Copa de 2014
Por José Pinheiro | 04/01/2010 | EconomiaHá muito tempo que o esporte deixou de ser uma atividade meramente lúdica, recreativa, para tornar-se um importante setor da economia, gerador de emprego e riqueza, e a Copa de Futebol de 2014, que terá o Brasil como sede, certamente será uma oportunidade ímpar para que nosso país, bem como o Estado do Ceará, adquiram um capital fixo permanente, gerador de externalidades positivas, que, somadas ao bom momento por que passa nosso país, colocarão o Brasil num elevado patamar de crescimento e bem – estar coletivo. Algumas capitais nordestinas (Fortaleza, inclusive) tiveram a sorte de sediar os jogos, e assim terão que investir vultosos recursos na infra-estrutura, como rodovias, saneamento básico, aeroportos etc, mas cujo retorno será sentido por meio da melhoria de vida da população, e cada centavo investido voltará aos cofres públicos através de receitas tributárias multiplicadas pelos benefícios gerados pelos diversos setores da economia que serão incentivados, bem como por outros que serão criados como conseqüência desse evento. Já se foi o tempo em que a vocação do Ceará era o turismo; essa afirmação soava como uma realidade imutável, como se nosso estado estivesse predestinado a ter o turismo como única fonte de renda. Evidentemente o turismo é nossa vocação, mas também a siderurgia, indústria pesada, energia renovável, tecnologia de ponta etc, estão gradativamente ocupando espaço no nosso cenário econômico, e atraem cada vez mais investimentos do empresariado nacional bem como de países dos diversos continentes, que vêem no nosso estado oportunidades de grandes retornos. O Brasil, hoje, tem uma democracia consolidada, e é respeitado na comunidade internacional, não somente por ser nosso Presidente oriundo de uma classe social dita desprivilegiada, e que conseguiu galgar o posto de Chefe da Nação, mas fundamentalmente porque está comprometido em melhorar a vida da maioria e compartilhar os frutos do crescimento econômico com o povo brasileiro, independentemente de raça, cor, etnia, religião ou quaisquer outros fatores que em muitos países são geradores de conflitos sociais e lutas por domínio territorial. Não existe, no nosso território, discriminação contra imigrantes – muito pelo contrário, a maioria é vista como uma força de trabalho que muito contribuiu, e ainda contribui, para o progresso da nossa Nação. Essa estabilidade, bem como essa confiança generalizada reflete-se nos diversos cantos do país, inclusive no Ceará, que ainda é um estado pobre, mas que poderá ter um impulso substancial na sua economia, com o advento da Copa do Mundo. Para que esse evento esportivo traga benefícios ao nosso estado, para que nossa população sinta-se realmente contemplada, há a necessidade imperativa de uma integração incondicional entre União, Estados, Municípios e iniciativa privada por meio de investimentos maciços em infra-estrutura, educação do nosso povo, bem como em medidas capazes de minimizar a criminalidade, e por termos um sistema financeiro desenvolvido e um banco de fomento capitalizado - BNDES, essas metas poderão ser cumpridas, e o que se observa é que existe uma conscientização generalizada por parte dos governos locais no sentido de dar ao mundo um exemplo de organização digno de um país que candidata-se a entrar no seleto grupo dos ricos. A Economia, como ciência, é parte de um ramo específico das Ciências Sociais, e há consenso em relação a essa afirmação, no entanto ela também se utiliza de uma metodologia precisa baseada em dados empíricos, matemáticos e estatísticos, que são capazes de projetar, em um dado sistema econômico, as melhorias oriundas das inter-relações dos diversos componentes inseridos nesse sistema, e quanto mais complexos forem esses elementos, quanto mais interligados eles forem, maiores serão os efeitos positivos sobre o sistema econômico como um todo. A matemática financeira, por exemplo, é capaz de demonstrar a viabilidade de um grande projeto, desde que perfeitamente conectada a dados estatísticos passados e previsões realistas, dentro de um cenário político e economicamente estável; evidentemente quanto mais estável for a economia, quanto mais previsíveis forem os fatos econômicos e políticos, como premissas, maiores serão as probabilidades de acerto, e é notório que o Brasil, e o Estado do Ceará, como parte da Federação, estão passando por momentos de calmaria tanto na política quanto na economia. Quando o economista Leontief, no início do século XX, apresentou ao mundo seu modelo input-output (insumo-produto), sustentado nos princípios da matemática matricial, foi dado um passo importantíssimo para a mensuração do crescimento econômico. Esse modelo econômico é um entrelaçado de fluxos e transferências de insumos e produtos de um setor a outro da economia; cada setor absorve insumos de outros setores, além de produzir bens e serviços que serão utilizados por outros setores para serem processados ou para um consumo final; esse emaranhado de dados é colocado numa matriz, que por sua vez é capaz de mostrar os efeitos quantitativos de cada setor, assim como na economia agregada. Em uma economia complexa, dividida em setores como indústria, comércio, serviços gerais, turismo, agricultura, cultura, esporte, educação etc, quando esses segmentos são estimulados monetariamente por um grande evento, a interdependência entre eles gera um fantástico efeito multiplicador que se reflete automaticamente na oferta de bens e serviços, e como conseqüência na melhoria de vida para os residentes. É correto antever que a Copa do Mundo de 2014 demandará substanciais somas de recursos para inversões na infra-estrutura brasileira, e na cearense, em particular, no entanto esses investimentos farão com que os diversos setores da economia funcionem harmonicamente, e o produto desse compartilhamento inter-setorial será refletido, numericamente e qualitativamente, na oferta de produtos e serviços para a sociedade, beneficiária final desse complexo sistema econômico. Acrescente-se também que incrementos e melhorias na infra-estrutura farão parte dos investimentos fixos, que permanecerão e serão herdados pelas gerações futuras; não serão, portanto, investimentos com retornos para um único período – seus efeitos sociais serão sentidos por um longo período. Seria uma grande utopia afirmar que o Brasil, em virtude da Copa de 2014, passaria automaticamente a fazer parte das economias desenvolvidas, a despeito de já possuir um considerável nível de industrialização, mas o que se observa, internamente, é que cada brasileiro está bem mais confiante e esperançoso de dias melhores; além disso o país é visto, externamente, como porto seguro para inversões de baixo risco para o capital internacional. O Programa de Aceleração do Crescimento, com foco na infra-estrutura, e apesar de impasses burocráticos, está transformando o país num grande canteiro de obras, a desoneração do IPI para vários produtos que antes eram proibitivos para a nova classe média que surge em virtude de políticas sociais de distribuição de renda, a descoberta de grandes campos de petróleo na camada de pré-sal, que se estende de Santa Catarina ao Espírito Santo, a emancipação do país, por parte das agências internacionais de medição de risco, para o Grau de Investimento, a prova que o país deu ao mundo, durante a crise do subprime, de que já não é tão vulnerável às turbulências internacionais, tudo isso e muito mais, somado à grande credibilidade do Governo Brasileiro por todos os continentes, serão certamente grandes indicadores de que esse evento esportivo será um sucesso, e melhor ainda, será uma formidável oportunidade para que todos os setores da economia nacional interajam entre si, e o produto final dessa integração será mais bem – estar para toda a sociedade, em forma de incremento na renda e geração de postos de trabalho. O Estado do Ceará deve desde já preparar-se para essa grande onda desenvolvimentista que se vislumbra no horizonte, investindo na infra-estrutura, educação da nossa juventude, cultura, etc, sempre tendo em mente que o retorno certamente virá, e aí então, nosso estado herdará os pilares para uma economia sustentada.