos, dos homens e dos demônios.
d) No futuro, o nome de Jesus Cristo será declarado em sua plenitude como Rei dos reis, e Senhor de todos e Senhor da glória.
e) A glorificação plena de Jesus Cristo está intimamente associada à própria glória de Deus Pai.
(Não há melhor defesa contra a especulação do que a fé no Senhor tal como Deus no-lo revelou, toda especulação é derrotada pela fé que venço o mundo, pela fé que ouviu as promessas: "Tende bom ânimo, eu venci o mundo", Jô 16:33). Cristo é o Senhor vivo que domina todos os tempos. Em 1743, alguém glosando, o mencionado final de João, escrevia: "Oxalá, pelo menos o nosso mundo desse guarida aos livros que descrevem obra do Senhor exaltado". Certamente a exaltação de Jesus Cristo está indispensavelmente ligada a tudo o quanto ele fez na terra e que João descreve com admiração; mas, de fato merece ponderação especialíssima a realidade de que este Senhor é o Senhor da Igreja, o Cristo exaltado, que está a fazer uma obra indescritível e continuado em seu reino, e cuja proteção nunca cessa. A viva fé da comunidade tampouco cessará, mas sempre ecoará a antiga proclamação cristologica: VERDADEIRO DEUS E VERDADEIRO HOMEM, baseada no testemunho dos profetas e apóstolos. Perfeito resumo desta fé são as palavras lapidares de (Hb 13:8): Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. Esta inalterabilidade do Ser de Jesus Cristo vence qualquer especulação. Aquele que sabe quem ele é conhece sua obra e repousa confiado: Estas coisas vos têm dito para que tenhais paz em mim.
I. A PESSOA DE JESUS CRISTO
1.1. Jesus
1.2. Cristo
1.3. Filho do Homem
1.4. Filho de Deus
1. 4.1. No sentido Natalício
1. 4.2. No Sentido Oficial ou Messiânico
1. 4.3 No sentido Trinitário
1.5. Senhor
II. HERESIAS SOBRE A PESSOA DE JESUS CRISTO
2.1. O Gnosticismo;
2.2. O Docentrismo;
2.3. O Monarquianismo Dinamista;
2.3.1. O Monarquianismo Dinamista
2.3.2. O Monarquianismo Modalista
2.4. O Sabelianismo
2.5. O Arianismo
2.6. O Apolinarismo
2.7. O Nestorianismo
2.8. O Eutiquianismo
2.9. A definição Cristológica de Calcedônia
III. AS NATUREZAS DE JESUS CRISTO
3.1. A Natureza Humana de Jesus Cristo
3.2. A Natureza Divina de Jesus Cristo
3.2.1. Cristo é Deus
3.2.2. Cristo é Todo-Poderoso
3.2.3. Cristo é Eterno
3.2.4. Cristo é Criador
3.3. Atributos da Divindade de Jesus Cristo
IV – O CARÁTER DE JESUS CRISTO
4.1. A Santidade de Jesus Cristo
4.2. O Amor de Jesus Cristo
4.3. A Mansidão de Jesus Cristo
4.4. A Humildade de Jesus Cristo
V – A OBRA DE JESUS CRISTO
5.1. A Morte de Jesus Cristo
5.2. A Necessidade da Morte de Jesus Cristo
5.3. Resultado da Morte de Jesus Cristo
VI – A RESSURREIÇÃO E GLORIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO
6.1. A realidade da Ressurreição de Jesus Cristo
6.2. Resultado da Morte de Jesus Cristo
6.3. A Glorificação de Jesus Cristo
INTRODUÇÃO
Toda a discussão cristológica passa inevitavelmente pela resposta que se dá à pergunta do próprio Cristo, "Quem diz o povo ser o filho do Homem?" (Mt 16:13), e da crença na declaração bíblica "... e o verbo era Deus", (Jô 1.1).
Cristo foi para os seus contemporâneos, o que poderíamos chamar de um personagem controverso. Dificilmente duas pessoas pensavam e diziam a mesma coisa acerca dEle. Muitos daqueles que o viam comendo, diziam: "Ele é um glutão", (Mt 11:9). E eram esses mesmos que, ao saberem que ele se absterá de comer, diziam: "Este tem demônios". Muitos daqueles que testemunhavam a operação de seus milagres, diziam: "Ele engana o povo", ou "Ele opera sinais pelo poder de demônios".
Quanto ao seu ministério, aqueles que, o viam citando a Lei, diziam: "Este é Moisés". Aqueles que viam o seu zelo em despertar nos homens fé no verdadeiro Deus, Diziam: "Este é Elias". Aqueles que o viam chorando enquanto consolava os infelizes abandonados, diziam: "Este é Jeremias". Aqueles que o viam pregar o arrependimento como condição única para o homem alcançar o perdão divino. Diziam: " Este é João Batista". Ninguém, contudo, exceto seus discípulos conhecia a verdadeira identidade do Messias.
A pergunta: "Mas vos... quem dizeis que ou sou? (Mt 16:15), respondeu o apóstolo Pedro:" "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo", (Mt 16:16). Face a esta inspirada e eloqüente resposta de Pedro, disse o Senhor Jesus Cristo: "Não foi a carne e sangue que te revelou, mas meu Pai que está nos céus". (Mt 16:17).
I – A PESSOA DE JESUS CRISTO
O estudo de Jesus Cristo se reverte de grande importância decorrente de sua ligação com o Cristianismo e com a vida de todos quantos nEle crêem e esperam. Neste ponto, Cristo se distingue dos fundadores das grandes religiões conhecidas no mundo de hoje. Não há nenhum grau de comparação entre Cristo e Confúcio ou Buda. O Confucionismo poderá existir se Confúcio, O Maometismo sem Maomé, e o budismo sem Buda, porém, o Cristianismo sem Cristo é inconcebível. O Cristianismo é Cristo e Cristo é o Cristianismo. O Cristianismo não é primeiramente, uma religião. Antes de qualquer outra coisa, Cristianismo é um modo de vida, a vida de Jesus Cristo posta em ação através da vida dos santos. Cristianismo é "Cristo em vós, a esperança da glória",
Aqueles que o amam e o servem conhecem-no pelo nome, como é mostrado a seguir:
1.1 Jesus. O nome Jesus é a forma grega do nome hebraico " Jehushua" = Josué (Js 1:1; Zc 3:1), do qual a forma regular dos livros históricos pós-exilísticos é "Jeshua" (Jesus" (Ed 2:2). O nome parece derivar dos termos hebraico "salvar o que está inteiramente de acordo com a interpretação dada pelo anjo em (Mt 1:21)". E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque Ela salvará o seu povo dos seus pecados)".
Este nome foi usado por dois conhecidos personagens, tipos de Jesus no Antigo Testamento. Um deles foi Josué, filho de Num servidor de Moisés. Prefigurando Cristo como o grande General e lidere real dando a seu povo a vitória sobre os inimigos, conduzindo-os à Terra Prometida. O outro é José, filho de Jeozadaque, que tipifica o Cristo como sendo o grande sacerdote levando os pecados do seu povo, (Zc 3:1-5).
1.2. Cristo. O nome "Cristo" é o equivalente neotestamentário de "Messias" do Antigo Testamento, e significa "Ungido". Reis e sacerdotes foram regularmente ungidos durante a velha dispensação, (Ez 29:7; Lv 4:3; Jz 9:8; II Sam 19:10; I Sam 9:16; 10:1-2). O rei em Israel é chamado o "Ungido de Jeová, (I Sm 24:6)".
O conceito de "Messias" ou "Ungido", inclui três importantes elementos:
· A designação para um oficio;
· O estabelecimento de uma relação entre o Ungido e Deus;
· A comunicação do Espírito de Deus ao que tomou posse do oficio, (I Sm 16:13).
Cristo foi indicado ou designado para o seu oficio desde a eternidade, mas, historicamente, sua unção se consumou quando ele foi concebido pelo Espírito Santo, (Lc 1:35), e quando recebeu o Espírito, principalmente, por ocasião do seu batismo. Isto serviu para qualificá-lo par a sua grande comissão, (Mt 3:16).
1.3. Filho do Homem. É geralmente admitido que o homem Filho do Homem quando aplicado a Cristo se deriva de Daniel (Dn 7:13). O nome "Filho do Homem" era uma autodesignação mais comumente usada por Jesus.Ele o usou em mais de quarenta ocasiões, enquanto que outras pessoas quase não empregavam em relação a Cristo, sendo as únicas exceções às indicadas em (Jô 12:34; At 7:56; Ap 1:13; 14:14). O nome é por certo, expressivo à humanidade de Cristo, e é usado, às vezes, em passagens em que Jesus fala de seus sofrimentos e da sua morte. Mas também claramente sugestivo da singularidade de Jesus e de seu caráter sobre-humano e de sua vinda futura com as nuvens do céu em glória celeste, (Mt 16:27-28). Alguns estudiosos da Bíblia são da opinião de que Jesus dava especial preferência a este nome porque era pouco assimilável pelos judeus, e serviria muito bem para ocultar a sua missão messiânica. É mais provável, porém, que Ele o preferiu porque não tontinha nenhuma sugestão das interpretações errôneas do Messias, Interpretações correntes entre os judeus.
1.4. Filho de Deus. O nome "Filho de Deus" é usado variadamente no Antigo Testamento. Aplica-se a Israel como nação, (Ex 4:22; Os 11:1), ao rei prometido da casa de Davi, (II Sm 7:14; Sl 89:27), aos anjos; e as pessoas piedosas em geral, (Gn 6:2). No Novo Testamento Jesus se apropria do nome, (Jô 1:6), e só seus discípulos e até demônios ocasionalmente lhe atribuem esse nome ou o trataram por ele. O nome quando aplicado a Cristo tem sentido diversificado. Por exemplo:
1.4.1. No sentido Natalício. Serve para designar que a natureza humana de Cristo teve origem na direta atividade sobrenatural de Deus, e, mais particularmente, do Espírito Santo. Em (Lc 1:35), o nome "Filho de Deus" claramente indica este fato.
1.4.2. No sentido oficial ou Messiânico. Neste caso, o tratamento "Filho de Deus" descreve mais o oficio do que a natureza de Cristo, o Messias e freqüentemente chamado o "Filho de Deus", como seu herdeiro e representante. Os Demônios evidentemente assim usaram esse nome, (Mt 8:29).
1.4.3. No sentido Trinitáriano. Aqui o nome "Filho de Deus" serve para designar o Cristo como a segunda pessoa da Trindade Augusta. É o sentido mais profundo em que se usa o nome. Jesus, mesmo invariavelmente, emprega o nome nesse sentido especifico, (Mt 11:27).
1.5. Senhor. O nome "Senhor"; quando aplicado a Cristo no Novo Testamento, tem diversos sentidos. Em certos casos é usado simplesmente como forma de tratamento cortês e de respeito, (Mt 8:2). Em tais casos significa pouco mais de que palavras "senhoras", que se usa com freqüência no tratamento entre os homens. Noutros casos e expressivo de domínio e autoridade, sem indicar algo ao caráter divino de Cristo e sua autoridade, em assuntos espirituais e eternos, (Mt 21:3).
Finalmente, o nome "Senhor" é expressivo do caráter de Cristo e sua suprema autoridade espiritual, e é quase equivalente ao nome de Deus, (Mc 12:31). E especialmente depois da ressurreição que se aplica de forma plena e apropriada este nome a Cristo, indicando, que Ele é o dono e governante da Igreja, (Mt 7:22).
II – HERESIAS SOBRE AS PESSOA DE JESUS CRISTO
Um dos pontos relevantes da doutrina cristológica, consiste da afirmação, segundo a qual Jesus Cristo possui dupla natureza, o que o faz cem por cento Deus e cem por cento homem. Apesar disto, não poucas vezes ao longo do tempo, se tem levantado contra essa verdade. Dentre os movimentos que no decorrer da história da Igreja se insurgiram contra a doutrina das duas naturezas de Cristo, se destacavam as seguintes:
2.1. Gnosticismo. O Gnosticismo compreende a fusão de elementos culturais colhidos de diversos gêneros ou opiniões, até mesmo antagônicas, filosófico-religiosas. Surgiu no I século da nossa era. Visa conciliares, todas as religiões e explicar o sentido mais profundo da "gnose", sendo notadamente sincretista, o Gnosticismo viu no Cristianismo, muitos elementos de que poderia lançar mão e usar da maneira como bem lhe parecesse.
O Gnosticismo se dividia em quatro classes distintas: Sírio, Egípcio, Judaizante e Pôntico. Independentemente de classes, quanto à classe de Cristo, o Gnosticismo procurava explicá-lo em termos filosófico-pagãos, ou da "teosofia".
O Gnosticismo de tipo Sírio encontrou em Saturnino o seu principal arauto. Ele ensinavaque há um pai absolutamente desconhecido que faz anjos, arcanjos, virtudes e potestades; o mundo, porém, e tudo quanto nele existe, foi feito por anjos em números de sete.
O Salvador, conforme Saturnino, não nasceu, não teve corpo, nem forma, mas visto em forma humana apenas em aparência. O Deus dos judeus, segundo ele, era um dos sete anjos, visto que todos os principados quiseram destruir seu Pai, Cristo veio para aniquilar o Deus dos judeus e para salvar os que nele acreditassem. Esses são os que possuem uma fagulha da vida de Cristo. Saturnino foi o primeiro a afirmar a existência de duas estirpes de homens formados pelos anjos: uma de bons e outra de maus, sendo que os demônios davam apoio aos maus, o Salvador veio para destruir os demônios e os perversos salvando os bons. Mas ainda, segundo Saturnino, casar-se; e procriar filhos é obra de satanás.
O Gnosticismo tomou de empréstimo certos elementos do Cristianismo e os introduziu em seu conceito de salvação. Cristo, por exemplo, era considerado pelos gnósticos como Salvador, visto que dizem ter sido ele quem trouxe o conhecimento salvifico ao mundo. Mas este não é o Cristo da Bíblia; o Cristo do Gnosticismo era uma essência espiritual que emanara dos céus. Este Cristo não poderia ter assumido a forma de homem. Quando apareceu sobre a terra, diziam os gnósticos, só parecia ter corpo físico. Ao mesmo tempo, os gnósticos ensinavam que este Cristo não sofreu e morreu. O Gnosticismo em outras palavras proclamava uma cristologia docética.
2.2. O Decetismo. O Decetismo afirmava que o corpo de Cristo não passava de um fantasma; que seus sofrimentos e morte eram meras aparências. Deste modo pontificavam os apóstolos do docetismo: "Ou Cristo sofria e então não podia ser Deus; ou era verdadeiramente Deus e então não podia sofrer".
O Docetismo assumiu várias formas: ou negava a verdadeira humanidade de Cristo empregando teorias sobre o corpo fantamasgórico, ou então escolhia certos aspectos da vida terreno de Cristo, como sendo potencialmente verídicos, enquanto negava o restante dos relatos bíblicos através de suas explicações estava em frontal oposição a declaração joanina: "Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa que Jesus veio em carne é de Deus; e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo não veio em, não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo..." (I Jô 4:2-3).
Cerinto, habitante da Ásia Menor, defendia a opinião de que Jesus fora unido a Cristo, o filho de Deus, por ocasião do seu batismo, e que Cristo abandonou a Jesus terreno antes da crucificação. Acreditava que o sofrimento e a morte de Jesus eram incompatíveis com a divindade de Cristo. Outra teoria docética, associada a Basilides, sugeria que ocorreu um engano, que Simão, o Cirineu, fora crucificado em lugar de Cristo, escapando desse modo, Jesus da morte na cruz.
Contra as heresias do docetismo, além do apostolo João, se levantou Irineu, um dos lideres da Igreja antiga. Quanto ao docetismo, aos crentes, seus contemporâneos; escreveu ele: "Torna-te surdo quando te falam de um Jesus Cristo fora daquele que foi da família de Davi, filho de Maria, nasceu autenticamente, comeu e bebeu, padeceu verdadeiramente sobre o poder de Põncio Pilatos, foi crucificado e morreu verdadeiramente... De que me valeria estar em cadeias, se Cristo sofreu somente na aparência, como certos pretendem? Esses, sim, não passam de meras aparências".
2.3. O Monarquianismo. O Monarquianismo negava basicamente o conceito trinário, da divindade. Sustentava que a doutrina da trindade se opunha à fé no Deus único. Seus adeptos repudiavam a idéia da "economia", segundo a qual Deus, que certamente é um, rebelou-se de tal maneira que apareceu como filho e como Espírito Santo. O Monarquianismo se manifestou de duas formas: DINAMISTA E MODALISTA.
2.3.1. O Monarquianismo Dinamista. O primeiro defensor desta forma de monarquianismo foi o curtidor Teodoto, que chegou a Roma vindo de Bizâncio no ano 190, como resultado de uma perseguição. Era hostil a cristologia do Iogoso, em geral, negava a divindade de Cristo, em vez disso, acreditava ser Cristo mero homem. Nasceu de uma virgem, mas disso não passava de um mero homem. Era superior dos demais homens apenas com respeito à sua justiça. Mas especificadamente, Teodoto concebeu a relação entre Cristo e o homem Jesus do seguinte modo. Jesus vivera com os demais homens, por ocasião do seu batismo, contudo, Cristo veio sobre ele como um poder que estava ativo dentro a partir de então... Consideravam Jesus um profeta que não se tornou Deus, embora estivesse equipado com poderes divinos por algum tempo. Só se uniu a Deus depois de sua ressurreição.
2.3.2. O Mononarquianismo Modalista. A história responsabiliza Noeto e seus discípulos como divulgadores dessa forma de monarquianismo. Noeto rejeitava a doutrina da Trindade Divina, inclusive a cristologia do logos e as tendências subordinacionistas implícitas. Para Noeto, apenas o Pai é Deus, e embora esteja oculto à vista dos homens, manifestou-se e se fez conhecer segundo o seu beneplácito. Deus não está sujeito a sofrimento e morte, mas pode sofrer e morrer se Ele assim quiser. Ao dizer isto, Noeto procurou ressaltar a unidade de Deus. O Pai e o filho, não são apenas da mesma essência; são também o mesmo Deus sob o nome e forma diferentes. Noeto negou-se a diferenciar entre as três pessoas da divindade. Como ele entendia o problema, podia-se dizer tão bem que o Pai sofreu como dizer que Cristo sofreu.
2.4. O Sabelianismo. O sabelianismo, um movimento religioso organizado por Sabélio, cerca do ano 375, confundia a pessoa de Cristo apenas com uma faceta ou manifestação de Deus. Ensinava que o Pai, o filho e o Espírito Santo são uma só pessoa e a mesma essência, três nomes apenas dados a uma só e a mesma substancia. Propõe uma analogia perfeita tomada do corpo, da alma e do espírito do homem. O corpo seria o Pai, a alma seria o Filho, enquanto o Espírito Santo seria para cm a divindade o que o espírito é para com o homem. Ou tome-se o sol: o sole uma substancia, mas com tríplice manifestação: luz, calor e globo solar. O calor... É análogo ao Espírito; a luz ao filho; enquanto o Pai é representado pela verdadeira substancia. Em certo momento, o filho emitido como um raio de luz; cumpriu no mundo todo o que cabia a dispensação do Evangelho e à salvação dos homens e retirou-se para os céus, semelhante ao raio enviado pelo sol que é novamente incorporado a ele. O Espírito Santo é enviado mais sigilosamente ao mundo e, sucessivamente, aos indivíduos dignos de o receberem.
Atribui-se a Sabélio a frase: "Deus, com respeito à hipótese é um, mas foi personificado na Escritura de várias maneiras, segundo a necessidade do momento".
2.5. A Arianismo. Ário, presbítero em Alexandria por volta do ano 310, estabeleceu a sua doutrina cristologica partindo de um conceito filosófico de Deus. Segundo ensinava, não era possível a Deus conferir sua essência a qualquer outro, em virtude do fato de ser uno e indispensável. Não se podia conceber que o Logos ou Filho pudesse chegar a existir a não ser por um ato de criação. Desse modo, na opinião de Ário, Cristo não poderia ser Deus no sentido pleno do termo; em vez disso, fazer parte da criação. Como resultado, Ário considerava Cristo como "Ser intermediário", menos do que Deus e mais do que o homem. Também dizia ser Cristo, criatura, tendo sido criado ou no tempo, ou antes, do tempo. Ário, portanto, negava a preexistência do Filho em toda a eternidade, e lhe conferia atributos divinos apenas em sentido honorifico, baseado na graça especial que Cristo recebera e na justiça que manifestou.
Em suma, a arianismo ensina que "o Filho não existiu sempre, pois quando todas as coisas emergiram do nada e todas as essências criadas chegaram a existir, foi então que o Logos de Deus procedeu do nada. Houve um tempo em que não era, e não existiu até ser produzido, pois Ele mesmo teve um principio, quando foi criado. Pois Deus estava só, e naquele tempo não havia, nem Logos nem sabedoria. Quando Deus decidiu-se criar-nos, produziu em primeiro lugar, alguém que denominou Logos e sabedoria e Filho, e nós fomos criados por meio dEle".
A arianismo encontrou em Atanásio seu mais corajoso oponente. Ao seu tempo escreveu Atanásio: "A verdade revela que o Logos não é uma das coisas criadas; ao invés disso, é seu criador. Pois ele tomou sobre si o corpo criado de homem, para que Ele, tal como criador, pudesse renovar este corpo e deificá-lo em si mesmo, de modo que o homem, em virtude da força, de sua identificação com Cristo, pudesse entrar no reino do céu. Mas o homem, que é parte da criação, jamais poderia tornar-se como Deus... Igualmente o homem não poderia ter sido libertado do pecado e da condenação se o Logos não tivesse tomado sobre si nossa carne natural. Nem poderia o homem ter-se tornado como Deus se o Verbo se tornou carne, não tivesse vindo ao Pai se não fosse próprio verbo verdadeiro".
2.6. O Apolinarianismo. Apolinário (apareceu em cena pela metade do século IV), teve dificuldade em aceitar a idéia da divindade de Jesus Cristo, como sendo Ele da mesma substancia do Pai. O principal problema, como ele via, era este: "Como pode o homem conceber a existência humana de Cristo? Segundo Apolinário, à natureza humana de Cristo tinha de possuir qualidade divina. Não fosse esse o caso, a vida e a morte de Cristo não poderiam ter conquistado a salvação do homem. Parece, que Apolinário ensinava o seguinte:" "Deus em Cristo foi então transmutado em carne, e esta carne foi então transmutada pela natureza divina. De acordo com esse ponto de vista, Cristo concebeu sua natureza humana e sua carne da virgem Maria: antes, trouxe consigo do céu uma espécie de carne celestial. O ventre de Maria simplesmente; teria servido de local de passagem".
Apolinário, portanto, acreditava que Cristo tinha apenas uma natureza e uma hipótese. Essa natureza é a do Logos que em Cristo foi transmutada em carne. Esta, sua vez, assumiu a qualidade divina ao mesmo tempo. Apolinário combatia vigorosamente a idéia segundo a qual os elementos divino e humano se combinam em Cristo, que o Logos simplesmente se revestiu da natureza humana e ligou-se a ela de modo espiritual.
É óbvio que Apolinário enfatizava a divindade de Cristo a ponto de perder de vista sua verdadeira humanidade. Cristo, segundo Apolinário, não possuía alma humana. Ele só tem uma natureza, a natureza encarnada de Logos divino. A teologia cristológica de Apolinário tem o ranso de velho modalismo com fortes traços decéticos, o apolinarianismo sofre forte oposição de Diodoro de Tarso, Teodoro de Mopsuérstia, Teodoreto e João Crisóstomo.
2.7. O Nestorianismo. O Nestorianismo deve a sua existência à pessoa de Nestório, bispo em Constantinopla, no período de 428-431.
Nestório parece atribuir o seu discipulado a Teodoro de Mopsuéstia que ilustrava a união das duas naturezas de Cristo com a união conjugal de marido e mulher tornado uma só carne sem deixarem de ser duas pessoas e duas naturezas separadas. Em vez de união, ele dizia conjugação, termo que representa perfeitamente a opinião nestoriana e justifica sua inadmissibilidade.
Cirilo conseguiu a condenação de Nestório no Sínodo romano de agosto de 430, ratificada no Sínodo de Alexandria. Cirilo enviou a Constantinopla uma carta com doze anátens transcritos a seguir:
1. Se alguém não confessar que o Emanuel é o verdadeiro Deus e que, portanto, a santa virgem é Theotókos (Mãe de Deus), porquanto deu à luz, segundo a carne, ao verbo de Deus feito carne, seja anátema.
2. (Se alguém não confessar que o Verbo de Deus Pai estava unido pessoalmente (Kath' hipóstasim)) à carne, sendo com ela propriamente um só Cristo, ou seja, um só e mesmo Deus e homem ao mesmo tempo, sejam anátemas.
3. Se, no único Cristo, alguém dividir as pessoas (Hipostaseis) já unidas, unindo-as mediante uma simples união de acordo com o mérito, ou uma união efetuada através de autoridade e poder, e não propriamente uma união de natureza (Kath'Hénosin physíken), seja anátema.
4. Se alguém distingue entre dois caracteres (prósõpo) ou duas pessoas (hipóstaseis)...Aplicando algumas apenas ao homem Jesus concebidas separadamente do Verbo...Outro apenas o Verbo...Seja anátema.
5. Se alguém presumir chamar Cristo de "homem" portador de Deus (theohéron anthrôpon)...Seja anátema.
6. Se alguém presumir chamar de Verbo de Deus ou Senhor de Cristo...Seja anátema.
7. Se alguém disser que Jesus enquanto homem, era operado (enêrgêsthai) por Deus o Verbo, que a "glória do Ungido" lhe foi concedida como algo existente do Verbo...Seja anátema.
8. Se alguém tentar afirmar que "juntamente com o Verbo divino, se deve co-adorar, co-proclamar, co-glorificar, Deus ao homem assumido pelo Verbo, como se fosse estranho ao Verbo, e a conjugação" "com" ou "co", necessariamente, indica tal assunção, e que não se deve adorar a mesma adoração, glorificar com a mesma glorificação ao Emanuel feito carne, seja anátema.
9. Se alguém ensinar que o Senhor Jesus Cristo foi glorificado, pelo Espírito Santo, como se ele opera-se um poder estranho a si concedido mediante ao Espírito Santo...Seja anátema.
10. ...
11. ...
12. Se alguém não confessar que o Verbo de Deus sofreu na carne e foi crucificado na carne, seja anátema.
O Concílio de Éfeso, realizado em 431, aprovou esta carta contendo os doze anátemas de Cirilo.
2.8. O Eutiquianismo. Eutiques, abade de um mosteiro em Constantinopla, dizia que Cristo, depois de se tornar homem, tinha apenas uma natureza. Sua humanidade, contudo, não era da mesma essência que a nossa. Indagado por Flaviano e Florência, quanto a sua crença cristológica, Eutiques respondeu o seguinte:
Flaviano (Arcebispo de Constantinopla): confessais que Cristo possui duas naturezas?
Eutiques: Nunca presumi especular acerca da natureza de meu Deus, Senhor dos céus e da terra, admito que nunca confessei ser Ele consubstancial conosco...A virgem, sim, confesse que é substancial conosco, e que dela se encarnou nosso Deus...
Florêncio: Sendo ela consubstancial conosco, certamente seu Filho também é substancial?
Eutiques; Note; por obséquio, que não afirmei e o corpo de um homem passou a ser corpo de Deus, mas que este corpo foi humano e o Senhor encarnou-se da virgem. Se desejar que acrescente que o seu corpo foi consubstancial com os nossos corpos, assim fa-lo-ei, mas entendo a palavra consubstancial de modo que não acarreta a negação da filiação divina de Cristo. Sempre evitei terminantemente a expressão "consubstancial na carne". Mas, sendo que Vossa Santidade me pede, usa-lo-ei...
Florêncio: Admitis ou não que nosso Senhor nascido da virgem é consubstancial (conosco) e perdoador, após a encarnação de duas naturezas?
Eutiques:...Admito que Nosso Senhor teve duas naturezas antes da encarnação e uma só depois dela...Sou discípulo, neste particular do bem-aventurado Cirilo, dos santos padres e de santo Atanásio; eles falaram de duas naturezas antes da união e encarnação, mas falam de uma natureza, não duas.
2.9. Definição Cristológica de Calcedônia. Numa tentativa de por fim às demandas cristologicas dos primeiros quinhentos anos da história da Igreja, o Concílio de Calcedônia, reunido em 451, firmou e aprovou o seguinte documento:
"Fieis aos santos padres, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Deus Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpos; consubstancial ((homooysios), segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; tem" "em todas as coisas semelhantes a nós executando o pecado", gerado segundo a divindade, antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós para a nossa salvação, gerado da virgem Maria... um só mesmo Cristo, filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar)...
"Um só mesmo Cristo, Senhor, Unigênito, que deve confessar em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis; a distinção de natureza de moa algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, correndo para formar uma só pessoa e substancia (Hipótasis); não divido ou separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo filho unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo, Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Cristo nos ensinou e o credo dos pais nos transmitiu".
III – AS NATUREZAS DE JESUS CRISTO
O problema maior da cristologia se espelha nesta questão: Como se relaciona à divindade de Cristo com as humanidades? Como pode aquele que e verdadeiro Deus ser também verdadeiro homem ao mesmo tempo? Como pode viver sob condições humanas e aparecer em forma humana É sem duvida um grande mistério: "Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória", (I Tm 3:16).
3.1. A Natureza Humana de Jesus Cristo. Jesus Filho do Homem, conforme Ele mesmo se proclamou. É nessa condição que ele se identifica cm toda a raça humana. Para Ele convergem todas as linhas da nossa comum humanidade.
Ele era "o filho do Homem" no sentido de ser o único que realiza tudo o que está incluído na idéia do homem, na qualidade, segundo Adão, a cabeça e representante da raça, a única verdadeira e perfeita flor que já se desabrochou da raiz e do tranco da humanidade. Tomando para si esse titulo. Ele testifica contra pólos opostos de erro acerca de sua pessoa: o pólo ebionita que seria o resultado final do titulo "Filho de Davi" e o pólo gnóstico, que negava a realidade da natureza humana que levava esse nome.
A humanidade de Jesus Cristo é demonstrada da seguinte maneira:
a) Pela sua ascendência humana, (Gl 4:4);
b) Por seu crescimento e desenvolvimentos naturais, (Lc: 2:40, 52);
c) Por sua aparência pessoal, (Jô 4:9);
d) Por possuir natureza humana completa, e inclusive corpo, alma e espírito, (Mt 26:12: 38).
e) Pelas suas limitações humanas, sem pecado, evidentemente. Deste modo ele estava sujeito à fadiga corporal, à necessidade de sono, à fome, à sede, ao sofrimento e a dor física. Tinha capacidade para crescer em conhecimento, e de adquirir conhecimento mediante observação, (Jô 4:6).
3.2. A Natureza Divina de Jesus Cristo.
As dimensões do cristianismo melhor se medem pelas dimensões da pessoa que a fundou e limita seu horizonte. Da realidade de sua divindade dependem todas as demais realidades do cristianismo, e isso por toda a eternidade – Champion.
Ao mesmo tempo em que Jesus era verdadeiramente homem, também era verdadeiro Deus. Disse Napoleão ao Conde de Montholon: "Penso que compreendo um pouco da natureza humana, e digo-te que todos esses heróis da antiguidade foram homens, como eu sou, mas não como Jesus Cristo; Este era mais que homem".
As Escrituras Sagradas afirmam peremptória e categoricamente que:
3.2.1. Cristo é Deus. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus". Outras passagens da Escritura corroboram com a divindade de Jesus Cristo, como seja: (Jô 10:30, 33, 38; 14:9; 11:20, 28; II Cor 9:5; e correlatas).
Muitas afirmações feitas no Antigo Testamento a respeito de Jeová são interpretadas e cumpridas no Novo Testamento, referindo-se à pessoa de Jesus Cristo. Veja, por exemplo, os casos seguintes:
VATICINIO
CUMPRIMENTO
Isaias 40:3-4
Lucas 1:68-69, 76.
Êxodo 3:14
João 8:56-58
Jeremias 17:10
Apocalipse 2:23
Isaias 60:19
Lucas 2:32
Isaias 6:10
João 12:37-41
Isaias 8:13-14
I Pedro 2:7-8
Números 21:6, 8
I Corintios 10:9
Salmos 23:1
João 10:11; I Pedro 5:4.
Ezequiel 34:11-12
Mateus 4:10
3.2.2. Cristo é Todo-Poderoso. "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra", (Mt 28:18). Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, e que há de vir, o "Todo-Poderoso", (Ap 1:8).
3.2.3. Cristo é Eterno. "Respondeu-lhe Deus: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, Eu sou", os Evangelhos de João destaca este aspecto da divindade de Cristo nos seguintes textos: (1:18; 6:57; 8:19; 10:30, 38; 14:7, 10, 20; 17:21, 26).
3.2.4. Cristo é Criador. "Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle e sem ele nada do que foi feito se fez... Estava nu mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu", ((Jô 3, 10). Porque nEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele, (Cl 1:16-17). "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro da sua glória, por quem fez também o mundo", (Hb 1:1-6, 8)).
3.3. Atributos da Divindade de Jesus Cristo. Atributos inerentes a Deus Pai relacionam-se harmoniosamente com Jesus Cristo, provando a sua divindade.
Por isso a Bíblia o apresenta como:
O primeiro e o Último, Is 41:4.
O Senhor dos senhores, Ap 17:4.
O Rei dos reis, Is 6:1-5.
Luiz, Mt 16:27.
Pastor, Sl 23:1.
Cabeça da Igreja, Ef 1:22.
Verdadeira Luz, Lc 1:78-79.
Fundamento da Igreja, Is 28:16.
Caminho, Jô 14:6.
A Vida, Jô 11:25.
Perdoador de pecados, Sl 103:3.
Preservador de tudo, Hb 1:3.
Doador do Espírito Santo, Mt 3:11.
Onipresente, Ef 1:20-23.
Onipotente, Ap 1:8.
Onisciente, Jô 21:17.
Santificados, Hb 2:11.
Mestre, Lc 21:15.
Restaurador de si mesmo, Jô 2:19.
Inspirador dos profetas, I Pe 1:17.
Supridor de Ministros à Igreja, Ef 4:11.
Salvador, Jô 3:4-6.
IV – O CARATER DE JESUS CRISTO
O caráter de Jesus Cristo tem recebido a aprovação e a recomendação não apenas de Deus Pai, dos seus anjos e dos seus santos, mas até os demônios tem reconhecido isto. Ao longo de quase dois milênios o seu nome e a sua vida impõe respeito e ternura e tem sido motivo inspirador de milhões de vidas em toda a terra em todo os tempos. Dentre tantos testemunhos quanto ao caráter santo e Cristo, destacamos os seguintes, de três pensadores cristãos:
· "O caráter de Jesus Cristo da tremenda força à nossa crença nEle. Sua vida foi tudo quanto uma vida deve ser quando julgada segundo os padrões mais elevados". – Bispo McDowell.
· "Ainda que algo do caráter de Jesus Cristo se tenha revelado, em uma era e algo mais dEle em outra, a própria eternidade, todavia, não é suficiente para manifestá-lo inteiramente". - Flavel.
· "Seu caráter saiu aprovado através dos ataques maliciosos de dois mil anos, e hoje, perante o mundo apresenta-se impecável em todos os sentidos. Seu nome é sinônimo de Deus sobre a terra". – Bispo Foster.
4.1. A santidade de Jesus Cristo. A santidade de Jesus Cristo, quanto ao seu verdadeiro significado, indica que Ele era isento de toda contaminação, (I Jô 3:3) absoluto e imaculadamente puro, (I Jô 3:3). Ele era absolutamente livre de todos os elementos de impureza. Ele possuía todos os elementos de pureza positiva e perfeita santidade.
A santidade como parte inseparável do caráter divino de Jesus Cristo foi constatada e motivo de apreciação da parte de santos e pecadores. A santidade de Jesus Cristo foi testemunhada pelos espíritos imundos, por Judas Iscariótes, Pilatos, pela esposa de Pilatos, pelo malfeitor moribundo na cruz, pelo centurião romano, por ocasião da crucificação, pelos apóstolos Pedro e João, Ananias de Damasco, poro todo o grupo apostólico, pelo apostolo Paulo, pelo próprio Cristo, e por Deus, o Pai, (Mc 1:23-24).
A santidade de Jesus Cristo é manifestada de forma muito potente, nos seguintes casos no Novo Testamento:
a. Por sua atitude para com o pecado e a justiça, (Hb 1:9).
b. Por suas ações referentes ao pecado e a vontade de Deus, (I Pe 2:22).
c. Pela exigência de santidade da parte dos outros, (Mt 5:48).
d. Pela sua repreensão do pecado dos pecadores, (Mt 16:23).
e. Mediante se sacrifício para salvar os homens do pecado, (I Pe 2:24).
f. Pelo castigo destinado aos impenitentes, (II Ts 1:7-9).
4.2. O Amor de Jesus Cristo. Por "amor de Jesus Cristo" se entende seu desejo e disposição na promoção do bem-estar dos objetos de sua afeição pessoal, e de sua devoção particular. Neste particular, são objetos de amor de Jesus Cristo:
· Deus Pai, (I Jô 14:31).
· A Igreja, (Ef 5:23).
· Os crentes como indivíduos, (Gl 2:20).
· Aqueles que lhe pertencem, (Jô 13:11).
· Seus próprios inimigos, (Lc 23:24).
· Seus próprios familiares, (Jô 19:25-27).
· As crianças, (Mc 10:13-16).
· Os pecadores perdidos, (Rm 5:6-8).
· Os discípulos obedientes, (Jô 14:21).
4.3. A Mansidão de Jesus Cristo. A mansidão de Jesus Cristo é manifestada ao longo do Novo Testamento:
· Na longanimidade e tolerância para os fracos e faltosos, (Mt 12:20).
· Na concessão do perdão e da paz a quem merecia censura e condenação, (Lc 7:38; 48:50).
· No proporcionar cura a quem procurava obtê-la de modo indigno, (Mc 5:33-34).
· No repreender mansamente a incredulidade renitente, (Jô 20:24-25, 29).
· No repreender Judas Iscariótes que traia, (Mt 26:48-50).
· Na compassiva oração a favor de seus algozes, (Lc 23:34).
4.4. a Humildade de Jesus Cristo. A humildade de Jesus Cristo manifestada no Novo Testamento, é demonstrada nos seguintes termos:
· Ao assumir a forma e posição de servo, (Jô 13:4-5).
· Por não buscar a própria gloria, (Jô 8:50).
· Ao evitar a notoriedade e o louvor, (Is 42:2).
· Ao associar-se aos desprezados e rejeitados, (Lc 15:1-2).
· Por sua paciente submissão e silencia em vista de injurias, ultrajes e injustiças, (Ipê 2:23).
V - A OBRA DE JESUS CRISTO
A obra de Jesus Cristo envolvia toda a sua vida e ministério terrenos. Envolve a sua pregação, os seus milagres, a sua morte, ressurreição e glorificação. Abordamos a obra de Jesus Cristo aqui, apenas no que diz respeito à nossa redenção.
5.1. A Morte de Jesus Cristo. A importância da morte de Jesus Cristo demonstrada:
· Pela relação vital que ela tem com a sua Pessoa.
· Por sua conexão vital com a encarnação, (Hb 2:14).
· Pela posição de relevo que lhe é dada nas Escrituras, (Lc 24:27).
· Por ter sido alvo de investigação fervorosa por parte dos santos do Antigo Testamento, (I Pe 1:11).
· Por ser elemento de interesse e pesquisa dos anjos, (I Pe 1:12).
· Como uma das verdades cardiais do Evangelho, (I Cor 15:1: 3-4).
· Como assunto único da conversa por ocasião da sua transfiguração, (Lc 9:30-31).
Sendo uma religião nitidamente redentora, o cristianismo prioriza a morte de Jesus Cristo como tema de sua pregação. Deste modo, o cristianismo assume posição de destaque, elevando-se acima de todas as religiões do mundo.
5.2. A Necessidade da Morte de Jesus Cristo. A morte de Jesus Cristo tornou-se necessária por causa da santidade, do amor, e do propósito de Deus, face ao pecado do homem e ao cumprimento da Escritura, (Hc 1:3).
Jesus Cristo não morreu acidentalmente, nem como mártir, também não morreu meramente para exercer influencia moral sobre os homens, nem para manifestar o desprazer de Deus contra o pecado, nem meramente para expressar o amor de Deus pelos homens. A morte de Jesus Cristo foi o único recurso da economia divina que satisfazia plenamente os requisitos necessários do homem caído.
Positivamente considerada, a morte de Jesus Cristo:
· Foi predeterminada, (At 2:23).
· Foi voluntária – por livre escolha, não por compulsão, (Jô 10:17-18).
· Foi vicária – a favor dos outros, (I Pe 3:18).
· ((Foi sacrifical – como holocausto pelo pecado,)I cor 5:7).
· Foi propiciatória – cobrindo ou tornando favorável, (I Jo 4:10).
· Foi redentora – resgatando por meio de pagamento, (Gl 4:4-5).
· Foi substituta – em lugar de outros, (I Pe 2:24).
Em seu escopo, a morte de Jesus Cristo tem duplo aspecto: o universal e o restrito. Assim sendo, entendemos que a morte de Jesus Cristo foi:
· Pelo mundo inteiro, (I Jô 2:2).
· Por cada individuo da raça humana, (Hb 2:9).
· Pelos pecadores, pelos justos e pelos ímpios, (Rm 5:6-8).
· Pela Igreja e por todos os crentes, (Ef 5:25-27).
O mundo foi incluído no alcance e providencia da morte de Jesus Cristo, e até certo ponto compartilha de seus benefícios. Mas essa provisão sé se torna plenamente eficaz e redentora, no caso daqueles que crêem. Isto é, a morte de Jesus Cristo é universal em seu alcance, mas restrita em sua eficácia, uma vez que só aqueles que aceitam serão salvos.
5.3. Resultados da morte de Jesus Cristo. Dentre os incontáveis resultados da morte de Jesus Cristo, salientam-se os seguintes:
· Uma nova oportunidade de reconciliação do homem com Deus, (Rm 3:25).
· Os homens são atraídos a ele, (Jô 12:32-33).
· A propiciação total dos pecados, (I Jo 1:9).
· A remoção do pecado do mundo, (Jô 1:29).
· A potencial anulação do poder do pecado, (Hb 9:26).
· A redenção da maldição da lei é assegurada, (Gl 3:13).
· Remoção da barreira entre judeus e gentios, (Ef 2:14, 16).
· É anulada a distancia entre o crente e Deus, (Ef 2:13).
· Garantia do perdão do pecado, (Ef 1:7).
· A derrota das potestades e principados, (Cl 2:14-15).
VI – A RESSURREIÇÃO E GLORIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO
A ressurreição física e corporal do Senhor Jesus Cristos é o fundamento inabalável do Evangelho e da nossa fé, de fato, o cristianismo não seria mais que uma religião se Jesus Cristo não tivesse ressuscitado dentre os mortos. Portanto, é a ressurreição de Jesus Cristo, dentre outras coisas, que o faz diferente dos grandes filósofos e fundadores de religião humana. É a ressurreição de Jesus Cristo que faz do cristianismo o elo de comunhão entre o homem e uma pessoa, o próprio Jesus Cristo ressurreto. Portanto, não é sem motivo que o diabo e muitos homens ímpios, tendo tentado destruir o cristianismo, foram impedidos de fazê-lo, pois, em qualquer direção em que se encontrassem, sempre se viam diante de um tumulo vazio, o tumulo que foi morto mais vive para jamais morrer.
6.1. A Realidade da Ressurreição de Jesus Cristo. A realidade da ressurreição de Jesus Cristo se evidencia ao longo da narrativa novitestamentaria. Suas provas se vêem:
a. No sepulcro vazio, (Lc 24:3).
b. Nas aparições do Senhor a Maria Madalena, às mulheres, a Simão Pedro, aos dois discípulos no caminho de Emaús, aos discípulos no Cenáculo, a Tomé, a João e a Pedro, a todo o grupo dos discípulos, (Jô 20>26).
c. Na transformação operada nos discípulos, (Jô 7:3-5).
d. Na mudança do dia de descanso e adoração semanais, (At 20:7).
e. No testemunho positivo de Pedro no dia de Pentecostes, e de Paulo, no Areópago, (At 14:22, 24).
f. No testemunho do próprio Jesus Cristo quando se revelou a João em Patmos, (Ap 1:18).
6.2. Resultado da ressurreição de Jesus Cristo. A ressurreição de Jesus Cristo:
· É o cumprimento da promessa de Deus aos pais, At 13:32-(33).
· Conforma a divindade de Jesus Cristo, colocando-a acima de qualquer dúvida, (Rm 1:4).
· É prova de justificação dos crentes, (Rm 4:23-25).
· Torna possível e imitável o sacerdócio de Jesus Cristo, (Hb 7:22-25).
· Possibilita o crente tornar-se frutífero para Deus, (Rm 7:4).
· É o penhor divino do julgamento futuro, (At 17:31).
6.3. A Glorificação de Jesus Cristo. Na sua carta aos Filipenses, quanto à encarnação, humilhação, e glorificação de Jesus Cristo, escreveu o apostolo Paulo "... Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homem; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homem; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte de cruz. Pelo que Deus também o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus Cristo se dobre todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra; e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai, (Fp 2:2-11)".
Do estudo deste texto do apóstolo Paulo, compreendemos que a glorificação de Jesus Cristo se evidenciou nos seguintes fatos:
a) Deus exaltou dando-lhe a dignidade de soberano.
b) Não apenas a pessoa de Jesus Cristo, mas também o seu próprio nome está acima de todo nome que se possa nomear nos céus e no inferno.
c) O nome de Jesus Cristo impõe reverencia da parte dos anjos, dos homens e dos demônios.
d) No futuro, o nome de Jesus Cristo será declarado em sua plenitude como Rei dos reis, e Senhor de todos e Senhor da glória.
e) A glorificação plena de Jesus Cristo está intimamente associada à própria glória de Deus Pai.
(Não há melhor defesa contra a especulação do que a fé no Senhor tal como Deus no-lo revelou, toda especulação é derrotada pela fé que venço o mundo, pela fé que ouviu as promessas: "Tende bom ânimo, eu venci o mundo", Jô 16:33). Cristo é o Senhor vivo que domina todos os tempos. Em 1743, alguém glosando, o mencionado final de João, escrevia: "Oxalá, pelo menos o nosso mundo desse guarida aos livros que descrevem obra do Senhor exaltado". Certamente a exaltação de Jesus Cristo está indispensavelmente ligada a tudo o quanto ele fez na terra e que João descreve com admiração; mas, de fato merece ponderação especialíssima a realidade de que este Senhor é o Senhor da Igreja, o Cristo exaltado, que está a fazer uma obra indescritível e continuado em seu reino, e cuja proteção nunca cessa. A viva fé da comunidade tampouco cessará, mas sempre ecoará a antiga proclamação cristologica: VERDADEIRO DEUS E VERDADEIRO HOMEM, baseada no testemunho dos profetas e apóstolos. Perfeito resumo desta fé são as palavras lapidares de (Hb 13:8): Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. Esta inalterabilidade do Ser de Jesus Cristo vence qualquer especulação. Aquele que sabe quem ele é conhece sua obra e repousa confiado: Estas coisas vos têm dito para que tenhais paz em mim.