Corrupção no Brasil - Opiniões sobre o mesmo enfoque
Por Geraldo Gerraro Goulart | 01/12/2015 | PolíticaCorrupção no Brasil – Opiniões sobre o mesmo enfoque.
Lendo o texto de Michael Sandel e outros dois textos sobre a corrupção no Brasil, compreendi que a maioria de nós brasileiros se preocupa e muito com esta questão. E que apesar de os “responsáveis” pela solução deste mal não ouvir-nos ou ler-nos, continuaremos escrevendo, sempre que possível, sobre esta doença crônica que já contaminou todo o cenário político nacional e “apodreceu” os seus membros.
Os três textos abordam a situação sob três diferentes óticas. O primeiro texto é escrito a partir da visão do renomado filosofo, escritor e palestrante americano Michael Sandel. O segundo texto, apesar de mencionar o sociólogo brasileiro Francisco de Oliveira, não deixa claro se o texto é baseado em opiniões dele. Me parece que não, a mim parece que este texto usa como introdução uma citação de determinada situação vivida pelo sociólogo, mas que na verdade o texto pertence a outro escritor. O autor do mesmo é, provavelmente, um jornalista político ou um crítico político devido as pontuações acuradas feitas a respeito dos partidos políticos PT e PSDB.
Já o terceiro texto possui características de um texto escrito por alguém que transita na área econômica, escrito provavelmente por uma pessoa politizada e que milita na área fiscal. Isto porque o texto traz “um quê” de “desabafo” pela falta de estrutura fiscalizadora e consciência fiscal do Estado Nacional.
Os três textos são construídos a partir de ideias distintas, porem bem fundamentadas por cada autor, as opiniões dos mesmos são embasadas, ao que parece, em suas experiências e conhecimentos políticos, profissionais e econômicos. São os textos balizados por informações confiáveis e confirmáveis, tanto pela inferência de veracidade dos fatos expostos através dos argumentos, quanto pela exposição do tema veiculado em larga escala pela mídia em geral e ainda, pela sua coerência com a presente realidade política e econômica vivida atualmente pela sociedade brasileira.
Inferimos, através da leitura dos três textos e em síntese, que eles nos mostram de forma clara e objetiva, que a corrupção brasileira não é algo novo, pelo contrário, já é uma “velha caduca”, a corrupção brasileira clama em alguns níveis por uma validação que a consagre como finalidade que justifique o meio. Em geral e parafraseando um dos textos, os corruptos são denunciados após o roubo de bilhões e por pessoas que aparentemente se mostram contra eles, mas a denúncia parece ser feita mais por que não foram bem remuneradas para manter a “boca fechada” e menos por serem contra a corrupção.
Em larga escala a corrupção “mina” as estruturas morais da sociedade, mas não isenta esta mesma sociedade de buscar alternativas, meios e estruturas que minimizem ou mesmo que acabem com o sistema político e econômico fraudulento e corrupto que a “destrói” moral e eticamente através das constantes ações corruptas praticadas, como é o caso no Brasil.
Segundo os textos, com hábitos simples e honestos alguns indivíduos, se quiserem, podem começar a construir uma consciência moral e ética suficiente para “contaminar” outros indivíduos até que toda a sociedade esteja habilitada a expurgar de seu meio aqueles que preferem usar o dinheiro público para si mesmos. Investindo o dinheiro público em benefício próprio e não para o bem coletivo.
Ainda de acordo com os textos, quando se trata do assunto corrupção, no Brasil, é costume político pensar que a corrupção praticada no passado não foi tão ruim quanto a praticada no presente, porque a corrupção anterior causou “menor prejuízo” e não pode ser “ligada” a corrupção atual pelo fato de valores, agentes, circunstâncias e motivações serem diferentes.
Um dos textos faz entender que a corrupção atual é a mesma corrupção de sempre só mudou o tempo cronológico, os agentes do fato são outros e os valores roubados a cada dia são maiores, mas é a mesma corrupção. Ou seja, roubou-se no passado, rouba-se no presente e possivelmente roubarão no futuro. Troca-se os partidos e os responsáveis do poder mas a política continua “podre” e infiel aos anseios do povo, a política continua corrupta e legislando em beneficio próprio.
E por última análise é inferido ainda dos textos a ideia de que a roubalheira acontece por ser o Brasil um pais muito mal fiscalizado. O fato da base de sua colonização ter sido feita por pessoas exiladas de Portugal e consideradas párias e criminosas por aquele pais não justifica a ideia de uma “corrupção hereditária”. Ao tratar o tema corrupção não se pode pensar e muito menos aceitar a ideia de que a corrupção no Brasil é uma questão de “DNA”.
O entendimento sobre a corrupção é que ela é oriunda da falta de moral e caráter de indivíduos, aliada, orquestrada e alimentada pela falta de fiscalização sistemática, rigorosa e de punição severa por parte de setores responsáveis por auditar. Pensa-se que a corrupção é consequência de uma falta de moral crônica e abrangente que atinge todos os níveis sociais.
Já que outros países com históricos de colonização piores que o Brasil são hoje menos corruptos que ele, admite-se que uma das condições que favorecem e até mesmo colaboram com a roubalheira é sem dúvida nenhuma o número insuficiente de auditores para fiscalizar as contas de empresas e bancos públicos e privados. Por aqui não há “interesse” público na formação de novos auditores. Em países que combatem ferozmente a corrupção o papel do auditor é tão importante que há números suficientes deles fiscalizando bancos e empresas e há também incentivos para que se formem outros com a responsabilidade de “prever” a corrupção, impedindo que ela comece. Fazendo uma intervenção preventiva na “fonte” para evitar uma intervenção “cirúrgica” quando ela se tornar uma “doença, um câncer” social, político e econômico.
Entretanto, minha opinião é que no Brasil, mesmo com todo o empenho que se percebe no combate a corrupção por parte de setores do governo e da sociedade, levará muito tempo para que punições efetivas dos corruptos aconteça de fato. Outro tanto de tempo se gastará para remontar o equilíbrio financeiro e orçamentário que foi e está sendo destruído por corrupções gigantescas. Há ainda focos de desvio de dinheiro público e privado a medida que se caminha no “enxugamento” e no ajuste das investigações feitas.
No Brasil as fiscalizações sobre corrupção ainda são tímidas por mexer em áreas políticas “protegidas” por caciques e mandatários políticos vitalícios que a todo custo tentam confundir a atenção de fiscais, mídia e sociedade. Dificultando a repatriação do dinheiro que foi roubado para os cofres de origem e a prisão de réus. A dificuldade se torna mais “real” se formos “calcular” e pensar sobre os bilhões de reais desviados e que até agora ainda estão no ralo e em outros “milhares de reais” ainda não “descobertos” e ainda se formos pensar na quantidade de indivíduos envolvidos no esquema corrupto que ainda estão livres e em outros que serão “descobertos”.
Contudo, quanto mais rápido repatriar o dinheiro roubado para os cofres do tesouro nacional, aplicar penalidades aos infratores, exonerando quem quer que seja de seus cargos públicos e privados, mais rápido será a reconstrução da moralidade, da ética e da confiabilidade no pais e naqueles que o governam.
Portanto, o tema tratado é muito bem acolhido na medida que provoca debates, discussões e mudanças de comportamento na sociedade como um todo. É mais que urgente e necessário reescrever a conduta moral, ética, política e econômica desse pais. Sendo o melhor caminho, o caminho do diálogo, diálogo que nasça de uma sociedade que se sente roubada em seus direitos e enganada em seus ideais e anseios de justiça, honestidade e lisura. Engano este praticado as claras, pela maioria da classe política e por parte da maioria dos governantes que detém o controle do dinheiro público e das escolhas que determinam o seu uso.
Geraldo Goulart.