Crise Financeira de 2008

Por Paula Mariana Ferreira do Amaral | 28/07/2016 | Economia

A CRISE DA ECONOMIA INTERNACIONAL E SUAS REPERCUSSÕES NO BRASIL 

Paula Mariana Ferreira do Amaral 

Palavras-chaves: Crise financeira. Repercussão no Brasil. Crédito. Exportação. Perspectivas. 

1 INTRODUÇÃO 

O presente artigo busca demonstrar que o medo financeiro da crise de 2008 foi tão disseminado quanto à crise de 1929 e a Grande Depressão de 1930, e suas consequências econômicas também foram severas quanto àquelas que seguiram ao crash de Wall Street. No entanto, a repercussão sobre a economia brasileira, ainda que significante, foi relativamente restringida, se comparada com o que ocorreu em várias outras, tanto do ponto de vista da duração da recessão quanto de seu impacto sobre a produção, o sistema financeiro e o mercado de trabalho. (MESQUITA; TORÓS, 2010).

A crise internacional atingiu a economia brasileira em um momento de auge, quando completava uma sequência de seis trimestres de crescimento em aceleração. Nesse contexto, no qual as empresas produzem mais e planejam novos investimentos, o crédito bancário é essencial tanto para o giro como para a expansão da produção. Na reversão das expectativas, os bancos reagiram com excesso de prudência e retraíram fortemente o crédito, levando as empresas a rever os planos de produção e de investimento. O resultado foi a rápida desaceleração da atividade econômica no último trimestre do ano. (FREITAS, 2009, p. 132). 

Segundo Gontijo e Oliveira (2011), passado um longo período de forte crescimento de toda economia mundial, entre os anos de 2003 e 2007, acumulavam-se fortes tensões, prognosticando períodos agitados, como já mostravam os indicadores das economias desenvolvidas, devido aos crescentes desequilíbrios orçamentários e externos dos EUA, aos efeitos ainda iniciais da crise do crédito sub prime, à forte elevação do preço das commodities, petróleo principalmente, e a oscilação inflacionária registrada nos países da Europa, obrigando-os a aumentar as taxas de juros. A economia então se viu mergulhada em uma recessão, com o sistema financeiro fraco e derrubado, os canais de crédito obstruídos e o total desestímulo a investimentos, produção e consumo.

Essa desaceleração foi liderada pelo G-7 (países mais ricos e influentes do mundo: Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Japão, Itália e França) por consequência desses impactos negativos da crise dos EUA que gerou uma intensa inflação, inflação essa que limitava o espaço para uma política monetária dar suporte à fase contracionista do ciclo no curto prazo. Além disso, os países emergentes não ficaram inumes, houve queda substancial em suas exportações líquidas para os países desenvolvidos, tensões geopolíticas e preocupação no combate ao aumento dos preços, mas, mesmo com fatores inversos à economia, a crise expandiu a demanda doméstica ocasionando um crescimento significativo no período. (AZEVEDO; GONÇALVES, 2008).

O Brasil adotou algumas medidas anticíclicas com o objetivo final de evitar que o efeito da turbulência da crise afetasse a economia nacional durante os anos de 2008 e 2009. Foram adotadas medidas na área fiscal, monetária e cambial, Mesquita (2008) cita algumas: programa de redução da exposição cambial do setor público como a eliminação da dívida cambial doméstica pública, a redução da dívida externa pública e a aquisição de reservas, bem como ampliação do valor dedutível de recolhimento compulsório, alteração do regime de compulsórios visando estimular compra de carteiras de crédito, autorização formal para que o Banco Central pudesse fazer operações de redesconto com garantias reais e alteração do regime de compulsórios para depósitos a prazo.

Com isso, o Brasil rapidamente ficou livre da desordem e, no ano de 2010, o PIB nacional avançou 7,6% (a maior taxa de expansão dos últimos 18 anos). Porém, o país descuidou da inflação, não soube reverter às medidas anticíclicas na hora certa, abusou irresponsavelmente dos gastos públicos, a corrupção invadiu o cenário político, e com isso, após cinco anos, a inflação está quase na casa de dois dígitos, a economia está em recessão técnica, o desemprego aumentou e o déficit público cresceu. 

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