Cortina de fumaça chamada João Santana
Por SERGIO CARDOSO JUNIOR | 24/02/2016 | PolíticaÉ de conhecimento geral que o marqueteiro das principais campanhas do PT, João Santana foi preso hoje no Paraná. Sobre ele e sua mulher, Mônica Moura, pesam as acusações de que receberam U$ 7,5 milhões no exterior de Offshoes ligadas à empreiteira Odebhecht e, também, de Zwi Skornicki, um conhecido lobista do ramo petrolífero. João Santana e sua mulher, voltaram da República Dominicana, onde o marqueteiro estava a trabalho.
O Juiz Sergio Moro, a Policia Federal e o MPF sabiam que Santana e sua mulher se encontravam fora do país, qual o intuito de se decretar a prisão provisória de ambos? O casal havia se colocado à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos e dar depoimento. Aliada a isso, acrescenta-se a enorme combustão midiática sobre a prisão. Não faço deste texto uma defesa a Santana, porém mais uma vez a inversão do ônus da prova prevalece na Lava-jato. Santana deve provar que é inocente, mesmo já condenado previamente pela mídia, caberá a ele provar que não é culpado, sendo preso, mesmo antes do julgamento. Contudo, nada novo sob o sol da balança, é notório que o Juiz Sergio Moro vem fazendo uso arbitrário da prisão provisória, atropelando direitos e garantias fundamentais como a ampla defesa e o contraditório, além de sufocar a presunção de inocência.
Enquanto isso, Eduardo Cunha, misteriosamente some das mídias e principais veículos de comunicação, não é justo ele que possui diversas contas não declaradas no exterior, como ainda pode ser presidente da câmara dos deputados? Alguém lembra do cara chato na cobrança de propina e levava sempre 1\3? Além do mais, as empreiteiras investigadas na Lava Jato doaram milhões para a campanha presidencial do PT, da mesma forma que doarão milhões para a campanha presidencial do PSDB, sem mencionar a outros diversos partidos e candidatos do todo o Brasil. Dito isso, por que somente as doações para uma campanha é suja, ou seja, fruto de investigação, e as doações para as demais grandes campanhas seriam limpos e não investigados, uma vez que os doadores são os mesmos?
Não obstante, não condeno a investigação em si, muito pelo contrário, tem que se investigar, ruim é não investigar a todos. A Cortina de fumaça gerada com a prisão do marqueteiro responsável pelas campanhas petistas, isola e blinda, mais uma vez, as graves denúncias feitas contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não bastasse a escancarada compra de votos na emenda constitucional que possibilitou a reeleição presidencial, o escândalo das privatizações, a passada de chapéu para a criação de seu instituto, recaiu sobre FHC o depoimento de Miriam Dutra, sua ex-amante, na qual afirma que a Globo a pagava mesmo sem trabalhar na Europa e que por ter feito esse favor ao ex-presidente recebeu benefícios do BNDES, como também é muito suspeito o contrato dela com a Brasif, que administrava lojas de conveniências em aeroportos brasileiros, e que, segundo Miriam, pagou-lhe 3 mil dólares por mês durante quatro anos sem que trabalhasse. Cabe ressaltar, que a Brasif passou a administrar tais lojas durante o mandato de FHC. De fato é uma questão de absoluto interesse público, com tantos indícios para investigar, não fazê-lo seria golpear a democracia, porque dois campos políticos antagônicos passam, dessa forma, a ser tratados de forma desigual pela justiça.