COROA DE PRATA

Por GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA | 19/01/2011 | Poesias

COROA DE PRATA
Nazaré, 05-10-1968

Olho para o céu,
As nuvens passam malvadas,
Jogando a lua ao leu,
A lua das namoradas.

Vejo-a crivadas pelas folhagens,
Folhagem da maldade.
As nuvens não deixam estiagem
E mal distingo sua claridade.

Agora a nuvem foi boa,
Boa e muito sensata.
Agora vejo a coroa.
Denomino-a coroa de prata.

Agora a vejo mais clara
Como um tiro certeiro.
Com sua luz ainda rara
No galho do tamarineiro.

Agora está mais bela.
Conta-me a tua proeza.
Fico horas de sentinela
Olhando a tua beleza.

As nuvens vem chegando,
Vem chegando com certeza.
A lua é quem vai ganhando,
São obras da natureza.

Agora ela confia em mim.
Está solta no espaço.
Ela se apaga e vai dormir,

Acorda e acende como eu faço.

Lua, tu és selvagem.
Por quem tu foste nascida?
Aparece de entre a ramagem,
Ramagem por ti colorida.

Nuvens, por caridade
Não cubras a minha lua,
Pois ela é o símbolo da bondade.
Agora pertences à palmeira,
Sua luz é mais gostosa.
Da terra só te pertence uma beira
Porque tu és muito vagarosa.

Agora não pertences a nada,
És só como uma pobre de rua.
Caminhas sempre parada
Com o complexo de estar nua.

Logo que te cantei,
Diga-me. Quem você ama?
Penso que a desnudei,
Sonhei que te levava pra cama.

Lua, tu serás minha amante.
Teu amante, quem será?
Por isso sempre grito: Avante!
Um dia tu há de me amar.